30 de jul. de 2011

Os problemas e os mitos dos livros digitais no Brasil

Fonte: Gizmodo. Data: 28/07/2011.
Autora: Marina Val.
URL: http://www.gizmodo.com.br/conteudo/os-problemas-e-os-mitos-dos-livros-digitais-no-brasil/

Essa semana aconteceu em São Paulo o 2º Congresso Internacional do Livro Digital para falar sobre as transformações do mercado editorial. Nele foram discutidas maneiras para que o acesso aos e-books cresça no Brasil e no mundo e os desafios a serem enfrentados.
Karine Pansa, Presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL) – entidade que promoveu o evento–, ao discutir o tema tentou tirar o peso da mudança dos ombros das editoras e afirmou que as conexões de internet precisam se tornar mais rápidas e eficientes antes que as editoras e consumidores abracem os livros em formato digital. Segundo ela, “Se eu não tenho internet adequada, não consigo fazer com que o consumidor obtenha um livro de maneira fácil e fique satisfeito”.
Internet ruim? Vamos separar as coisas: A banda larga no Brasil tem sérios problemas, porém, não é um fator que faça tanta diferença no download de e-books. Os livros digitais, na maioria das vezes, têm menos do que um MB. São menores do que qualquer Angry Birds ou Talking Tom Cat da vida que você baixou enquanto estava preso em um engarrafamento. Um Megabyte mal chegava a assustar quem queria baixar algo – tipo músicas – na época de internet discada (talvez apenas pelo tamanho dos HDs na época), que dirá agora.
Vamos pegar o exemplo de um livro que é familiar para a maioria dos leitores do Giz: O Guia do Mochileiro das galáxias, o primeiro livro da série homônima de Douglas Adams. Tamanho? 208 páginas, 595KB na sua versão Kindle. Parece algo que mesmo na banda larga mais capenga irá “dificultar o acesso”?
Livros digitais de modo geral são pequenos, bem menores do que uma MP3 ou um app. Não dá para colocar isso como um fator que pese contra os tablets ou e-readers.
O que pesa realmente é o preço dos dispositivos para ler e-books, a falta de editoras brasileiras aderindo aos livros digitais, a pequena oferta de livros em PT-BR – ou a oferta com preços acima dos de papel – e um pouco de preconceito das pessoas acharem que não vão saber usar um tablet ou e-reader sem um manual de 500 páginas (em papel) ou um sobrinho-que-entende-desse-negócio-de-computador sempre ao lado.
Claro, existe ainda o apego aos livros de papel, o cheiro das folhas, o passar de página, os dedos cortados pela celulose, mas isso é apenas um argumento para a coexistência dos dois formatos, não necessariamente contra os e-books, porque esses também têm suas vantagens.

29 de jul. de 2011

Biblioteca cega

Fonte: O Globo. Data: 29/07/2011.
Autor: Ancelmo Góis.
Quarta, por volta de 15h, a deficiente visual Camila Araújo Alves foi impedida de entrar na Biblioteca Nacional, no Rio, por estar com ... seu cão-guia.

Há quase 50 anos a profissão de bibliotecário é regulamentada

Fonte: Conselho Regional de Biblioteconomia, 8ª Região. Data: julho 2011.
Regulamentada em 1962, a profissão de bibliotecário pertence a uma categoria de trabalho que lida com a informação e o conhecimento para benefício de toda a sociedade. "É ainda responsável pela transformação do indivíduo em cidadão e pela transformação das empresas em organizações mais competitivas e sustentáveis", enfatizou Evanda Verri Paulino, presidente do CRB-8, durante o programa "Espaço Documentário", exibido pela TV Justiça, no dia 30 de maio.
Realizado pelo Núcleo de Memória Histórica do Supremo Tribunal Federal, com a coordenação editorial de Pedro Del Picchia, o programa, de cerca de 30 minutos, abordou as diversas funções e papéis do bibliotecário, presentes nas comunidades, bibliotecas, universidades, escolas e organizações.
Além da presidente do CRB-8, também participaram Katharina Berg CRB-8/4980, diretora da América Latina da Associação Internacional de Biblioteconomia Escolar (IASL), Regina Fazioli CRB-8/2491, coordenadora da Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo, Valéria Valls CRB-8/5243, coordenadora da Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Informação da FESPSP, e Yara Rezende CRB-8/2725, gerente de informação da Natura Cosméticos, além de outros profissionais bibliotecários.
Assista ao programa:

Projeto cria bolsa para estudante do Prouni comprar livros

Fonte: Agência Câmara. Data: 25/07/2011.

A Câmara Federal analisa o Projeto de Lei 503/11, do deputado Valadares Filho (PSB-PE), que cria incentivo semestral de R$ 300 para o estudante do Programa Universidade para Todos (Prouni) comprar livros referentes ao seu curso.
O projeto cria o Programa Bolsa Livro Técnico e Científico, que será financiado com recursos do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) e vai beneficiar os estudantes que cumprirem as seguintes exigências:
- ter currículo cadastrado na Plataforma Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq);
- comprovar frequência de, pelo menos, 80% no curso em que estiver matriculado;
- encaminhar ao responsável pelo curso, semestralmente, a resenha de livros técnicos ou científicos da bibliografia recomendada pelo respectivo curso.
Segundo o projeto, o regulamento do programa será elaborado posteriormente pelo Executivo. “Esse tipo de auxílio já é uma prática em programas como o de iniciação científica do CNPq, assim como outros, de instituições de fomento à pesquisa”, declara o deputado.
“Com essa medida, adicionalmente, haverá maior estímulo ao mercado editorial técnico e científico, ampliando o número de exemplares que podem ser impressos e, quiçá, barateando os custos”, acrescenta.
Tramitação - O projeto tramita em conjunto com o PL 6641/09. As propostas tramitam em caráter conclusivo e serão analisadas pelas comissões de Educação e Cultura; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

28 de jul. de 2011

Editoras se unem e levam e-books para bibliotecas universitárias

Fonte: PublishNews. Data: 24/05/2011.
Autora: Maria Fernanda Rodrigues.

