31 de jan. de 2011

15 milhões estudam em escolas sem biblioteca no país

Fonte: O Globo. Data: 29/01/2011.
Autor: Por Demétrio Weber.
Na volta às aulas, milhões de alunos de todo o país vão estudar este ano em escolas onde não há laboratório de ciências, biblioteca, laboratório de informática ou quadra de esportes. O Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC) mostra que, no ano passado, a inexistência de bibliotecas era realidade para 15 milhões (39%), enquanto 9,5 milhões (24%). Os dados foram divulgados pelo MEC em dezembro e consideram tanto a rede pública quanto a privada. Falando em nome do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a secretária de Mato Grosso, Rosa Neide Sandes de Almeida, diz que as deficiências na infraestrutura prejudicam a aprendizagem. “Os alunos possivelmente terão um prejuízo significativo na sua formação. Isso com certeza têm consequências para o nível de escolaridade que a gente oferece à nossa população.”
Comentário:
Infelizmente esta é a triste realidade de milhares de escolas sem bibliotecas! Até quando esses milhões de estudantes estarão privados do acesso à uma enciclopédia ou um romance?
Murilo Cunha

29 de jan. de 2011

Casa-Museu de Saramago em Lanzarote deve abrir as portas a 18 de Março

Autor: Jorge Marmelo.
Fonte: Público, Lisboa. Data: 28/1/2011.
A viúva de José Saramago, Pilar del Río, adiantou hoje, num chat com leitores do jornal espanhol El País, que a casa-museu do escritor na ilha de Lanzarote deverá ser aberta ao público no dia 18 de Março, exactamente nove meses após a morte do prémio Nobel da Literatura naquela que foi a sua última residência.
Questionada sobre a continuidade da obra de Saramago em Espanha, Pilar afirmou a “firme vontade” de abrir a casa do escritor ao público naquela data, “para quem quiser entrar e respirar o ar de Saramago”. A conversa, refira-se, assinalou a estreia em Espanha, esta semana, do documentário “José e Pilar”, de Miguel Gonçalves Mendes.
Numa entrevista concedida ao PÚBLICO em Novembro do ano passado, a viúva do escritor tinha já antecipado alguns pormenores sobre o funcionamento da casa-museu. Estará acessível não só a biblioteca que o escritor ali reuniu, mas também o escritório onde Saramago escreveu “Ensaio sobre a Cegueira”. “Durante várias horas, [a casa] estará aberta ao público e vai cheirar a café, porque vamos dar café português a todas as visitas. Passarão também pela cozinha, que é aberta, sairão pelo jardim. Irão à biblioteca e à sala de reuniões onde verão fotografias de Saramago em Lanzarote ou dele com escritores. A partir das três da tarde acabam as visitas e a casa continuará a ser vivida pelas pessoas que a habitam e que lá estão”, explicou Pilar del Río ao PÚBLICO.
Um dos momentos mais tocantes da conversa com os leitores do El País aconteceu quando Pilar foi confrontada com uma afirmação de Saramago no documentário, na qual ele diz que o céu não existe. “Onde está Saramago agora?”, perguntou o leitor. Pilar respondeu que o escritor está nos livros que escreveu. “Ele dizia que cuidássemos de cada livro que abríssemos porque, lá dentro, havia uma pessoa”, disse. Saramago, acrescentou, “está na música que ouviu, nos quadros que viu, nos livros que acariciou e, perdoem-me, está também no meu corpo”.
Questionada por um não leitor de Saramago que lhe pediu um motivo para passar a lê-lo, Pilar afirmou que aqueles que lêem os livros do escritor português se sentem “mais espertos, mais altos, mais bonitos e melhores”. “Sentir-se-á respeitado como leitor, uma vez que terá que empenhar muito de si para compreender [o que lê] e tomará consciência de que é mais sábio do que pensava”, respondeu a viúva.

A tarde em que descobri a televisão

Autor: Ignácio de Loyola Brandão.
Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 28/1/2011.
URL: http://www.estadao.com.br/noticia_imp.php?req=not_imp672043,0.php

Quando entrei na Biblioteca Mário de Andrade, na terça-feira, dia 25, agora reformada pelo Carlos Augusto Calil (São Paulo merecia a restauração), reencontrei um pedaço de mim aos 18 anos. Lá em Araraquara, em 1954, o sonho de minha geração era vir a São Paulo, que festejava seu 4.º Centenário. O que eu queria conhecer? A Biblioteca, o Hotel Jaraguá, a Livraria Francesa, na Barão, a Cinemateca, o barzinho do Museu, o cine Jussara dos filmes franceses, o Marrocos com sua fonte, o Ibirapuera. Com um apetite voraz, tinha seguido o Festival de Cinema. Tão perto e tão longe. Ousei e escrevi uma carta à organização, recebi cartazes do festival, assinados por Alexandre Wollner e Geraldo Barros. Mal tinha ideia de que eles representavam o modernismo no design brasileiro. Os cartazes foram exibidos na Escola de Belas Artes de minha cidade. A escola quis ficar com eles, finquei pé, eram meus, um orgulho.

Quando fui embora da cidade, dobrei e guardei, não sei onde guardei. Onde estarão? Levei um tempão para voltar à cidade, só queria voltar vitorioso, seja lá o que isso significasse. É que tinha uma frase de Hemingway na cabeça: "A pior coisa para um homem é voltar derrotado para sua própria cidade". Anos mais tarde, ao assistir no Teatro Maria Della Costa a peça Doce Pássaro da Juventude, de Tennessee Williams, fiquei fascinado com o personagem principal, vivido por Mauro Mendonça, então jovem, magro e bonitão e casado com a lindíssima e sensual Rosamaria Murtinho, para inveja de todos. O sonho do personagem era voltar à cidade natal em um Cadillac e com uma estrela de Hollywood ao lado. Quis a mesma coisa e como estrela hesitei entre Eliane Lage, Tônia Carrero e Gilda Nery, todas do cinema, às quais eu misturava Nélia Paula, Margot Morel, Joana D"Arc, Rose Rondelli e Elvira Pagã, do teatro rebolado. Sonhos se adaptam às realidades locais.

Em setembro de 1954 vim a São Paulo para os Jogos Intercolegiais. Todas as grandes cidades do interior mandaram estudantes. Ficamos hospedados no Pacaembu, que ainda tinha concha acústica. No dia 7, houve um desfile de gala no estádio, fiquei na arquibancada ao lado de uma turma de Rio Claro. Uma das moças comia um sanduíche de alface e tomate, achei deslumbrante. Nunca tinha visto isso, nem podia saber que estava diante da comida natural que seria moda décadas depois. Sanduíche era pão com queijo, com presunto, mortadela ou salsicha.

Uma tarde, abandonei os jogos e fiz minha primeira incursão sozinho pela cidade desconhecida. Estava com 18 anos e até então sempre viera com meu pai, que ciceroneava os filhos por toda a parte. Jamais vi alguém tão apaixonado por São Paulo, era comovente. Decidido, corri ao primeiro sonho, a biblioteca celebrada por Antonio Candido, Paulo Emilio Salles Gomes, Sérgio Milliet. Entrei tímido, como se fosse catedral. Era. Fiquei sentado na circulante, extasiado. Aquele prédio inteiro repleto de livros. Quantos seriam? Invejava os que liam, estudavam, moravam aqui. Ainda frequentaria? Pedi Loira Dolicocefala, de Pitigrilli. Os títulos dele eram intrigantes. Alguém ainda o lê ou se lembra desse autor, tão cáustico? Foi lindo ver o livro chegar pelo elevadorzinho.

