Fonte:
Agencia O Globo. Data: 23/08/2012.
Autor:
Gustavo Goulart.
URL: http://br.noticias.yahoo.com/funcion%C3%A1rios-biblioteca-nacional-pedem-obras-urgentes-090000011.html
Ela abriga relíquias como partituras originais das óperas de Carlos Gomes,
manuscritos sobre a administração colonial no Brasil e a primeira edição de
"Os Lusíadas", de Luís de Camões, de 1572, entre outros importantes
registros históricos e artísticos. Mas foi por causa de sua arquitetura
eclética, baseada em projetos franceses de meados do século XIX, que em 1973 a
Biblioteca Nacional foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN). Apesar disso, a burocracia estatal tem impedido a
realização de reformas emergenciais. Na quarta-feira, servidores da biblioteca
fizeram uma manifestação nas escadarias da instituição, no Centro, para cobrar
obras urgentes para os males que afligem o prédio: goteiras, paredes rachadas,
periódicos destruídos por uma inundação em maio, ratos e baratas. Ainda segundo
os manifestantes, com o ar-condicionado desligado há cerca de três meses, o
calor ultrapassa os 40 graus.
Última grande reforma nos anos 80
Em outubro, o prédio vai completar 112 anos. A direção da Fundação
Biblioteca Nacional diz que não tem poupado esforços para arrumar a casa,
embora a última grande reforma tenha sido feita na década de 1980. Como
noticiou ontem o jornalista Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO, a FBN firmou
contrato para a troca do sistema de ar-condicionado, desligado desde maio,
quando uma avaria causou a inundação de quatro dos seis andares do armazém de
periódicos e a destruição de boa parte do acervo. Vários outros projetos estão
em andamento, de acordo com a assessoria de comunicação da instituição. Além
disso, no início deste mês, foi concluída a instalação de um sistema de
detecção de alarme de incêndio.
Na quarta-feira, cerca de 50 manifestantes levaram um bolo com muitas
velas para a escadaria da biblioteca, na Avenida Rio Branco, para celebrar, de
forma irônica - conforme o texto lido pelos funcionários no local -, o
"aniversário das baratas que infestam todo o prédio, com destaque para seu
'berçário', no quinto andar; das pragas que gostam muito de papel; brocas,
traças e cupins, que ameaçam permanentemente o acervo; dos ratos do primeiro
andar". Outro problema apontado durante a manifestação é o excesso de peso
exercido sobre a estrutura do prédio.
- Ficamos muito apreensivos após o desabamento dos prédios na Avenida
Treze de Maio (que aconteceu em janeiro deste ano). Ainda mais quando sabemos
que há uma sobrecarga de peso do acervo na Biblioteca Nacional. O prédio foi
construído com capacidade para abrigar 800 mil volumes. Hoje, há mais de nove
milhões de volumes. E a média de recepção é de cem mil por ano. A situação é
resultado de décadas de abandono e deterioração - criticou Lia Jordão,
vice-presidente da Associação dos Servidores da Biblioteca Nacional, que
organizou a manifestação realizada ontem.
Vários tapumes metálicos cercam o prédio da biblioteca. O objetivo é
impedir que pedestres se aproximem demais do imóvel e corram o risco de se
ferir com pedaços de reboco que possam cair.
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