Grupo A, GEN, Saraiva e Atlas criam a empresa Minha Biblioteca, que começa a operar em 1º de junho

Em 2010, Objetiva, Record, Sextante, Rocco, Planeta e L&PM fundaram a DLD para converter seus livros para o formato digital e distribuí-los. Ontem, pouco mais de um mês desde que a DLD começou a operar, outras quatro grandes editoras, mas com forte presença no segmento de livros universitários, também se uniram para uma entrada mais agressiva no mercado de livro digital. Só que dessa vez o foco sai das livrarias e vai para as bibliotecas das universidades brasileiras.
Grupo A, GEN, Saraiva e Atlas inauguram o projeto “Minha Biblioteca” em 1º de junho [URL: http://www.minhabiblioteca.com.br/]. Nele, será reunido o catálogo digital das quatro sócias, estimado, hoje, em quatro mil títulos. Funciona assim: com base no interesse da universidade, no número de alunos, na perspectiva de acessos e no potencial de crescimento, a empresa, que também se chama Minha Biblioteca, customiza um catálogo e o vende inteiramente à universidade. Aos alunos dessas instituições é permitido o acesso remoto a todo o conteúdo.
À primeira vista a ideia se parece com a da Pasta do Professor, mas o diretor executivo Richardt Feller, que trocou Curitiba por São Paulo e já está se instalando no escritório da empresa na Avenida Paulista, disse que elas são diferentes. “A Pasta é mais uma contribuição do mercado para evitar a pirataria e legalizar as cópias, mas não tem formato digital. Já o Minha Biblioteca, que também é uma alternativa à pirataria, prevê o ensino de plataforma, com acesso livre de qualquer lugar”. Enquanto no projeto mais antigo é possível comprar o livro fracionado, neste novo só serão vendidos livros inteiros.
 “Nesse momento, nosso objetivo é levar conteúdo digital a um maior número de alunos do Brasil”, disse. Mas este é só o começo, garante. Agora, as empresas estão concentradas em colocar o “Minha Biblioteca” na rua. A partir da publicação nesta segunda-feira, 23, do comunicado da Saraiva, a equipe – são quatro funcionários - está liberada para divulgar o serviço, apresentá-lo nas universidades, fechar negócios...
O site deve entrar no ar ainda hoje – www.minhabiblioteca.com.br
Conheça as editoras envolvidas no projeto
O Grupo A é uma holding formada pelos selos editoriais Artmed, Bookman, Artes Médicas, McGrawHill, Penso e Tekne. Responsável pela publicação de livros científicos, técnicos e profissionais nas áreas de biociências, de ciências humanas e de ciências exatas, sociais e aplicadas, o Grupo possui, entre títulos impressos e e-books, mais de 2 mil títulos em catálogo.
A Editora Atlas, fundada em 1944, conta com mais de 3 mil títulos publicados nas áreas de Contabilidade, Economia, Administração de Empresas, Direito, Ciências Humanas, Métodos Quantitativos e Informática. Suas publicações - livros-textos, livros de referência, dicionários e livros para concursos públicos – visam à melhoria do ensino e da Educação brasileira em sua totalidade.
Formado oficialmente no segundo semestre de 2007, o Grupo Editorial Nacional (GEN) reúne as editoras Guanabara Koogan, Santos, LTC, Forense, Método, Forense Universitária, AC Farmacêutica e EPU. O objetivo do grupo é prover o mais completo conteúdo educacional para as áreas científica, técnica e profissional (CTP). O GEN oferece um catálogo com mais de 2.800 títulos, alguns dos quais publicados também em Espanhol e distribuídos em toda América Latina.
A Editora Saraiva é a maior editora brasileira no segmento de obras jurídicas e uma das mais importantes editoras de livros universitários nas áreas de administração, economia, contabilidade, marketing e negócios, além de editar obras de interesse geral. Hoje, seu catálogo reúne cerca de 3 mil títulos para o público universitário. É também uma das primeiras no ranking de livros didáticos e paradidáticos para ensino fundamental e médio.

Brasil e Uruguai querem pontos de Cultura e bibliotecas bilíngues em áreas de fronteira

Fonte: Agência Brasil. Data: 26/07/2011.
Autora: Amanda Cieglinski.
O Brasil e o Uruguai querem criar bibliotecas bilíngues nas áreas de fronteira e ampliar o número de pontos de Cultura na região. As ações de parceria ente os dois países foram discutidas ontem (25) e hoje (26) por representantes dos ministérios da Cultura dos dois países, reunidos em Montevidéu. A ministra Ana de Hollanda e o ministro da Educação e Cultura uruguaio, Ricardo Ehrlich, definiram um plano de ação para realização de políticas públicas bilaterais em diversas áreas.
Ana de Hollanda conheceu espaços culturais na capital uruguaia, chamados de usinas culturais, que funcionam de forma semelhante ao projeto dos pontos de Cultura e das praças de Esporte e Cultura, previstas na segunda fase do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC 2).
Segundo ela, a ideia é multiplicar os pontos de Cultura e as usinas culturais nas cidades brasileiras e uruguaias localizadas nas regiões de fronteira. “Na área fronteiriça é onde já se dá a comunicação e uma circulação natural das expressões artísticas em todas as áreas”, disse Ana de Hollanda, em entrevista por telefone, à Agência Brasil.
De acordo com a ministra, em todos os países da América Latina cresce a discussão sobre economia criativa e caminhos para a garantia de uma dinâmica mais sustentável do setor. “No Uruguai eles têm o setor de indústria criativa, no ministério temos a economia criativa. Eu estive na Bolívia para um encontro de dirigentes de cultura da América Latina e do Caribe e esse tema foi muito falado”, disse.
O plano de ação conjunto foi ratificado durante o Seminário Diálogo Brasil-Uruguai em Ciência Tecnologia, Inovação e Cultura, encerrado hoje. Ontem, a delegação brasileira também participou da abertura do DocMontevidéu 2011, evento que promove o encontro entre redes de televisão, cineastas e produtores independentes da América Latina. Na área audiovisual, uma das possibilidades de novas parcerias entre os dois países, segundo a ministra, é a produção de animações e games.

Idec lança campanha contra 'AI-5 digital'

Fonte: Rede Brasil Atual. Data: 26/07/2011.
Autor: Raoni Scandiuzzi.

Os críticos do Projeto de Lei 84/99, apelidado de “Lei Azeredo”, ganharam um reforço nesta terça-feira (26). O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) lançou uma campanha, batizada de “Consumidores contra o PL Azeredo”, com o objetivo de recolher o maior número possível de assinaturas contrárias à proposta e apresentá-las logo na volta do recesso parlamentar, em agosto.
Os pontos mais criticados do projeto de autoria do deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que também recebeu o cognome de “AI-5 digital”, envolvem a criação de mecanismos para monitorar as ações de quem navega na internet, com a alegação de que é necessário facilitar a identificação de cibercriminosos. Um desses itens é a sugerida guarda dos "logs" dos usuários – arquivos com dados de endereçamento eletrônico da origem, hora e data da conexão – por até três anos.
Mas não é somente a memorização dos logs que está em jogo. De acordo com o advogado do Idec Guilherme Varella, o projeto, que tramita há mais de 12 anos no Congresso, “é uma preocupação com o direito do consumidor”, pois irá atingir também os usuários em suas práticas comuns e usuais, como passar músicas de um CD para um tocador digital.
O Instituto defende que o assunto seja amplamente debatido com diversos setores da sociedade. Os interessados podem engrossar o coro da campanha por meio do Idec (http://www.idec.org.br/campanhas/facadiferenca.aspx?idc=24). Quando o recolhimento de assinaturas for finalizado, uma petição será entregue diretamente à Câmara dos Deputados.
“O PL Azeredo passa por cima do Código de Defesa do Consumidor. Ele retira um princípio da boa fé objetiva, no qual todos estão se relacionando em boa fé até que se prove o contrário. O que o PL faz é inverter essa lógica e estabelecer o princípio do monitoramento cotidiano na internet, em que todos são suspeitos de cometer algum tipo de crime, desde que se prove o contrário”, explica o advogado.
"O objetivo da campanha é alertar o consumidor que ele será atingido de forma direta em ações comuns do dia a dia, além de pressionar o presidente da Câmara (Marco Maia) para encaminhar o projeto à Comissão de Defesa do Consumidor para análise", acrescenta o advogado. A petição também seguirá para o presidente da comissão, Roberto Santiago (PV-SP).