Estimulado pelo ar da Mário de Andrade, corri ao segundo ponto, o Parque do Ibirapuera, era o must (como se disse certa época), a sensação. Fazia menos de um mês que tinha sido inaugurado. Nunca tinha visto um parque tão grande, tão bonito, os lagos com pedalinhos, os prédios do Niemeyer, o paisagismo de Burle Marx, a grande marquise (que mais tarde seria inspiração para a cena final de meu romance Não Verás País Nenhum) e a exposição industrial. Não que a indústria me interessasse, mas queria ver o prédio, seguir a multidão, olhar tudo.

Ao subir uma rampa, fui bloqueado por um grupo fechado em torno de alguma coisa. Um acidente, alguém passando mal? Abri caminho e dei com um aparelho de televisão. Deslumbramento. Havia um em cada andar. Só São Paulo, mesmo! A tarde caía, eu olhava a telinha, via o que até então só tinha visto em filmes americanos. Aquilo era a televisão? Muito bem! Cinema eu sabia como funcionava, via a cabine de projeção e o foco de luz em busca da tela. Mas televisão? Não havia cabine, projetor, nada. Era a caixa, um fio, a tomada, a antena em cima, de tempos em tempos sincronizada por um senhor que vigiava e não deixava mexer no aparelho, nem se aproximar muito. Televisão, sim senhor! Ali à minha frente. Glória de um caipira. Valeu ter vindo a São Paulo, a cidade mais incrível do mundo, tinha de tudo.

Andei pela exposição, olhei máquinas, equipamentos, mas voltei à televisão. Vi cantores, bailados, uma comédia curta com Pagano Sobrinho, nos comerciais descobri as garotas-propaganda, estrelas de primeira grandeza. Como era variado, melhor do que o rádio. Quando chegaria a Araraquara? Quando saí do pavilhão industrial era noite, mas o Ibirapuera estava lotado e iluminado, alto-falantes transmitiam notícias e música, casais de namorados andavam de mãos dadas. Pensei em Costinha, de nome Maria Aparecida (irmã do Zé Maria, um colega de colégio), por quem era apaixonado e que nem olhava para mim. E se eu a trouxesse ao Ibirapuera? Como resistir a um passeio desses? Onde estará Costinha, 56 anos depois?

Fui caminhando para a saída, à procura do ponto de ônibus e ouvindo os alto-falantes. Naquele momento, meu sonho era um só: trabalhar naquele sistema de som e poder viver em São Paulo, vir ao Ibirapuera todos os dias. A cidade me parecia uma festa. Nessa tarde decidi, tinha de morar aqui. Três anos depois, estava em São Paulo, trabalhava em jornal e estava apaixonado por uma estrelinha de cinema, Marlene França, tão bonita. Lembro-me que no Parque Shangai (desaparecido) comprei um balão vermelho para ela. Onde está Marlene hoje?

Comentário:

Bela crônica do Ignácio de Loyola tendo como pano de fundo a recente reinauguração da Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo [Rua da Consolação, 94. Telefone: 3256-5270].

Murilo Cunha

A biblioteca dos sonhos

Autora: Mariângela Guimarães.

Fonte: O Globo. Data: 24/1/2011.

URL: http://oglobo.globo.com/blogs/amsterda/posts/2011/01/24/a-biblioteca-dos-sonhos-358732.asp

Em tempos de Google, Kindle, iPad, muita gente tem deixado os livros de lado e as bibliotecas vão ficando ainda mais vazias. Mas em Amsterdã, as bibliotecas públicas (Openbare Bibliotheek Amsterdam, mais conhecidas pela sigla OBA) são um fenômeno de popularidade: atraem 4,1 milhões de visitantes por ano - quase metade deles só na biblioteca central (e vale lembrar que a cidade tem só 770 mil habitantes!). É a instituição cultural mais visitada da Holanda.
Desde que foi inaugurada, em julho de 2007, a OBA central vive cheia. Além do maravilhoso acervo de livros, também tem um andar inteiro só de CDs, DVDs e videogames, e uma seção infantil que é um verdadeiro conto de fadas para pais e crianças que gostam de literatura - quem chega ali, não quer mais sair. Aliás, há um clima meio mágico por toda a biblioteca graças a uma iluminação especial que faz com que os livros brilhem nas estantes como irresistíveis objetos de desejo. A OBA é a biblioteca dos sonhos!
E é claro que a arquitetura ajuda, e muito. O edifício - um projeto assinado pelo escritório de arquitetura Jo Coenen - tem imensas janelas que permitem a entrada de luz natural e vistas incríveis da cidade. A decoração é limpa sem ser minimalista, tem luz, tem cor, tem formas e bom design, com toques de ousadia, como os "workskulls" do Atelier Van Lieshout.
Aberta diariamente, das 10 da manhã às 10 da noite, a OBA fica próxima à Estação Central de Amsterdã e o acesso é fácil (embora as muitas construções na região deixem o caminho um pouco mais complicado do que deveria ser para pedestres e ciclistas).
Convidativa, a biblioteca central é um lugar para ir e ficar por algumas horas. Para emprestar obras do acervo, é preciso fazer carteirinha e pagar uma anuidade, mas mesmo quem só está de passagem por Amsterdã pode aproveitar a ótima seção de jornais e revistas, usar um dos quase 500 computadores disponíveis para o público, curtir a bela vista da cidade ou aproveitar o café e restaurante self-service La Place, que fica no último andar. Garanto que não vai se arrepender!
Nota do blog:
Sítio da biblioteca: http://www.oba.nl/
Uma biblioteca num prédio moderno, com horário flexível, acervo atualizado, com fácil acesso e bons produtos e serviços tem tudo para dar certo! Aí está um excelente exemplo, a biblioteca pública de Amsterdam. Parabéns para os habitantes daquela cidade.
Murilo Cunha

28 de jan. de 2011

Direitos autorais: mudança de rumo

Autor: João Bernardo Caldeira.
Fonte: Valor Econômico. Data: 28/01/2011.
A visão da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, sobre o tema do direito autoral suscita debates no próprio PT, comenta a coluna Avant Première. Após tirar do site do ministério a menção ao Creative Commons, que promove o licenciamento de conteúdo gratuito, houve questionamentos de José Dirceu e Paulo Teixeira, líder do partido na Câmara. O projeto de reformulação da Lei do Direito Autoral, encaminhado à Casa Civil pela gestão anterior, também retornará para análise, a pedido da ministra.

Ana de Hollanda critica Lei Rouanet e defende Procultura

Autor: Evandro Éboli.
Fonte: O Globo. Data: 27/1/2011.

A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, classificou nesta quinta-feira o Programa Nacional de Fomento à Cultura (Procultura) de "nova Lei Rouanet". Segundo a ministra, a lei atual beneficia mais o produtor e o patrocinador do que o público. O projeto que cria o Procultura está em tramitação no Congresso.
- A Lei Rouanet trouxe grandes benefícios, mas alguns desvios aconteceram. E essa questão vai ser sanada. Ao menos, diminuída - disse a ministra. Em entrevista ao programa Bom Dia Ministro, produzido pela Secretaria de Imprensa da Presidência da República e transmitido pela NBR TV.
O Procultura transforma o Fundo Nacional de Cultura (FNC) no mecanismo central de financiamento ao setor e cria novas formas de fomento a projetos.
Na entrevista, a ministra também ressaltou a importância do reconhecimento do direito autoral:
- Sou ligada ao mundo da cultura desde que nasci e conheço bem essas demandas, da sociedade e do meio cultural, dos criadores - afirmou.
Ao ser perguntada sobre as rádios não darem créditos dos autores das canções executadas, ela repetiu uma queixa histórica do irmão famoso, Chico Buarque, sobre reconhecimento de autoria de música.
- Não sei por quê. É uma questão cultural. A rádio anuncia apenas que ouvimos música com fulano de tal e até a música do fulano de tal (que canta, mas não compôs). Omitem o autor - disse a ministra, também apresentando exemplo: - Essa música é da Elis Regina, mas ela nunca compôs. Temos que brigar juntos. Isso não é direito autoral, é questão de reconhecimento, de dar os créditos que estão sendo omitidos. É questão de cultura. Temos que receber essa informação.