26 de jul. de 2011

Acervos digitais ampliam acesso sem objeto-fetiche

Fonte: Folha de S. Paulo. Data: 23/07/2011.
No mês passado, a Biblioteca Britânica anunciou uma parceria com o Google para a digitalização de cerca de 40 milhões de páginas de livros, panfletos e periódicos que datam do período da Revolução Francesa (1789). A Biblioteca Digital Européia, que pretendia digitalizar 10 milhões de objetos até o ano passado, já ultrapassou a cifra e disponibiliza o livro em que Isaac Newton (1643-1727) escreveu suas leis fundamentais da física, os cadernos de desenho de Leonardo Da Vinci (1452-1519) ou ainda objetos relacionados à construção do Muro de Berlim. Também está em curso a digitalização do acervo da Universidade Yale (EUA). Até recentemente, apenas pesquisadores de ponta teriam acesso a essas obras - e poderiam vivenciar a magia de ter em mãos o objeto venerado de seus estudos. Hoje, eles estão todos migrando para a internet, o que pode até destruir o fetiche do objeto, mas democratiza o acesso a essas relíquias em nível global.

25 de jul. de 2011

''Nada substitui o poder dos livros''

Roberto Feith fala sobre mercado, iPad e novos leitores
Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 25/07/2011.
Autora: Sonia Racy.
Encontros com o Estadão

Ele sempre quis escrever. Entretanto, os caminhos da vida levaram esse carioca a estudar em Nova York e a fazer carreira na TV Globo como correspondente internacional até chegar à direção da televisão na Europa. De volta ao Rio, Roberto Feith cometeu a "loucura" de comprar o controle de uma pequena editora, a Objetiva. Para desespero da concorrência, deu certo. E seis anos atrás, o Grupo Prisa-Santillana comprou o controle acionário da empresa mantendo o ex-jornalista a frente do negócio no Brasil.
Semana passada, em conversa por telefone, de seu escritório no machadiano bairro do Cosme Velho, no Rio, Feith comemorou mais um feito. A Objetiva assinou contrato para editar, a partir do ano que vem nada menos que 27 títulos do poeta e escritor Mário Quintana.
Aqui vão trechos da entrevista:
Editar livros é bom negócio?
Pode ser um bom negócio, mas o mar está turbulento. Tem de ficar atento porque qualquer equívoco custa caro. Uma metáfora que me ocorre é a da dança das cadeiras. A quantidade de editoras é crescente, mas, quando a música parar, as empresas que não estiverem estruturadas vão sobrar.
Por que os livros são tão caros no Brasil?
Olha, recebemos um agente internacional recentemente e ele ficou revoltado com a tarifa do taxi, com os preços dos hotéis e dos restaurantes. Maiores do que em qualquer cidade americana. E o livro não é diferente de outros produtos. Por outro lado, quero deixar claro: levantamentos da Fipe mostram que os preços médios dos livros no Brasil estão caindo. Principalmente por causa da publicação de edições de bolso e da entrada de novas editoras no mercado, que aumentou a concorrência
O mercado editorial brasileiro tem aumentado proporcionalmente à população?
Não, não segue o mesmo ritmo. A curva de evolução do mercado editorial se mantém colada à curva do poder aquisitivo das classes médias e baixas. É o que mostram pesquisas tanto do Sindicato dos Editores quanto da Câmara Brasileira do Livro. O ritmo de subida ou descida é praticamente o mesmo.
Se tivesse condição financeira, o brasileiro leria mais?
A gente fala muito da necessidade de alfabetizar, do contingente de pessoas recém-alfabetizadas como perspectiva de crescimento do mercado. Só que, antes de atingir esse segmento, existe o nicho dos alfabetizados que têm o hábito da leitura, mas que não consomem tantos livros porque os salários não permitem. É um contingente significativo, que tem influenciado o crescimento do mercado nos últimos anos.
As novas tecnologias têm influenciado no hábito da leitura?
Elas são uma maravilha. Eu tenho usado bastante, porque viajo constantemente e preciso ler muitos originais. O Brasil ainda não sentiu o impacto da chegada do livro digital, porque ainda não tivemos a disseminação dos dispositivos digitais. Há muitos iPads, mas eles têm um monte de funções, e a leitura é apenas uma delas. Já os aparelhos que foram desenvolvidos só para leitura, como o Kindle, não estão presentes no País de forma significativa. Quando isso acontecer, o livro digital decolará.
Quanto custa para o consumidor baixar um livro no Kindle? E quanto fica com o editor?
De modo geral, as editoras vão cobrar pela versão digital de 30% a 40% menos do que pela versão em papel. A evolução do mercado digital no Brasil ainda é muito limitada. A editora que lança um título em formato digital tem de investir também em uma versão impressa. Nos EUA, o mercado digital está ameaçando a sobrevivência das livrarias. Aqui, o impacto será mais muito lento.
O livro de papel vai acabar?
Por enquanto não. Temos um universo muito grande de pessoas que só agora está entrando no mercado da cultura. Isso deve garantir mais um período de crescimento das livrarias nacionais.
Como as editoras buscam novos talentos?
Temos "batedores" em Londres, nos EUA e em Paris. Eles buscam títulos que possam atrair leitores, identificam novos autores. No Brasil, o contato com as agências literárias continua sendo importante. Isso faz parte da rotina, mas não é suficiente. A intuição não pode ser desprezada. O faro e a subjetividade podem definir o sucesso ou o fracasso de uma editora.
Você teve uma carreira como jornalista. O que fez com que se voltasse para os livros?
Depois que me formei em História e Economia, queria ser jornalista, pensava em escrever. Aí surgiu um emprego na TV Globo, em Nova York. Viajei o mundo inteiro, conheci a sociedade de diversos cantos do planeta. Nesse tempo todo, o apelo pela palavra escrita permaneceu. Quando surgiu a oportunidade de comprar uma pequena editora, chamada Objetiva, o impulso falou mais alto. Todo mundo dizia, na época, que eu era maluco por trocar a TV por uma mídia ligada ao passado. Mas liberdade é poder fazer o que a gente gosta. Acho que fiz muito bem.
Como você compara o conteúdo dos livros com o conhecimento gerado pela televisão?
No caso da ficção, o livro te permite uma viagem mais profunda e mais completa. Dificilmente o audiovisual ou a internet poderá oferecer o mesmo. Mergulhar plenamente no livro agrega conhecimento. É uma experiência sedutora, insubstituível.
Como você vê a produção intelectual brasileira?
Enquanto no resto do mundo a sociedade se move para proteger e estimular a criação intelectual, aqui tem gente querendo fazer o movimento contrário. As pessoas não trabalham de graça. Ninguém passa anos escrevendo um livro sem remuneração. Se autores brasileiros não forem estimulados, nossos alunos terão de usar cada vez mais publicações criadas no exterior, onde a produção intelectual é resguardada.
Por que iniciativas como a Flip são importante para o País?
A Flip e as Bienais do Livro têm um efeito multiplicador enorme. A valorização dos autores e de seus trabalhos é indiscutível. No caso da Flip, em que se procura trazer para o Brasil autores estrangeiros de qualidade, isso se torna uma forma importante de disseminação da cultura, do talento, do conhecimento.
Como a literatura brasileira é vista lá fora?
Está muito aquém da visibilidade do País como um todo. Eu vivi fora do Brasil nas décadas de 70, 80 e 90. Desde então, venho viajando a trabalho e acho que é indiscutível o crescimento do interesse global pelo Brasil. Mas isso não tem eco na literatura.
O que o Brasil tem de fazer para aproveitar essa oportunidade?
Os editores têm de apresentar as obras de autores brasileiros para seus parceiros internacionais. O governo triplicou a verba para a tradução. Acho muito bom. É uma possibilidade real que se tem para acelerar o processo. Nossa editora produz uma revista literária, a Granta, que nasceu na Inglaterra e agora está fazendo uma versão brasileira. Na edição nacional, que será apresentada no ano que vem, vamos abrir espaço para os jovens talentos brasileiros.

22 de jul. de 2011

O bibliotecário do rei

Fonte: Isto É. Data: 15/07/2011.

URL: http://www.istoe.com.br/reportagens/146717_O+BIBLIOTECARIO+DO+REI

 

Conheça Luís Joaquim dos Santos Marrocos, que trouxe a biblioteca de dom João VI para o Brasil e se tornou um dos primeiros cronistas do Rio de Janeiro

Marcos Diego Nogueira

A história é contada por vitoriosos – certamente pelos seus protagonistas e quase nunca por seus figurantes.

Na vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, quem foi motivo de relatos heróicos foi o futuro rei dom João VI e sua mulher, Carlota Joaquina. Mas outro personagem, um figurante, teve seu papel no rumo dos acontecimentos. Ele se chamava Luís Joaquim dos Santos Marrocos (1781-1838), era um mero bibliotecário, e também veio para o País devido à invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas. Sua missão, contudo, foi mais prosaica: Marrocos ficou encarregado de trazer para o Rio de Janeiro os 60 mil volumes da Biblioteca Real, orgulho da corte e retida no cais de Belém por três anos – na pressa, foram deixados para trás os livros e a prataria. Napoleão levou o que era de metal – deixou os papéis. Marrocos cuidou bem deles. Embora não tenha sido objeto de qualquer retrato, o bibliotecário gostava de escrever cartas e por meio de sua correspondência com a família, que ficou em Lisboa, fica-se conhecendo preciosos detalhes do cotidiano carioca no século XIX, agora recontados no livro “O Guardião dos Livros” (Casa da Palavra), da argentina radicada em Portugal Cristina Norton.

Tema de um capítulo no best-seller “1808”, de Laurentino Gomes, Marrocos não era dado a grandes pensamentos em suas missivas. “O que diferencia suas cartas de outras desse período é que elas são depoimentos simplórios de uma pessoa comum dando informações aos familiares”, afirma Gomes. “Não são relatos diplomáticos sobre os passos dos reis como estamos acostumados.” Foi o autor de “1808” que presenteou Cristina Norton com uma transcrição das 186 cartas, editada em 1936. Elas tratam de assuntos cotidianos como a violência no Rio de Janeiro, a doença de dom João VI ou a compra de um escravo por 98 mil réis. O presente foi bem dado. Cristina diz ter se apaixonado pelas histórias contadas pelo personagem – e foi por isso que escreveu “O Guardião de Livros”. Para não conferir à obra um ar de compêndio escolar ou histórico, ela adicionou à trama um “pouco de sal e pimenta”: “Tudo o que se refere ao que Marrocos viveu é não ficção.Evidentemente, inventei certas coisas, já que não sei se ele as disse exatamente com aquelas palavras”, diz a autora. Ainda assim, passagens reais como a história do escravo comprado por Marrocos dão a impressão de serem fictícios e esse jogo só enriquece a obra.