27 de jan. de 2011

Escola torna obrigatório uso de iPad pelos alunos

Fonte: Agência EFE. Data: 25/01/2011.

Uma escola privada do estado americano do Tennessee exigirá o uso de iPads pelos estudantes de 8 a 18 anos com o objetivo de substituir os livros didáticos pelos tablets eletrônicos, informa nesta terça-feira a imprensa local.
A Webb School of Knoxville oferecerá aos alunos com menos recursos opções de aluguel de iPads, que custam no mercado americano US$ 500, indica Jim Manikas, diretor de tecnologia da instituição.
Ele explica que a medida também representa uma questão de "saúde" para os alunos, que, com o uso de tablets, deixam de carregar muitos livros e evitam mochilas pesadas.
"Temos alunos que carregam quase 20 quilos de livros didáticos, enquanto um iPad pesa menos de um quilo", assinala Manikas em declarações à imprensa americana.
Os funcionários da escola afirmam que sites de redes sociais como Facebook e Twitter terão acesso bloqueado dentro da instituição.
Elli Shellist, professora de inglês da Webb School, se mostrou "entusiasmada" com a medida. "Há coisas que podemos fazer muito melhor com esses tablets eletrônicos do que em textos de papel", destaca.
A escola do Tennessee se soma assim a outras instituições educacionais como a Seton Hill University, no estado da Pensilvânia, e a Universidade de Notre Dame, em Indiana, que anunciaram cursos exclusivamente por meio de iPads.

Inglaterra: Governo quer fechar bibliotecas públicas

Fonte: The Independent. Data: 25/01/2011.
Autores: Nina Lakhani e Kunal Dutta.
A crise econômica que varre a Europa desde 2008 afeta também a cultura. O governo inglês estuda uma maneira de não mais subsidiar bibliotecas públicas e isso tem causado protestos e comoção em todo país.
A população inglesa escolheu o dia 5/2/2011, para protestar contra o fechamento das bibliotecas públicas.
Desde que a maldita crise se abateu sobre o mundo, todas as semanas vemos na TV protestos de trabalhadores e população contra os cortes nos gastos do governo, que afetam aposentados, funcionários públicos, estudantes e tudo mais que puder ser economizado para manter políticos e seus privilégios, em detrimento do contribuinte, por exemplo. Então, um país de tradição cultural secular anuncia que fechará bibliotecas. Isso é uma calamidade!
Bibliotecas públicas da Grã-Bretanha, durante gerações foram uma fonte de diversão e educação para milhões de crianças e adultos. Hoje são o foco de lutas políticas e ações judiciais. Os usuários se organizam para evitar o fechamento em massa.
São mais de 400 bibliotecas em toda Grã-Bretanha e os gastos, segundo os governantes são da ordem de £6,5 bilhões previstos para os próximos dois anos e este número poderá dobrar se metade dos conselhos administradores regionais que cuidam das bibliotecas enviarem seus projetos de solicitação de verba para ajudar as bibliotecas, segundo a reportagem.

Qwiki: uma enciclopédia que está crescendo

Fonte: Info Online. Data: 27/1/2011.
URL: http://info.abril.com.br/noticias/internet/enciclopedia-qwiki-abre-para-o-publico-27012011-0.shl
Diferente da Wikipedia, que exibe seus dados em forma de texto, o Qwiki
apresenta informações combinando vídeo, som e narrativa. Parte de suas
informações é importada do serviço criado por Jimmy Wales.

O objetivo do site, segundo comunicado, é "melhorar a forma como o mundo
consome informação, transformando-a em uma experiência essencialmente
humana". O serviço entra no ar com cerca de 3 milhões de termos
cadastrados, incluindo personalidades, lugares e itens.

A dinâmica interativa do serviço é interessante, por outro lado, as
informações carecem de maior profundidade. O usuário também pode
colaborar com a elaboração do conteúdo sugerindo novas fotos, vídeos e
apontando palavras mal pronunciadas para a correção.

Na semana passada, o Qwiki chamou a atenção ao receber um Qwiki abriu
ontem o acesso para o público geral. O site estava operando para
usuários convidados desde outubro.aporte de 8 milhões de dólares de um
grupo de investidores liderado pelo brasileiro e cofundador do Facebook,
Eduardo Saverin. O Qwiki também foi o vencedor do último concurso
TechCrunch Disrupt, promovido pelo blog especializado TechCrunch. Por
enquanto, todo o conteúdo está disponível apenas em inglês.

26 de jan. de 2011

Lisboa vai candidatar-se a Capital Mundial do Livro 2012

Fonte: O Público. Data: 18/01/2011.

Lisboa é capital de Portugal, já foi Capital Europeia da Cultura e, agora, concorre para ser a próxima Capital Mundial do Livro, em 2012. Até 31 de Março, a cidade de Lisboa irá apresentar a sua candidatura à UNESCO, tendo por base um programa de actividades associadas à promoção do livro e da leitura.

Antigos jornais ingleses digitalizados

Os ingleses disponibilizam as edições digitalizadas dos jornais "The Guardian", desde 1821, e do "The Observer", desde 1791. O URL: é: http://archive.guardian.co.uk/Default/Skins/DigitalArchive/Client.asp?Skin=DigitalArchive&enter=true&AW=1296066047475&AppName=2
O interessante é que se pode pesquisar o conteúdo e ler as reportagens originais. Busquei pela palavra-chave "Brazil" no período de 1791 a 2000 e, dentre os resultados, pude ler uma reportagem publicada em Janeiro de 1821 em que o Cônsul-geral da Rússia no Rio de Janeiro diz que os laços que unem Portugal e Brasil são indissolúveis. O URL utilizado foi: http://archive.guardian.co.uk/Default/Scripting/ArticleWin.asp?From=Search&Key=TOB/1821/01/07/2/Ar00203.xml&CollName=TOB_1791_1829&DOCID=43676&PageLabelPrint=2&Skin=DigitalArchive&enter=true&AW=1295902893024&AppName=2&sPublication=GUA&sPublication=TOB&sScopeID=DR&sSorting=IssueDateID%2casc&sQuery=brazil%20&rEntityType=&sSearchInAll=true&sDateFrom=%2530%2531%2f%2530%2531%2f%2531%2538%2532%2531&sDateTo=%2530%2531%2f%2533%2531%2f%2531%2538%2532%2532&ViewMode=HTML
O sítio permite algumas consultas de graça, depois passa a cobrar. Mas apagando o cookie no browser parece que mais artigos podem ser acessados
Murilo Cunha

Pai dos burros

Autor: Ancelmo Góis.
Fonte: O Globo. Data: 25/01/2011.
No dia 24, por volta de 17h, na Rua 1º de Março, no Centro do Rio, de repente... Paaaaffffftt!!! Um dicionário bem grosso despencou de uma janela do prédio número 23, meu Deus, bem em frente a uma mulher que passava. A moça, quase atingida, registrou queixa na secretaria do edifício.
Comentário:
Será que o dicionário era antigo, anterior à reforma ortográfica? Ou será que a pessoa ficou com raiva e resolveu lançar uma obra tão útil e “pesada” na janela de um prédio alto? Essas perguntas provavelmente ficarão sem respostas!
Murilo Cunha

Orra meu

Autora: Marcelle Souza.
Fonte: Folha de S. Paulo. Data: 25/01/2011.
Sem muita portuguesa por perto, boa parte dos primeiros colonos paulistanos casou com índias. Resultado: os filhos aprendiam uma língua que não era português nem tupi, embora puxasse bem mais para a última. No século 17, a "língua geral paulista" era, então, muito mais comum do que o português na cidade. Algumas das suas expressões ainda vivem como cutucar e nhenhenhém. Tratava-se de uma língua oral. Nos documentos oficiais, utilizava-se uma versão arcaica (e quase nunca bem redigida) do português.