O escravo, que gostava de vigiar seu senhorio nos cochilos tirados por ele após o almoço, foi adquirido por Marrocos pouco depois da sua chegada ao Brasil. “Um aspecto interessante de sua personalidade é o seu processo de conversão”, diz Gomes. “Sua primeira correspondência trata o Rio com ódio, como um lugar que ele não suportava.” Aos poucos, contudo, foi se adaptando à vida da colônia até contar em uma carta três anos depois: “A aversão a este país é um grande erro de que há muito tempo me considero despido”. À época, o bibliotecário conheceu Anna Maria de São Thiago Souza, uma jovem de 22 anos com quem teve três filhos – e suas cartas exprimem o bom humor dos apaixonados. “Dez anos depois, Marrocos escreveu a última carta à família dizendo que Portugal era um atraso e o Brasil, o futuro”, diz Gomes. Marrocos apoiou a Independência do Brasil em 1822 e foi o escrivão da primeira Constituição brasileira. A despedida da condição de colônia custou aos bolsos de dom Pedro I a fortuna de dois milhões de libras esterlinas, mas um terço desse valor foi destinado à compra da Biblioteca Real, a mesma que havia sido transportada e se encontrava sob os cuidados de Marrocos. Foi esse tesouro bibliográfico que deu origem à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em cujo acervo se encontram raridades como a “Bíblia de Mogúncia”, a primeira a trazer a data, lugar de impressão e nome dos impressores, Fust e Schoeffer, ex-sócios de Gutenberg. Já os originais das cartas escritas pelo bibliotecário estão na Real Biblioteca da Ajuda, em Lisboa. Estranha coincidência: esse era o mesmo local que, no passado, abrigava os livros pelos quais Marrocos nutria tanta dedicação.
Acordo vai permitir preservação do acervo da ABL
Fonte: Instituto Brasileiro de Museus. Data: 14/07/2011.
Autora: Tatiana Brandão.
O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC) e a Academia Brasileira de Letras (ABL) assinaram, nesta quinta-feira (14) acordo de cooperação. O objetivo é promover a preservação, gestão e difusão dos acervos documentais, bibliográficos e artísticos da ABL e de seus acadêmicos.
O acordo foi assinado pelo presidente do Ibram, José do Nascimento Junior, e pelo presidente da ABL, Marcos Vinicios Vilaça, na sede da Academia, no Rio de Janeiro. “Assinar um termo de cooperação com uma Casa como a ABL é uma honra e motivo de orgulho para o Ibram”, disse o presidente do Instituto.
Caberá ao Ibram prestar consultoria aos técnicos da Academia nas ações de gestão, preservação e divulgação de suas coleções, assim como promover, em conjunto com a ABL, planos de trabalho para a identificação de coleções pessoais de interesse para a memória da literatura brasileira. Também será atribuição do Instituto orientar sobre processos legais de proteção a coleções e sobre a criação de museus relacionados à literatura brasileira.
À ABL caberá tornar disponíveis fontes e bases de dados sobre a história da literatura brasileira. Outra atribuição será a de fornecer dados sobre as coleções pessoais que estão sob a guarda da Academia. O acordo permite, ainda, que as duas instituições estabeleçam novos campos de cooperação.
Nascimento destacou que a assessoria a ser prestada pelo Ibram faz parte da missão do instituto de apoiar entidades que produzem suporte à memória do país. Em sua avaliação, a difusão desses acervos aos cidadãos reforça o conceito de direito à memória e ajuda a manter as produções para conhecimento das futuras gerações. “Só preserva quem conhece. Por isso, quanto mais a população conhecer esses acervos, melhor será a preservação para as próximas gerações”, afirmou.
Para o presidente da ABL, o acadêmico Marcos Vilaça, havia grande disposição e interesse da ABL em efetivar a cooperação com o instituto. “Somos, de certa forma, uma casa de memórias muito solidária com a ideia de sistematização de uma cadeia de museus no Brasil”, disse.
Nascimento informou que, de acordo com o Cadastro Nacional de Museus (mantido pelo Ibram), o Brasil possui hoje 73 instituições museológicas que desenvolvem atividades ligadas à memória da literatura brasileira, sendo que 17 delas têm nomes de escritores da Academia Brasileira de Letras.
ABL
Fundada em 20 de julho de 1897, a Academia Brasileira de Letras tem por fim o cultivo da língua e a literatura nacional. É composta por 40 membros efetivos e perpétuos, eleitos em votação secreta, e 20 sócios correspondentes estrangeiros. A Memória da ABL é formada por acervos arquivísticos e museológicos relacionados com a história da Academia e com a vida e a obra dos patronos, membros efetivos e sócios correspondentes.
Seu acervo museológico é formado por obras de arte, mobiliário de época e peças de arte decorativas, assim como objetos de uso pessoal dos acadêmicos. O Arquivo da ABL tem grande variedade de documentos textuais e iconográficos. É composto por correspondências, discursos, originais de obras literárias, fotografias e periódicos.
Complexo da Maré ganha primeira biblioteca infantil em favelas do Rio
Fonte: Portal UOL Educação. Data: 14/07/2011.
Autora: Fabíola Ortiz.
Pela primeira vez uma favela no Rio de Janeiro ganhou uma biblioteca especializada para atender o público mirim. Com um acervo de três mil obras infantis, a biblioteca popular Lima Barreto localizada em Nova Holanda, uma das 16 comunidades do Complexo da Maré, tem agora um espaço dedicado às crianças e vai promover atividades com autores, “contação” de histórias e jogos lúdicos, além de oferecer uma sala multimídia. Ela foi inaugurada nesta quinta-feira (14).
O espaço da biblioteca Lima Barreto já existia para adultos desde 2005, mas foi ampliado e reequipado, e conta hoje com 12 mil obras. Agora a novidade é o acervo infanto-juvenil, um laboratório fotográfico, além de salas de leitura e midiateca.
A coordenadora-geral e uma das fundadoras da Rede de Desenvolvimento da Maré (a organização não-governamental responsável pela biblioteca), Eliana Silva, disse ao UOL Educação que, antes, o espaço da biblioteca era apenas para adultos e jovens de cursos de pré-vestibulares, mas “as crianças começaram a ocupar o espaço e a gente viu a necessidade de construir numa biblioteca mesmo”.
As obras do prédio de dois andares localizado na Rua Sargento Silva Nunes, no coração na Nova Holanda, começaram em outubro de 2010. Foram gastos cerca de R$ 200 mil para equipar as salas e os espaços da biblioteca.
“Falta espaço de bibliotecas públicas de uma maneira geral no Rio de Janeiro. [Elas] Ainda são muito escassas, e nas favelas, é mais escasso ainda”, admitiu Eliana. “O conceito que a gente trabalha é o direito à leitura e acesso aos livros. É um desafio garantir o direito à leitura para todas as crianças, por isso tem que haver políticas públicas”, disse.
‘A literatura permite conhecer um mundo novo’
A agente de saúde Amanda da Silva Adriano, de 33 anos, nascida e criada na Maré, disse que desde pequena sempre gostou de ler. Aos 13 anos, ela conta que ia à biblioteca mais perto no centro da cidade para ler. E hoje, mãe de dois filhos, uma adolescente de 14 anos e um menino de sete, Amanda afirma que conseguiu passar para os filhos o amor que tem pela literatura.
“Eu adoro ler. Esse amor eu consegui passar para a minha filha e para meu filho, eles também adoram. A biblioteca é um lugar com calma e paz. Através da leitura, eu aprendi tanta coisa na minha vida e também a direcionar meus filhos. Meu pai não teve alfabetização e a minha mãe chegou só até a segunda série”, contou Amanda ao UOL que se diz fã das obras de Clarice Lispector.
Amanda disse que não apena gosta de ler como também incentiva que seus filhos cultivem este hábito. “A minha visão de mundo mudou e hoje tenho prazer de sentar para ler. Reparei que a leitura ajuda na memória e no aprendizado. A literatura permite conhecer um mundo novo.”
Já a moradora Leni Gomes Barcelos, conhecida como dona Leninha, de 49 anos, pouco teve acesso à leitura e, com a neta Ludmila de quatro meses no colo, olhava com curiosidade para a nova biblioteca
“As crianças precisam de uma biblioteca para não ficar no meio da rua. Se toda comunidade tivesse uma biblioteca para distrair e conhecer. Aqui perto nunca teve uma biblioteca. Para ler um livro de histórias, só comprando”, disse Leninha.
Mãe de dois filhos e avó de três netos ainda pequenos, ela diz que vai incentivar os netos a aprenderem a ler e a escrever.
“Na minha época eu estudei até os 14 anos, até a quinta série  depois tive que parar para trabalhar. Não dava tempo para ler e o livro era caro”, lembrou Leninha que hoje reconhece a importância de estudar. “Sem estudo, ninguém chega a lugar nenhum. Eu dou a maior força para a minha filha que tem 21 anos e está terminando os estudos”.
Falta de bibliotecas
Dentro do complexo, existem 12 escolas municipais com Ensino Fundamental e outras duas estaduais que contemplam o Ensino Médio. Em toda a Maré, existe apenas uma biblioteca municipal na lona cultural Herbert Vianna e outras sete bibliotecas comunitárias de pequeno porte que, geralmente, são iniciativas individuais dos próprios moradores.
Edson explica que a ausência de bibliotecas públicas era uma crítica dos próprios moradores. Só nesta localidade da Nova Holanda, vivem quase 20 mil pessoas, e a Lima Barreto é a única biblioteca. “A gente começou com uma sala pequenininha. A comunidade respondeu tão bem e a demanda aumentou tanto que a gente teve que construir um prédio”.
Depois de 17 anos em sala de aula, Diniz reconhece que ainda é um desafio atrair os estudantes para a biblioteca. “O brasileiro infelizmente não tem hábito de ler. Aqui é mais difícil ainda porque os livros são caros e o acesso aos livros é ainda limitado. Mas quando a gente abre um espaço, a resposta é sempre muito boa. É só ter oportunidade que as pessoas aproveitam”.
O Complexo da Maré reúne 16 favelas onde vive uma população de cerca de 130 mil habitantes. Estima-se que cerca de 70% dos moradores da Maré tenham até 24 anos.
A biblioteca Lima Barreto tornou-se a primeira Biblioteca Pública Comunitária do Estado do Rio de Janeiro e foi incorporada à rede oficial de bibliotecas públicas estaduais. Ela já tem cadastrados seis mil sócios.

Sem leituras obrigatórias, Enem cobra escritores brasileiros

Fonte: Portal Terra Educação. Data: 19/07/2011.
Apesar de não cobrar leitura obrigatória, diferente da maioria dos vestibulares do País, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) exige que o aluno tenha conhecimentos sobre obras de escritores brasileiros, principalmente sobre literatura no período do Modernismo. A maioria das questões referentes à literatura estão na parte de Código de Linguagens e suas Tecnologias, mas algumas também podem aparecer nas Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Uma das características da literatura no Enem é cobrar apenas escritores brasileiros, o que elimina parte dos conteúdos exigidos em outros vestibulares, como é o caso da literatura portuguesa, na figura de Camões. Professor de Português e Literatura do cursinho Anglo, de São Paulo, Eduardo Calbucci salienta que a prova sempre deu ênfase ao período modernista, movimento iniciado na primeira  metade do século 20 e que tem como principal marco a realização da Semana de Arte Moderna.
Ao apontar os autores mais valorizados pelo exame, Calbucci cita Manuel Bandeira, Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto e Carlos Drummond de Andrade, porém ele alerta que não é necessário os estudantes lerem todas as obras e se aprofundarem muito. "O que precisa ter é familiaridade com as características do Modernismo, até porque não adianta conhecer a fundo os livros, pois a prova não vai pedir alguma questão específica", explica.
Segundo o professor, nas questões envolvendo literatura, existem três modelos de perguntas que são mais frequentes no Enem. O primeiro consiste em analisar um poema e compreender o texto literário, para indicar sobre o que está tratando o exemplo. O segundo apresenta o poema de um  autor para que o aluno analise e identifique suas principais características.
O Enem também pede para o aluno relacionar dois textos: o literário e uma crítica feita por um especialista. "Nesse caso, podemos ter um crítico falando sobre como Machado de Assis conversava com o leitor, a partir daí, o aluno terá que identificar, na obra, onde isso está indicado", exemplifica o professor. Para Calbucci, é fundamental rever as provas anteriores para saber como elas são, pois assim a pessoa vai estar preparada para o Enem desse ano, que ocorre nos dias 22 e 23 de outubro. "O exame é caracterizado pela previsibilidade, não ocorrem grandes mudanças nas perguntas de um ano para o outro, assim o estudante já vai para o Enem com alguma noção", afirma.

Compartilhar músicas pela internet, sem fins comerciais, deve ser delito, crime ou um direito na nova lei dos direitos autorais

Autor: Marcelo Branco.
Fonte: O Globo. Data: 20/07/2011; Coluna Opiniao, p. 7.
O debate sobre a reforma do direito autoral se insere num contexto das transformações nas relações sociais e econômicas provocadas pela internet, num choque entre os modelos bem-sucedidos da era industrial com as novas possibilidades e oportunidades deste período que vivemos: a era da informação.
No caso da música, para que chegasse ao grande público, além dos custos de produção e gravação num estúdio, necessariamente deveria passar por um processo industrial fabril. Nessa cadeia produtiva, o intermediário industrial assumiu papel preponderante em relação a toda cadeia produtiva e impôs o modelo aos demais elos da cadeia. A partilha da arrecadação do direito autoral também privilegiou o intermediário industrial, que fica com grande parte da receita em detrimento dos autores, produtores, músicos, técnicos de gravação etc.
Na era da internet, as obras que circulam não são produtos industriais materiais, portanto é inaceitável que justamente o modelo de negócios que evaporou com a internet imponha as regras. Devemos buscar o reequilíbrio do direito levando em conta apenas os interesses dos autores, dos novos atores dessa cadeia produtiva e do público.
Através do avanço da tecnologia, abrem-se novas possibilidades, mais baratas e universais de produzir, distribuir e consumir os conteúdos culturais. Mudaram também os hábitos do público consumidor e isso deve ser valorizado e não combatido. O público não é inimigo dos autores, pelo contrário.
Temos que acabar com a confusão entre “cópia privada” e pirataria. Pirataria é o uso e comercialização de cópias ilegais, para benefício econômico. Não devemos confundir “os limites ao direito do autor, com certas atividades que deveriam ficar à margem da proteção ao direito do autor”. O direito a uma cópia privada sem o intuito de lucro, na verdade, é uma expressão do princípio da liberdade do uso privado.
Quando compartilhamos conteúdos P2P pela internet, não estamos baixando de uma máquina central ou aderindo à pirataria. São conteúdos pessoais, disponibilizados por dispositivos de compartilhamento de arquivos, para uso privado. A única forma de tentar coibir essa nova prática social seria a colocação de filtros na porta de cada usuário, instituindo uma vigilância generalizada e a quebra de privacidade dos cidadãos, inaceitável no Estado de direito democrático. A nova lei dos direitos autorais deve admitir os avanços da internet e descriminalizar as práticas de compartilhamento de arquivo P2P, pois é uma relação privada de pessoa para pessoa, sem fins lucrativos.
É claro que a mudança da lei do direito autoral é uma oportunidade para atualizar e estabelecer um novo equilíbrio entre o direito do autor, a liberdade do uso privado e novas formas de remuneração da cadeia produtiva. A nova lei deve projetar o futuro e não se espelhar num modelo do passado.

* Marcelo Branco é profissional de tecnologia de informação

21 de jul. de 2011

Quase metade das cidades paulistas usa apostila nas escolas municipais

Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 21/07/2011.
Autora: Andrea Vialli.
Dos 644 municípios do Estado de São Paulo, 282 - ou 44% - utiliza sistema apostilado de ensino, de acordo com levantamento feito neste ano pelo Anglo, um dos mais tradicionais métodos do País. Dentre eles estão 115 cidades que abandonaram totalmente os livros didáticos, distribuídos gratuitamente pelo governo federal, e outros que continuam utilizando o material, mas também aderiram às apostilas. É um aumento vertiginoso. Em 1998, não havia sequer um convênio dos sistemas com as prefeituras paulistas. De 2008 para 2011, o número de prefeituras que adotam as apostilas passou de 187 para 282. Para atuar nesse nicho, os sistemas que antes atendiam à rede privada agora desenvolvem material específico para as escolas públicas.