Pais organizam feiras de troca de livros em escolas

Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 24/01/2011.
Inconformados em ter de comprar a cada ano os mesmos livros que estudantes mais velhos deixariam de lado, alguns grupos de pais organizaram formas de trocar material. No Colégio Pio XII o projeto chamado Bibliotroca existe há sete anos. Todos os alunos são convidados a deixarem na biblioteca os livros didáticos antigos e podem pegar outros que precisem. No colégio Viva, uma comissão de pais arrecada livros ao fim de cada ano letivo. Durante as férias eles fazem um trabalho de restauro. Alunos que doaram têm preferência na retirada do material. "Economizei quase R$ 800 na feira de livros", conta a pedagoga Adriana Gonçalves de Mendonça.

Colóquio Luso-Brasileiro - A Informação Jurídica na Era Digital

Data: 24 e 25 de Fevereiro de 2011. Local: Faculdade de Direito da Universidade do Porto.
Estão abertas até ao dia 21 de Fevereiro as inscrições para o Colóquio Luso-Brasileiro - A Informação Jurídica na Era Digital. Na mesa vão estar temas como Pluri ou interdisciplinaridade - Ciência da Informação e Direito; Produção e gestão da informação jurídica; Comunicação científica: impacto das TIC na especificidade da construção do conhecimento jurídico; propriedade intelectual e responsabilidade e reflectir-se-á sobre os novos problemas e desafios neste campo.
Esta iniciativa pretende reunir num encontro científico especialistas das áreas do Direito e da Ciência da Informação e discutir temas e problemas que se colocam à informação jurídica na actualidade; debater formas de cooperação científica luso-brasileira, em particular no que toca às relações interdisciplinares entre o Direito e a Ciência da Informação.
O colóquio realizar-se-á nos dias 24 e 25 de Fevereiro, na Faculdade de Direito da Universidade do Porto (Rua dos Bragas) e as inscrições têm o preço de 10 euros para estudantes e de 20 para o público em geral.
Destinada sobretudo a investigadores e académicos das áreas do Direito e da Ciência da Informação, profissionais das duas áreas, estudantes das licenciaturas e mestrados em Direito e em Ciência da Informação e outros estudantes universitários em geral, esta iniciativa é co-organizada pela Faculdade de Letras e pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto; pela Universidade Federal Fluminense, pelo Núcleo de Ciências do Poder Judiciário, CETAC.MEDIA e pelo programa de Pós-Graduação Justiça Administrativa.
Maiores informações no URL: http://sigarra.up.pt/flup/noticias_geral.ver_noticia?p_nr=4093

25 de jan. de 2011

Novo diretor da Biblioteca Nacional

Autor: André Miranda.
Fonte: O Globo, Rio de Janeiro. Data: 24/1/2011.
Novo presidente da Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, que também será responsável pela gestão de políticas de leitura, pretende estimular a produção de obras mais baratas e sonha com livrarias populares
Fazer do livro um artigo acessível a todos é a grande meta do jornalista e escritor Galeno Amorim. Confirmado na última sexta-feira como novo presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Amorim vai administrar a distribuição de obras para seis mil unidades públicas gerenciadas por prefeituras, além de traçar os rumos da oitava maior biblioteca do mundo em acervo.
Ex-secretário de Cultura de Ribeirão Preto e com passagens pelo governo Lula, inclusive na FBN, ele foi incumbido pela ministra Ana de Hollanda de preparar o terreno para a criação do Instituto Nacional de Livro e Leitura. Para isso, num primeiro momento ele vai acumular a gestão dos acervos das bibliotecas com as elaborações de políticas públicas para o setor.
Entre suas metas, Amorim pretende criar um mecanismo de incentivo para que as editoras apostem em livros populares, mais baratos, a fim de alcançar os consumidores das classes C, D e E.
Em entrevista ao Globo, ele expôs sua visão sobre direito autoral e acesso à leitura, e disse imaginar uma livraria popular nos moldes das farmácias populares.
- Quais serão as prioridades de sua gestão à frente da Biblioteca Nacional?
Eu gostaria de acelerar o processo de inserção da Biblioteca Nacional no cenário brasileiro e também no cenário internacional. E, em outra ponta, gostaria de fortalecer o Plano Nacional do Livro e Leitura, de forma a ampliar o acesso ao livro e aumentar o índice de leitura no Brasil, que hoje é de 4,7 obras lidas por habitante por ano.
- Como ampliar esse acesso?
É possível buscar com o setor privado a criação de um livro popular. Seria um livro mais barato, sobretudo para esse novo leitor que vem das classes C, D e E. A principal forma de acesso ao livro é via biblioteca pública. Mas, ao mesmo tempo, é preciso criar condições para as pessoas poderem comprar um livro mais barato. Isso é importante para o leitor, que aumenta suas possibilidades; para as editoras, que recuperam produtos fora de catálogo e podem criar subprodutos; para o autor, que pode ampliar a quantidade de exemplares; e também para as livrarias, que podem oferecer um produto diferenciado. Pode, por exemplo, haver uma livraria popular, como são as farmácias populares.
- Mas isso seria feito através de subsídios do governo?
Não necessariamente. Eu fiz uma consulta informal a entidades do livro. A ideia é desenvolver uma ação para que os editores percebam que existe a perspectiva de
venda. Algumas empresas que atuam em outro segmento, como a Avon no caso da venda de porta em porta, conseguem fazer com que um livro que sairia por R$ 40 na livraria chegue ao consumidor por um preço três ou quatro vezes menor, justamente porque a editora tem a certeza de que o livro será escoado. Além disso, o governo pode muito bem dar uma garantia de que vai adquirir uma parte dos livros para ser distribuída a bibliotecas públicas.
- Num primeiro momento, haverá alguma mudança no gerenciamento da Biblioteca Nacional?
A Biblioteca Nacional terá toda a responsabilidade pela política pública do livro e da leitura no Brasil. Hoje, existe uma Diretoria de Livro, Leitura e Literatura e também existe o Plano Nacional de Livro e Leitura. Ambos devem vir para a Biblioteca Nacional, e eu terei a responsabilidade de preparar a criação do Instituto Brasileiro de Livro e Leitura. Esse instituto será o responsável pela gestão das políticas públicas da área, e, quando isso acontecer, a Biblioteca Nacional vai se dedicar exclusivamente para a Biblioteca Nacional.
- Esse instituto terá o mesmo conceito do Instituto Brasileiro de Museus, o Ibram?
Exatamente, será o Ibram do livro e da leitura. Ainda não consigo estabelecer um prazo, mas é a grande demanda do povo do livro.
- O senhor chegou a trabalhar na Biblioteca Nacional no governo Lula. Quais foram os principais avanços na época?
Eu fui coordenador geral de livro e leitura da Biblioteca Nacional. Fui para lá em 2004, para formular um programa em que todos os municípios brasileiros tivessem sua biblioteca. Na época, o orçamento para a área era em torno de R$ 6 milhões. No ano seguinte, eu articulei com o senador Tião Viana, e ele apresentou uma emenda que aumentou os recursos para R$ 26 milhões, que nos ajudaram a criar as condições para zerar o número de cidades no Brasil sem bibliotecas.
- Quanto falta para se alcançar essa meta?
Falta pouco. No último levantamento, faltavam poucas dezenas, e apenas em municípios para os quais o MinC oferecia o kit com o acervo básico e o computador, mas as prefeituras ainda não tinham feito a instalação. Isso acabou motivando que o ministério suspendesse, em dezembro, o repasse de recursos para prefeituras que não instalaram suas bibliotecas.
- É claro que é importante que se tenha bibliotecas em cada município, mas isso não garante a leitura. Como fazer com que a sociedade e a biblioteca se encontrem?
O Plano Nacional do Livro e Leitura foi criado em 2006 como resposta para esse questionamento. São quatro eixos: a democratização ao acesso; a formação de mediadores de leitura como bibliotecários e professores; a valorização da leitura no imaginário coletivo, através de campanhas ou inserção de situações de leitura em programas de TV; e a economia do livro, com programas que incentivem pequenas editoras e pequenas livrarias, entre outros fatores. Quando você põe os quatro eixos em funcionamento, você estimula as pessoas a lerem.
- Discute-se muito a possibilidade de uma nova Lei do Direito Autoral. O tema mobilizou o último governo, mas a ministra disse que vai reavaliar o projeto. Como o senhor enxerga a questão?
Uma coisa é consenso: é importante que as legislações sejam sempre atualizadas à luz dos novos tempos. A ministra tem se posicionado de forma prudente, mostrando-se aberta a ouvir as várias partes envolvidas. E de uma forma muito serena, ela já sinalizou que vai apreciar essas várias argumentações. E eu me alinho completamente com essa visão. Todos nós temos conhecimento da necessidade de se promover avanços. O material que os criadores produzem tem o valor de seu esforço e dedicação, e isso precisa ser respeitado, e por outro lado os leitores precisam ter algum direito de ter acesso a essa produção acumulada pela sociedade.

24 de jan. de 2011

Galeno Amorim é o novo presidente da Fundação Biblioteca Nacional

A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, anunciou na manhã desta sexta-feira (21 de janeiro) a equipe com que vai implementar as políticas culturais do governo da presidenta Dilma Roussef.
Para presidir a Fundação Biblioteca Nacional, foi convidado o jornalista e escritor Galeno Amorim, secretário de Cultura de Ribeirão Preto (SP) na gestão do então prefeito Antonio Pallocci e ex-presidente do Comitê Executivo do Centro Regional de Fomento ao Livro na América Latina e no Caribe.

22 de jan. de 2011

Estudo comprova que criança que lê mais escreve melhor

Fonte: Folha Online. Data: 11/01/2011.
Está comprovado que as crianças que lêem e escrevem mais são melhores na leitura e na escrita. E escrevendo posts de blogs, atualizações de status, mensagens de texto, mensagens instantâneas, e todas as coisas semelhantes, motivam crianças a ler e escrever.
No mês passado, o "The Nacional Literancy Trust", Fundo Nacional de Alfabetização do Reino Unido, divulgou o resultado de uma pesquisa com 3 mil crianças. Eles observaram a correlação entre o engajamento das crianças com as mídias sociais e seu conhecimento da leitura e da escrita.
No resultado eles perceberam que as mídias sociais têm ajudado as crianças a se tornarem mais literatas. Além disso, a Eurostat, organização estatística da Comissão Européia, recentemente publicou uma matéria mostrando a correlação entre educação e atividade online, que indicou que a atividade online aumentou com o nível de atividade formal (os fatores socioeconômicos estão, é claro, influenciando potencialmente).

O poder da indústria virtual sobre o mercado literário

Fonte: Globo News. Programa: Espaço Aberto. Data: 3/01/2011.
URL: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1404114-7823-O+PODER+DA+INDUSTRIA+VIRTUAL+SOBRE+O+MERCADO+LITERARIO,00.html
Ex-presidente da Biblioteca Nacional da França, o historiador e escritor Jean-Noël Jeanneney é radicalmente contra o projeto de digitalização de livros feito pelo Google. "Sempre que permitimos que um monopólio se instale, ele tende a violar as regras. E isso foi o que o Google fez. Um verdadeiro roubo", afirmou. Para Jeanneney, a ação permite que o Google controle o que os leitores de todo o mundo irão ler.

19 de jan. de 2011

Biblioteca na praia: por que não?

Fonte: Zero Hora. Data: 18/01/2011.
Muita gente aproveita as férias para colocar em dia a leitura. O livro pode ser um bom aliado na praia, principalmente em dias de chuva. Em Torres, a Biblioteca Pública Municipal tem um acervo de 20 mil obras, entre livros e revistas, e oferece um amplo espaço para leitura. A telefonista e estudante Andresa Homem Bedinot, 34 anos, frequenta a biblioteca desde os 11 anos e comenta que conhece veranistas que passam as férias em Torres e sempre vão ao local. Durante as férias de verão, o atendimento na biblioteca ocorre das 13h30 às 17h30. Ela está localizada na Av. José Bonifácio, 877. O telefone para informações é (51) 3626-2754

So You Want To Be An [Academic] Librarian?

Este vídeo, com duração de 4 minutos e onze segundos, examina as funções e desafios diários de um bibliotecário universitário por meio de uma entrevista de emprego com um candidato que não deseja trabalhar em biblioteca pública porque ela odeia as crianças e pobres!

18 de jan. de 2011

Jornal do Brasil digitalizado

O Jornal do Brasil foi digitalizado! O seu acervo digital cobre o período de 8 de abril de 1891 até 31 de dezembro de 1999, num total de 17.706 números. O endereço para acesso é no URL: http://news.google.com/newspapers?nid=0qX8s2k1IRwC&dat=19920614&b_mode=2
O JB pode ser visto por inteiro, incluindo os classificados!
Esta é uma boa notícia, podendo ser útil para pesquisas históricas.
Murilo Cunha

País terá plataforma online para catálogos de editoras

Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 15/01/2011.
Autora: Raquel Cozer.
Em até um ano deve entrar no ar na a versão brasileira da plataforma espanhola Dilve (Distribuidor de Información del Libro Español en Venta), banco de dados online para gestão e distribuição de informação bibliográfica e comercial do livro, informa a coluna Babel. O projeto teve início no último semestre, quando a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Associação Nacional do Livro (ANL) firmaram acordo preliminar com a Federación de Gremios de Editores de España (FGEE). O programa, gratuito para associados das entidades, permitirá que editoras pequenas, médias e grandes cadastrem seus catálogos, com dados como ISBN, capa, sinopse e trechos.

A situação dos livros no Reino Unido, na França e nos EUA

Fonte: O Globo. Data: 16/01/2011.
Autores: Deborah Berlinck, Fernanda Godoy e Fernando Duarte.

Até fim de 2009, havia uma filial de grande livraria praticamente a cada esquina da Oxford Street, em Londres. Desde então, houve a falência do grupo Borders, a usão da Books Etc. com a Waterstones e a decisão da última de fechar suas duas megastores na região. Não são apenas as livrarias independentes que vêm sofrendo no Reino Unido com os efeitos de crises, concorrência e mudanças de hábito do consumidor. Além do “efeito Amazon”, os clientes minguaram após a entrada dos supermercados na briga. Nos EUA, estão sob ameaça as maiores redes de livrarias, como Barnes & Noble e Borders, que lutam com credores. A França, por sua vez, encontrou uma solução para as livrarias de rua: o governo determina um preço único para todos os livros vendidos no país. Sem poder oferecer mais barato, as grandes redes perderam sua arma. Hoje, o grande desafio é a revolução digital e a concorrência com a Amazon, líder do comércio de livros no país.