Eleições nos Conselhos de Biblioteconomia

Fonte: Conselho Federal de Biblioteconomia
Data: 20/07/2011.

Em novembro de 2011 ocorrerão as eleições para os Conselhos Regionais de Biblioteconomia em todo o Brasil. A novidade será a forma de realização do pleito via internet, o que permitirá agilidade ao processo e facilitará os procedimentos previstos pela legislação. A modalidade será empregada de forma pioneira e, nesse primeiro momento, somente nos locais onde houver a participação de chapa única a votação poderá ocorrer totalmente em modo eletrônico. Ao passo que quando houver mais de uma chapa concorrente, será mantido o processo tradicional com emprego de cédulas de papel.
Os candidatos eleitos comporão a gestão 2012/2014 nos quatorze conselhos regionais, que têm sob sua responsabilidade manter e ampliar as conquistas alcançadas ao longo da trajetória da Biblioteconomia e da profissão de Bibliotecário no país.
Essa é a oportunidade para os profissionais que desejam colaborar e dedicar seu tempo, ideias e competências em prol da classe de forma voluntária. É importante que os temas de relevância e interesses comuns sejam debatidos e se transformem em ações concretas com resultados para o coletivo.
Em breve, será divulgado o calendário eleitoral. A participação de todos é fundamental!

20 de jul. de 2011

O ativista que exagerou nos downloads

Fonte: Inside Higher Ed. Data: 20/07/2011.

Um júri federal condenou Aaron Swartz – um ativista e inovador tecnológico – pelo roubo de milhões de artigos de revistas por meio da conta assinada pelo Massachusetts Institute of Technology no banco de dados JSTOR.
O veredicto
O veredicto descreveu esforço de Swartz para utilizar uma conta de convidado do MIT para fazer o download dos artigos, mesmo que ele não tivesse o direito legal de fazê-lo. Nesse tempo ele era afiliado à Harvard University, podendo então ler os artigos. Ele pode ter uma pena na prisão por 35 anos e uma multa de até um milhão de dólares.
Swartz tem sido envolvido em inúmeros esforços para tornar a informação disponível com acesso livre à população. Mas a sentença que ele foi penalizado não faz distinção entre os seus objetivos filosóficos daqueles relacionados com roubo. “O roubo é roubo se você usa o comando do seu computador ou se você tira documentos, dados ou dólares. É igualmente prejudicial para a vitima se você vender o que tem roubado ou dá-lo”, disse a Procuradora Federal Carmen M. Ortiz.
Enquanto Swartz não pôde ser contatado para comentar, os seus inúmeros fãs mobilizados dão um suporte online, cobrando que o governo erra ao tratá-lo como um criminoso por violar os termos de prestação de serviços de bases de dados no MIT, bem como os membros da JSTOR. Mais de 15.000 pessoas já assinaram petições em seu nome em poucas horas após a divulgação das acusações enfrentadas por ele.
O blog Demand Progress - um grupo que Swartz anteriormente trabalhou como diretor executivo -- publicou uma nota dizendo que "ele está sendo acusado de supostamente executar downloads de muitos artigos de periódicos acadêmicos da Web O governo alega que o download dos referidos artigos é realmente crime informático e deve ser deve ser punido com pena de prisão.”
David Segal, atualmente diretor executivo do grupo, disse: como tentar colocar alguém na prisão por supostamente ter emprestado muitos livros da biblioteca." Segal também disse que Swartz resolveu as suas disputas com o JSTOR, tornando inapropriada essa ação legal.
O JSTOR é um serviço amplamente utilizado e por meio dele as bibliotecas obtém acesso digital a numerosos periódicos. O JSTOR divulgou um comunicado indicando que não poderia comentar o indiciamento, mas esclarecendo o que sabia sobre o caso:
"No último outono e inverno, o JSTOR experimentou um significativo mal uso de nossa base de dados. Uma parte substancial do conteúdo dos nossos parceiros foi baixada de forma não autorizada utilizando-se a rede no Massachusetts Institute of Technology, uma das nossas instituições participantes. O conteúdo foi “baixado” de forma sistemática usando uma abordagem destinada a evitar a detecção por nossos sistemas de monitoramento”, disse o comunicado. "O conteúdo “baixado” incluiu mais de quatro milhões de artigos, resenhas de livros e outros itens de revistas nossos parceiros acadêmicos e outras publicações, mas não incluem qualquer informação de identificação pessoal sobre os usuários JSTOR."
O JSTOR "parou essa atividade de download, e o indivíduo responsável, Sr. Swartz, foi identificado. Obtivemos do Sr. Swartz a confirmação de que o conteúdo que foi “baixado”, e ele recebeu a confirmação de que esse conteúdo não foi e não poderia ser usado, copiado, transferido ou distribuído".
A nota do JSTOR afirma que era "importante notar que apóia e incentiva o uso legítimo de grandes conjuntos de conteúdos do JSTOR para fins de pesquisa. Nós fornecemos regularmente aos estudiosos o acesso a conteúdos para este fim." No entanto, o comunicado acrescenta: "Mesmo quando trabalhamos para aumentar o acesso, uso e impacto da pesquisa, também devemos ser administradores responsáveis por esse conteúdo informacional. Nós monitoramos o uso para proteção contra o uso não autorizado do material hospedado no banco de dados do JSTOR, que é quando tomamos conhecimento deste incidente em particular.

Comentário:
É sabido que a maioria dos sistemas de bancos de dados e bibliotecas digitais possui instrumentos para coibir a cópia exagerada por parte dos seus consulentes.
Esse tipo de controle, também denominado de gestão de direitos autorais (Digital Rights Management, DRM, em inglês) é essencial notadamente quando o usuário-final possui acesso a esses sistemas por meio de contratos ou autorizações legais que geralmente envolvem pagamentos pelo acesso à informação. A função básica do DRM é monitorar o acesso a conteúdos digitais e, ao mesmo tempo, assegurar e administrar os direitos autorais sobre esses conteúdos pelo ângulo do detentor desses direitos.
Já sob o ponto de vista de inúmeros consumidores, especialmente da Free Software Foundation, o termo DRM deveria ser Digital Restrictions Management (Gestão de restrições digitais)! Optando por uma das acepções, é pacifico que ambas permitem definir parâmetros e controlar conteúdos informacionais digitais com níveis de restrições.
            Assim, os nossos usuários devem ser informados desse detalhes legais e as possíveis implicações decorrentes do uso inadequado (ou ilegal) desses acessos.
Murilo Cunha

URL importantes:
Free Software Foundation: www.fsfla.org/svnwiki/texto/drm-deliberdefect.pt.html