15 de jan. de 2011

A torre literária de SP reabre dia 25

Autor: Daniel Piza.
Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 03/01/2011.
O busto do escritor está atrás, num dos pequenos gramados da Praça Dom José Gaspar, quase escondido entre as árvores, quase invisível para desabrigados e transeuntes, com uma pichação indecifrável na lateral da base de pedra - e de costas para a torre art déco de 22 andares da biblioteca que leva seu nome, na esquina da Avenida São Luís com a Rua da Consolação, poucos metros acima da Ladeira da Memória. Mesmo assim, ele poderia sorrir. Erguida para conservar a memória cultural de São Paulo, a Biblioteca Mário de Andrade será reaberta na íntegra no aniversário da cidade, em 25 de janeiro, depois de passar décadas sofrendo "deterioração crônica".
A expressão é da atual diretora, Maria Christina Barbosa de Almeida, no cargo desde 2009. Ela não está exagerando quando diz que a biblioteca estava "quase morta", apesar de uma pequena reforma realizada em 1992, na gestão de Luiza Erundina (1989-1993). Nos anos seguintes, a instituição parou de adquirir títulos e, pior, não tinha nem sequer condições de manter bem seu acervo de mais de 320 mil livros, dos quais 51 mil classificados como raros. Foi só com o investimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de R$ 23 milhões (R$ 13 milhões para o prédio principal e R$ 10 milhões para o anexo, na Rua 7 de Abril), que a reforma pôde ser iniciada, em 2007.
A Biblioteca Circulante, que tem 42 mil livros para empréstimo e consulta de qualquer cidadão que faça um cadastro, já foi reinaugurada em 21 de julho; depois disso, foi visitada por mais de 83 mil usuários, que retiraram obras clássicas como Capitães de Areia, de Jorge Amado, e recentes como 1808, de Laurentino Gomes. O setor tem entrada pela Avenida São Luís, 235, mas também pode ser acessado por um corredor fechado a vidro que passa defronte da fachada - uma das mudanças feitas pela arquiteta Renata Semin, do escritório Piratininga. A sala de leitura, ainda mais quente do que se esperaria, ganhou um mezanino com estrutura de ferro e outras melhorias. As mesas e cadeiras passaram por restauro. Dali se vê outra estátua, a de Camões, olhando os carros que descem a Consolação.
Acervo. A reabertura da torre daqui a menos de um mês é ainda mais aguardada porque envolve a recuperação do principal acervo de livros da cidade, cuja história começa em 1925, quando foi criada a Biblioteca Municipal. Eram 15 mil volumes em um casarão na Rua 7 de Abril. Dez anos depois, com a chegada de Mário de Andrade (1893-1945), já o consagrado autor de Pauliceia Desvairada e Macunaíma, a coisa acelerou. Acervos foram adquiridos, como o do bibliófilo Félix Pacheco, e em 1939 houve a fusão com a biblioteca estadual, levando o volume para mais de 100 mil exemplares. Foi então que surgiu o projeto de um novo prédio, capaz de abrigar até dez vezes mais livros, por iniciativa do sucessor de Mário na direção, Rubens Borba de Moraes.
Não sem algum ciúme do arquiteto mais presente nas obras públicas de São Paulo, Ramos de Azevedo, o projeto foi parar nas mãos de Jacques Pilon (1905-1962), um francês que passou a infância no Rio de Janeiro, estudou na Escola de Belas Artes de Paris e, formado no auge do movimento art déco, retornou ao Brasil para seguir carreira. A isso se deve o ar elegante, quase austero, do edifício, com inscrições na característica tipografia (uma delas, justamente a da biblioteca circulante, foi extinta na reforma anterior), e os interiores com madeiras e pilotis. Pilon criou as mesas e cadeiras, com um design que lembra o do artista John Graz, com quem trabalhou em um dos primeiros edifícios de Higienópolis.
Curiosamente, o projeto original previa duas torres, mas houve recursos para a construção de apenas uma. O prédio foi aberto oficialmente em 1942, e no ano seguinte a biblioteca passou a ter como diretor o escritor Sérgio Milliet (1898-1966), que exerceu o cargo até 1959, um ano antes de ela passar a ter o nome de Mário de Andrade. Nesse período, importantes doações foram feitas, a começar pela do precioso acervo particular do diretor; também o de um dos patrocinadores da Semana de 22, Paulo Prado, está aqui. Do crítico cultural de origem austríaca Otto Maria Carpeaux (1900-78), por exemplo, há exemplares com dedicatórias como a do poeta Carlos Drummond de Andrade e uma edição alemã de 1925 de O Processo, de Franz Kafka.
Como nunca antes ou depois, nos anos 40 a 60 ela entrou na circulação cultural paulistana: além dos livros, era local para palestras de intelectuais como Roger Bastide e Lourival Gomes Machado; acolheu pesquisadores acadêmicos como Fernando Henrique Cardoso, Bento Prado e Marilena Chauí; fez convênios com a Biblioteca de Paris e com a ONU; publicou revistas de ensaios (ainda publica uma, todo ano); transferiu para a Rua Maria Antônia a Biblioteca Monteiro Lobato (criada por Mário para reunir títulos infanto-juvenis); e até montou coleção com pinturas modernas - de artistas como Tarsila do Amaral, Portinari e Goeldi, entre outros, além dos álbuns da série Jazz de Matisse - transferida para a Pinacoteca do Estado.
A reforma não apenas reorganizou esse acervo e adaptou o prédio. Cerca de 250 mil exemplares passaram por desinfestação, num processo que utiliza nitrogênio para eliminar cupins e outros intrusos. Prevista para ser concluída no início de 2009, a obra atrasou porque, segundo a diretora, havia problemas sérios como a ausência de um cálculo de peso. Mas ainda há muito o que fazer. A conclusão da obra do anexo, onde ficarão os quase 3 milhões de periódicos do acervo (incluindo revistas ilustradas do século 19, principalmente francesas, e muitas publicações científicas), está prevista para julho - mas sem a passagem subterrânea que consta do projeto, e a diretora considera fundamental para os deslocamentos operacionais de um prédio a outro.
Projetos. Há também a expectativa da aprovação de uma verba de R$ 2 milhões do Ministério da Cultura para recuperar o miolo da biblioteca, não só sua casca: o restauro dos 200 livros mais importantes do acervo. Na sala das raridades, o responsável pelo setor, Rizio Bruno Sant"Ana, mostra obras capazes de abrir o apetite de qualquer rato de biblioteca. Os relatos de viajantes sobre o Brasil são muitos, como o de François Roger sobre a Bahia, de 1698, que traz um desenho de capivara na capa. Há cartas de jesuítas do século 16 como Manuel da Nóbrega e José de Anchieta e nove incunábulos (livros impressos até 1500), como a Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino. E também itens modernos, como a edição francesa das Flores do Mal, de Baudelaire, que pertenceu a um dos juízes que fizeram proibições ao livro por poemas "imorais".
Tais iguarias literárias, porém, não podem ser vistas pelo grande público, a não ser aquelas poucas digitalizadas na íntegra. Ao vivo, não existe intenção de exibi-las, como se faz em bibliotecas famosas como as de Milão e Paris ou a Morgan, de Nova York, em proteções de vidro, para deleite visual dos visitantes. Com apenas 102 funcionários e 15 estagiários, dos quais 11 contratados recentemente, a biblioteca ainda não tem condições de oferecer esse tipo de serviço. Mas que tenha voltado a cuidar de seu acervo e a adquirir e emprestar títulos, certamente, é algo que a cidade vai comemorar.

Novo periódico: "Leitura em Revista"

A LER – Leitura em Revista é um periódico interdisciplinar de estudos avançados em leitura com publicação semestral, em versão eletrônica, da Cátedra UNESCO de Leitura da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Tem como objetivo divulgar textos originais sobre o eixo temático da leitura que privilegiem pesquisas de natureza predominantemente qualitativas, a fim de contribuir para o desenvolvimento de estudos sobre leitura numa perspectiva crítica, transformadora e interdisciplinar.
O primeiro número incluiu:
Artigos
·                 Alan Trouvé. A (des)alteração literária.
·                 Emílio Soares Ribeiro. Leitura como processo semiótico.
·                 Cássio Eduardo Soares Miranda. Contos de fadas às avessas.
·                 Fabiano de Oliveira Moraes. O 'medo' em Chapeuzinho Vermelho (da Idade Média à Modernidade).
·                 Lawrence R. Sipe. Aprendendo pelas ilustrações nos livros-ilustrados.
·                 Laurence Hélix. Ler o Graal na Idade Média: limites e liberdades do leitor.

Relatos de pesquisa

·                 Catiane de Araujo Pimentel. Os leitores do século 21.
·                 Karen Sica da Cunha. Convergência midiática em um jornal popular
·                 Ivanir Maciel Ortiz & Andréa Vieira Zanella. Constituição do leitor.
·                 Fernanda Zanetti Becalli & Cleonara Maria Schwartz. Reflexões acerca da abordagem de ensino da leitura no “PROFA”.

Resenha

·                 Patrícia Aparecida Beraldo Romano. Bianca de Medici: um arminho em busca da liberdade.

Entrevista

·                 Entrevista com Vincent Jouve, autor de A Leitura

Livros para bibliotecas escolares

Fonte: Portal do Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

Será aberto na próxima segunda-feira, dia 10 de janeiro de 2010, o processo de inscrição e avaliação de livros de literatura para o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE). As obras serão destinadas a instituições públicas que ofereçam os anos iniciais do ensino fundamental, educação infantil e educação de jovens e adultos.
A etapa de cadastramento de editores e de pré-inscrição das obras vai até o dia 23; a inscrição e a entrega das obras e da documentação, de 31 de janeiro a 4 de fevereiro. Cada obra deve ser inscrita em apenas uma das quatro categorias previstas em edital — categoria 1, instituições de educação infantil, etapa creche; categoria 2, instituições de educação infantil, etapa pré-escola; categoria 3, instituições que atendam alunos dos anos iniciais do ensino fundamental; categoria 4, instituições que atendam alunos da educação de jovens e adultos, etapas ensino fundamental e médio.
Os gêneros literários abrangem poema, conto, crônica, novela, teatro, texto da tradição popular, romance, memória, diário, biografia, relatos de experiências, obras clássicas da literatura universal, livros de imagens e de histórias em quadrinhos. Nas antologias, o prefácio deve apresentar  critérios que justifiquem a organização da obra.
Serão aceitos livros que não tenham sido adquiridos em edições anteriores do PNBE, mesmo que os direitos autorais pertençam a outro editor ou que o projeto gráfico-editorial seja diferente. Na edição deste ano do programa, além dos impressos, serão aceitas inscrições de livros em formatos especiais para estudantes com deficiência. As obras terão caracteres ampliados, áudio e CD ou DVD na linguagem brasileira de sinais (Libras). Todas as obras estarão atualizadas com base no recente acordo ortográfico da língua portuguesa.
Os livros também estarão disponíveis em formato digital na página eletrônica do Ministério da Educação. O software desse formato baseia-se no padrão internacional daisy-digital accessible information system, que permite reprodução audível com uso de gravação ou síntese de fala, navegação pelo texto, reprodução sincronizada dos textos selecionados, ampliação de caracteres e conversão para o método braile. Os livros para alunos da educação infantil serão produzidos em material atóxico para crianças até três anos.

13 de jan. de 2011

Wikipédia completa 10 anos

Fonte: Público, Lisboa. Data: 10/1/2011.
URL: http://www.publico.pt/Cultura/longa-vida-a-wikipedia_1474460?all=1