19 de jul. de 2011

Bibliotecas e livrarias poderão adaptar-se para atender deficiente

Fonte: Agencia Câmara. Data: 18/07/2011.
Tramita na Câmara o Projeto de Lei 319/11, do deputado Walter Tosta (PMN-MG), que obriga livrarias e bibliotecas públicas ou privadas a providenciar meios de acesso aos seus acervos para as pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Além disso, esses estabelecimentos deverão dispor de pelo menos um exemplar impresso em braile para cada título do seu acervo. Para as pessoas com deficiência que, por qualquer razão, não puderem realizar a leitura em braile, a biblioteca deverá dispor de arquivo em áudio do título desejado, ou então de funcionário capaz de ler o texto.
Arquivo em áudio
Conforme a proposta, o arquivo em áudio da biblioteca deverá contar com fones de ouvido, para prover acesso efetivo ao livro desejado. Para o caso de retirada do arquivo em áudio para sua execução em local diverso, deverão ser disponibilizados CD ou mídia equivalente compatível com os computadores domésticos.
Os arquivos em áudio deverão ser protegidos contra cópias não permitidas. Em caso de disponibilização de funcionário para a leitura do material desejado, a biblioteca deverá disponibilizar espaço reservado, de modo que a leitura em voz alta não atrapalhe as demais pessoas que utilizam o espaço.
O projeto obriga as bibliotecas também a instalar rampas de acesso, mesas e estações de leitura adaptadas para receber cadeirantes, inclusive com suportes de mesa para livros. Aquelas com mais de um pavimento, e sem condições físicas para as rampas de acesso, deverão dispor de elevadores capazes de prover o deslocamento das pessoas com deficiência ao piso superior.
Sinalização visual
As bibliotecas deverão possuir sinalização visual indicativa da localização dos seus setores internos e externos, de modo que os deficientes auditivos possam ter pleno acesso e orientação.
De acordo com o projeto, todas estas disposições, “no que couber”, aplicam-se também às livrarias.

Walter Tosta afirma que seu objetivo é “proteger o direito social dos seres humanos que necessitam de assistência especial”. Ele explica que o projeto pretende “alcançar um patamar civilizatório mínimo e satisfatório a todos aqueles que buscam a leitura de obras contidas em bibliotecas, públicas ou privadas, ou aquisição de obras literárias em livrarias”.
O deputado lembra que, pela Constituição, a educação é direito social. Portanto, diz ele, o acesso à leitura é dever do Estado e direito de todos. “É sabido que a educação, a informação e o acesso às obras didáticas ou culturais, promovem a ampliação da capacidade técnica e do padrão cultural ostentados pelo nosso povo, de uma forma que promove indistintamente melhorias na qualidade de vida, nos avanços das pesquisas em geral, do ensino, bem como de toda a bagagem intelectual que uma nação é capaz de produzir”.
Tramitação
A proposta foi apensada ao PL 7699/06, do Senado, que institui o Estatuto do Portador de Deficiência e está pronto para a pauta do Plenário.
URL do projeto de lei: http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/ASSISTENCIA-SOCIAL/98189-PROJETO-INSTITUI-ESTATUTO-PARA-PESSOAS-COM-DEFICIENCIA.html

Pedido de apoio ao Projeto de Lei 387/2011

Prezados colegas,

a mensagem abaixo tem como propósito convidá-lo a apoiar o PLS 387/2011, assim como, solicitar a todos que providenciem a sua publicação nos sítios de suas universidades, instituições, ou listas de discussão. Enfim, solicito que dêem a maior divulgação possível.

Segue a mensagem:

Há poucas semanas foi publicado no blog do Kuramoto a tradução da entrevista concedida pelo reitor da Université de Liège  (ULG), prof. Bernard Rentier, na qual ele descreve com muita propriedade e orgulho os resultados de sua iniciativa de implantar o repositório institucional (RI) de acesso livre (ORBi) daquela universidade. Esta iniciativa foi uma das mais bem sucedidas do Open Access, visto que o repositório institucional daquela universidade, após 14 meses do seu lançamento, registrou cerca de 30.000 referências bibliográficas e mais de 20.000 registros em textos completos.  

Hoje, o ORBi é o RI mais ativo, entre seus similares, no mundo (primeiro do ranking de 1418 RIs). Os pesquisadores da ULG estão começando a ver os benefícios de ter aderido à estratégia da via Verde do OA, tanto em termos de aumento de citações  e de prestígio, quanto em termos da emoção de ver alguns de seus artigos mais velhos começarem, como diz Rentier, “a viver uma nova vida”.

No Brasil, o senador Rodrigo Rollemberg apresentou, no início de Julho/2011, o projeto de lei 387/2011, que tem objetivo similar à política adotada pela ULG. A grande diferença é que Rentier empreendeu uma política local de acesso livre, válida apenas para a ULG, enquanto o PLS 387/2011 propõe, nos mesmos moldes, uma política nacional de acesso livre, válida para todas as universidades e instituições de pesquisa públicos brasileiras. ). Nos países ou instituições onde a a política de acesso livre foi adotada, os portais de periódicos científicos não foram desativados, ambas as iniciativas convivem pacificamente. Ambas as iniciativas são complementares.

É importante esclarecer que este PLS não propõe um novo mecanismo de comunicação científica. A idéia é manter a mesma rotina de publicação de artigos, complementando-a com o depósito desses artigos em um RI.

Assim, solicitamos o seu apoio a este PLS, que poderá ser efetivado inserindo sua assinatura nesta petição pública

Antecipadamente agradeço a atenção e eventual providências.

Atenciosamente.
--
Hélio Kuramoto
Doutor em Ciência da Informação
Telephone number: 1 480 343-2493
1522, E Southern Apt 1073
Tempe, AZ 85282
Nota do blog:
A petição pública pode ser assinada no URL: http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N12168
Colabore para que o acesso livre à informação científica tenha sucesso em nosso país.
Murilo Cunha

18 de jul. de 2011

À procura de fundos para comprar o livro mais antigo da Europa

Fonte: Público (Portugal). Data: 16/07/2011.
Autora: Ana Gerschenfeld.
A British Library precisa de 2,75 milhões de libras para conseguir comprar "o livro intacto mais antigo da Europa" - conhecido como Evangelho de São Cuthbert. Por isso, a biblioteca nacional britânica anunciou oficialmente o lançamento de uma campanha de angariação de fundos. O Evangelho de São Cuthbert custa mais de dez milhões de euros. O livro é uma cópia manuscrita, em latim, do Evangelho de São João, data de finais do século VII e teve uma história atribulada. Foi enterrado em Lindisfarne, por volta do ano 698, juntamente com o corpo de São Cuthbert. Em 875, quando os vikings invadiram Lindisfarne, o caixão e o seu conteúdo foram levados por um grupo de monges em fuga. Após sete anos de andanças, os monges enterraram o santo naquilo que viria a ser a catedral de Durham. O livro, que foi descoberto em 1104 quando o caixão de São Cuthbert foi reaberto, foi depois colocado numa capela atrás do altar da catedral

Eco reescreve O nome da rosa

Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 16/07/2011.
Umberto Eco vai reescrever O nome da rosa. Segundo informou o jornal italiano La Reppublica, o escritor quer tornar o romance que lhe alçou à fama mundial "mais acessível aos novos leitores". A Bompiani, editora dos livros de Eco, que publicou originalmente o romance em 1980, anunciou que a data de relançamento será dia 5 de outubro.