Quem não ouviu argumentar - ou argumentou - que a Wikipédia não é fiável, apontando esta sua (suposta) característica como um pecado original intransponível? Dez anos após o nascimento da enciclopédia global online, esse discurso começou a mudar.
O grande enciclopedista francês do Século das Luzes, Denis Diderot, escreveu na entrada "Enciclopédia" da sua célebre Encyclopédie que o objetivo da colossal obra que ele e Jean d"Alembert publicaram em 1751 era "recolher todo o saber que se encontra agora disperso à face da Terra, dar a conhecer a sua estrutura geral aos homens entre os quais vivemos e transmiti-lo aos que vierem a seguir".
E a entrada correspondente na Wikipédia (wikipedia.org) - a grande enciclopédia online da era da Internet, que esta semana celebra o seu décimo aniversário - explica que, mais do que como um simples dicionário, "Diderot via a enciclopédia ideal como um índice de ligações". Clicando no link que aparece neste artigo, podemos confirmar a informação: dois cliques e vamos parar ao texto original de Diderot, onde descobrimos uma frase que começa assim: "Através da organização enciclopédica, da universalidade do saber e da frequência das referências, as relações crescem, as ligações partem em todas as direções." Referências. Relações. Ligações. Mais do que uma proposta, o texto de Diderot parece uma genial premonição. A enciclopédia ideal de que fala o filósofo está a ser construída hoje e chama-se Wikipédia.
Muitos irão objetar que a informação contida na Wikipédia não é suficientemente fidedigna, que não é "100 por cento fiável" e que por isso não é séria e nunca poderia ser equiparada a um trabalho erudito como o das enciclopédias tradicionais (em papel) - e, em particular, com a "rainha" do gênero, a Encyclopaedia Britannica.
Mas, tal como a enciclopédia de Diderot pretendia ser mais do que um simples dicionário, a Wikipédia quer ser mais do que uma simples enciclopédia (em papel): "A Wikipédia não é uma enciclopédia em papel", lê-se no artigo Wikipedia:What Wikipedia is not. E, no entanto, é algo parecido com o que Diderot, salvaguardando as distâncias (ele não tinha Internet), terá sem dúvida vislumbrado. Explica ainda a mesma entrada da Wikipédia que ela é "uma enciclopédia online e, enquanto meio para atingir um fim, uma comunidade online de pessoas interessadas em construir uma enciclopédia de alta qualidade num espírito de respeito mútuo". Descubra as diferenças!
André Barata, filósofo, investigador da Universidade da Beira Interior, aponta uma: "Enquanto enciclopédia falta-lhe o ponto de vista global que tradicionalmente a deveria enquadrar", disse ao P2 por email. "Com efeito, as enciclopédias tradicionais, desde D"Alembert e Diderot à Britannica, dispunham de um pressuposto comum, de ilustração e sistematicidade do saber. (...) O saber não é, no essencial, um enorme arquipélago de dados, informação e ilhas de conhecimento apenas linkadas, mas não realmente ligadas." Mas a seguir acrescenta: "Em contrapartida [a Wikipédia] é epistemicamente liberal e tolerante, experimental. Está menos a defender um corpo de saber da barbárie do que a gerar espontaneamente um corpo para o saber."
Cérebro fora-de-bordo
É um facto que a Wikipédia que temos não é perfeita, nem muito menos completa, nem muito menos isenta de erros, sejam eles involuntários ou não. Já foi alvo de vandalismo, a qualidade dos seus artigos não é uniforme, a qualidade das suas versões nas diversas línguas também não. Mas os factos também abonam em seu favor: um estudo publicado na revista Nature em 2005 mostrava que os artigos científicos da Wikipédia e da Encyclopaedia Britannica eram comparáveis em termos de rigor. Diga-se de passagem que a Wikipédia não foi construída do nada: a edição de 1911 da Britannica, hoje no domínio público, foi um dos seus pilares iniciais, lê-se na Wikipédia.
De resto, quando ouvimos ou lemos aqueles que usam a Wikipédia e conhecem as suas qualidades e defeitos, ficamos com a nítida impressão de que talvez tenha chegado a altura de admitirmos que é ela mesmo muito boa e que (quase) todos a usamos e precisamos dela. Dos escritores aos filósofos, dos historiadores aos jornalistas, dos estudantes aos professores. Como declarava em 2009 um post num blogue da Wired.com, a Wikipédia tornou-se "o cérebro fora-de-bordo mundial".A Wikipédia foi formalmente lançada a 15 de Janeiro de 2001 pelos norte-americanos Jimmy Wales (empresário da Web) e Larry Sanger (filósofo), utilizando o conceito e a tecnologia wiki (palavra que em havaiano significa "rápido"), cujo pioneiro foi o informático norte-americano Howard Cunningham. Wales e Sanger tinham começado por lançar, um ano antes, a Nupedia, uma enciclopédia online escrita e editada por especialistas. Mas a lentidão do processo de produção exasperava os seus fundadores.
A 10 de Janeiro, faz hoje dez anos, a Nupedia decidiu lançar o seu wiki, cuja intenção inicial era acrescentar "uma pequena funcionalidade à Nupedia", nas palavras de Sanger, e acelerar o seu crescimento. Mas o recém-nascido, rebaptizado Wikipedia logo a 11 de Janeiro, rapidamente eclipsou o seu progenitor e passou a ser a enciclopédia "que todos podem editar".
Dez anos volvidos, lê-se na actualização de Novembro de 2010 da factsheet da Wikipédia que este é o quinto site mais popular a nível mundial. Está disponível em mais de 270 línguas, tem a participação de mais de 80 mil editores voluntários, a versão em inglês contém 3,4 milhões de artigos e o total das suas edições nas várias línguas soma 17 milhões de entradas. Em Setembro de 2010, teve quase quatrocentos milhões de visitantes únicos. A Wikipedia é gerida, desde 2003, pela Wikimedia Foundation, entidade sem fins lucrativos que vive de donativos e de financiamento público.
Do frívolo ao profundo
A Wikipédia é de facto muito mais do que qualquer enciclopédia em papel. Por uma razão muito simples: nela, todos os temas têm direito de cidade, dos mais nobres, eruditos e especializados aos mais secundários, abstrusos, recônditos. Uma formiguinha venenosa que vive numa ilha do fim do mundo, um cantor pop menor, podem dar origem a uma entrada tão digna como a de uma grande teoria científica. Num delicioso artigo publicado em 2008 na New York Review of Books e no Guardian (neste último, sob o título Como me apaixonei pela Wikipédia), o escritor americano Nicholson Baker fala da sua experiência como "salvador" de textos da Wikipédia em perigo de desaparecer porque um punhado de utilizadores tinham votado que os seus tópicos não eram suficientemente "notáveis". Acrescentando umas citações, umas referências bibliográficas e com alguma edição estilística, Baker conseguiu preservar da foice digital entradas sobre uma obscura empresa têxtil sul-coreana, um desconhecido poeta russo censurado, um telemóvel para pessoas idosas, entre outros. Esse trabalho de preservação, escreve, deu-lhe uma sensação de imenso prazer ("wow, did that feel good").
No século XVIII, Diderot já pensava exactamente nesses termos ao descrever a sua enciclopédia ideal, exortando os autores a não desprezarem nenhum tema, por mais modesto que fosse: "(...) o mais sucinto dos nossos artigos talvez poupe aos nossos descendentes anos de pesquisas e volumes de dissertação; (...) um escrito sobre as nossas modas, que hoje consideraríamos frívolo, será visto, dentro de dois mil anos, como uma obra erudita e profunda sobre os hábitos dos franceses (...)".
Esta ideia da poupança de tempo é muito importante para Paulo Feytor Pinto, professor e presidente da Associação de Professores de Português: "A Wikipédia permite-me esboçar o plano de uma pesquisa mais aprofundada", explicou-nos em conversa telefónica. "Recentemente, usei-a para pesquisar um tema totalmente desconhecido para mim: o provençal. E quando fui à biblioteca confirmar isso tudo, já ia com o meu percurso bem delineado. Consegui fazer numa semana o que, há dez anos, teria demorado seis meses."
Quase todos usam
Das cinco pessoas que responderam às nossas perguntas sobre a Wikipédia, apenas uma, o escritor Rui Zink, disse que não usava. Os outros - para além de André Barata e Paulo Feytor Pinto, foram Joaquim Vieira, ex-provedor do PÚBLICO e presidente do Observatório da Imprensa; Nuno Santos, neurocientista da Universidade do Minho; e Rui Ramos, historiador -, todos recorrem a ela com maior ou menor intensidade. Para confirmar nomes e datas, para ter uma visão de conjunto de um dado tema, para encontrar referências bibliográficas.
Todos usam mais a versão em inglês do que as outras. "Há uma diferença muito grande entre a qualidade média em inglês em relação ao português", salienta Rui Ramos pelo telefone, acrescentando que há lá artigos "excelentes". E embora o problema da validação da informação surja sempre em pano de fundo nas respostas, não parece ser assim tão grave para estas pessoas, cuja profissão gira em boa parte em torno da pesquisa e da validação de informação nos seus respectivos campos.
Pelo contrário, seria muito melhor que fosse usada mais vezes: "Vejo muitos jornalistas a cometerem erros básicos de informação que poderiam ser evitados se tivessem consultado a Wikipédia", diz-nos Joaquim Vieira.
E na escola, o uso da Wikipédia deve ou não ser permitido? "É preciso pô-la no centro da sala de aula para os alunos se aperceberem quando uma informação não é fidedigna", diz Paulo Feytor Pinto. Contudo, Nuno Sousa levanta outra questão neste contexto: a da "ilusão de que se sabe tudo quando se confina a consulta de um tópico exclusivamente à Wikipédia, o que é particularmente perigoso para os mais jovens, na medida que em que os formata neste tipo de estratégia".
Seja como for, a Wikipédia, dizem todos, mudou a nossa maneira de aceder ao conhecimento. Curiosamente, quanto a contribuírem para a Wikipédia, poucas pessoas parecem interessadas, apesar de estarem conscientes das fraquezas da Wikipédia em português. Falta de tempo, mas não só. "Ainda não sou 100 por cento info-incluído", confessa Paulo Feytor Pinto. "Tenho sido um parasita do sistema", diz Joaquim Vieira. "Já pensei em fazê-lo, mas nunca contribuí", responde Rui Ramos, acrescentando que ainda há em Portugal "uma falta de disponibilidade cívica, um desprezo pelo espaço público. Mas as coisas estão a mudar, as pessoas começam a participar."
Segundo o relatório sobre o ano 2010 da Wikipédia, publicado no jornal Wikimedia Signpost, há apenas seis meses a Wikimedia Foundation anunciou um projecto-piloto, em colaboração com várias universidades dos EUA, que envolve a participação dos estudantes, como parte do seu currículo universitário e com a ajuda de "embaixadores da Wikipédia", na melhoria dos conteúdos da Wikipédia. Ainda vamos a tempo.