8 de jan. de 2012

Biblioteca Pública de Niterói se firma como local de lazer

Fonte: O Globo. Data: 7/01/2012.

Autora: Mariana Belmont.

URL: http://br.noticias.yahoo.com/biblioteca-p%C3%BAblica-niter%C3%B3i-se-firma-local-lazer-090000536.html

Natural de Curitiba, no Paraná, a terapeuta holística Esther Lendiuk, de 66 anos, decidiu trocar sua terra natal por Niterói no ano passado. Além de uma grande amiga que mora aqui e da simpatia pela cidade, outro motivo foi fundamental para a decisão de mudar de endereço: a reinauguração da Biblioteca Pública, em julho do ano passado, após dois anos de reformas. Rata de biblioteca, como ela mesma se define, Esther ficou tão encantada com o novo espaço que começou a visitá-lo quase que diariamente. Assim como ela, outras pessoas estão descobrindo a biblioteca, que deixou de ser apenas um local de leitura e de pesquisa e hoje funciona como um centro de cultura, de interação e de entretenimento. Com salas de convivência, com sofás e até miniestantes móveis, que podem ser deslocadas, facilitando o acesso aos livros; 50 computadores desktops e 24 notebooks com acesso à internet; brinquedoteca com uma área externa, ideal para os pequenos fazerem piqueniques; e até uma sala de audiovisual, na qual o usuário pode assistir a filmes ou ouvir música, a Biblioteca Pública de Niterói (BPN) vem se firmando como um novo ponto de encontro.
- Trabalho aqui há 39 anos e fico muito honrada e orgulhosa de ver como a biblioteca se transformou num lugar totalmente inclusivo, aberto e acessível a todos. Incorporamos o conceito de biblioteca-parque, uma ideia contemporânea, por meio do qual oferecemos atividades culturais e deixamos o usuário livre para usufruir do espaço da maneira como achar mais proveitoso. As estantes com os livros, por exemplo, são totalmente acessíveis aos frequentadores, que podem escolher e pegar, eles mesmos, quaisquer volumes. Pedimos apenas que, após e leitura, a pessoa deixe o livro sobre as mesas, para que nossos funcionários possam recolocá-los nos lugares corretos - ressalta a diretora da BPN, Maria da Glória Blauth.
Programação cultural da biblioteca inclui oficinas, cinema e encontros
A certeza de que a nova biblioteca agradou em cheio vem dos depoimentos dos frequentadores. A curitibana Esther Lendiuk garante que a BPN é hoje a sua segunda casa.- Em visita a uma amiga que mora em Niterói, soube que essa biblioteca, que eu havia conhecido cinco anos antes, seria reinaugurada. Vim dar uma olhada e fiquei tão impressionada que resolvi ficar mais uns dias para aproveitar o espaço. Passei a vir dias seguidos e acabei resolvendo me mudar para Niterói por causa da biblioteca. Agora, venho todos os dias para ler, entrar na internet, visitar a sala das crianças e desfrutar este lugar - afirma. - Eu amo a biblioteca, é um dos locais mais gostosos desse mundo. Posso afirmar sem sombra de dúvidas que é o lugar no qual eu mais me sinto bem.
O depoimento de Esther é endossado pela diretora do espaço, Maria da Glória Blauth:
- O mais surpreendente para nós, que trabalhamos aqui, foram os depoimentos dos frequentadores, com elogios e incentivo. Nunca havíamos tido esse retorno. É uma grande alegria chegar aqui às 9h, uma hora antes da abertura, e ver que já há uma fila de pessoas na porta esperando para usar o espaço. Posso dizer que essa não foi apenas uma obra, foi uma restauração completa: do prédio; dos serviços; da equipe, pois agora temos jovens com nível superior que orientam os usuários sobre as diversas áreas de conhecimento; e da proposta de uso do espaço.
Frequentador da biblioteca há mais de 30 anos, o escritor Edgard Porto Filho ressalta que o novo ambiente e a estrutura bem equipada, com a informatização do acervo, tornaram-se um estímulo a mais para que ele mantivesse a assiduidade.
- Nos anos 60 e 70, eu vinha muitas vezes aqui para pensar, não só para ler, pois a gente vivia num período muito difícil, e a biblioteca era um espaço neutro, livre, onde se podia refletir. Com a reforma, a biblioteca virou um colírio para os olhos, ficou mais confortável. E a informatização também foi muito importante. Minha esposa e eu somos leitores vorazes - conta. - É muito bom entrar e ver que se está num espaço verdadeiramente cultural, e não apenas num depósito de livros. Os atendentes são muito atenciosos e prestativos, e esse bom atendimento cria um clima de convivência. A biblioteca é quase um oásis no meio do barulho da Rua da Conceição. Foi um grande presente que Niterói ganhou.
A BPN fez a diferença na vida da estudante Juliana Patrizi. Aluna do Liceu Nilo Peçanha e moradora de São Gonçalo, ela passou a estudar todos os dias na biblioteca desde a reinauguração do local. E garante que o espaço e os livros foram fundamentais para a sua aprovação no vestibular da Universidade Federal Fluminense (UFF):
- Descobri um mundo totalmente novo. Eu nunca tinha frequentado uma biblioteca, a não ser a da escola, que é diferente. Vi aqueles livros novos, os computadores, e tive um maior estímulo para estudar mais. Se eu tivesse que ir para casa estudar, levaria muito tempo, já que moro em São Gonçalo e minha escola é em Niterói.
Para estimular que os jovens que usam a biblioteca não fiquem restritos ao uso da internet, diferentes atividades culturais são realizadas no espaço. Aos sábados e domingos, às 10h e às 15h, há narração de histórias com música. Oficinas variadas, como a de confecção de marcadores de livros, ocorrem quase que diariamente. A partir de março, a programação, toda gratuita, será estendida, como adianta a diretora Maria da Glória:
- É preciso que as pessoas saibam que a biblioteca abre também nos fins de semana, por isso queremos colocar atividades atrativas para conquistar um público cada vez maior. A partir de março, haverá os projetos "Hora da poesia" e "Contos e causos", com leituras de textos, e "Zum, zum, zum", em que todas as atividades do espaço serão interrompidas e as pessoas serão convidadas a ler um trecho de um livro, ou fazer uma dramatização. Isso vai ocorrer sempre às terças, às 14h. O "Cinema com pipoca", com a exibição de filmes, ocorrerá quinzenalmente. E quero muito fazer um encontro de avós e netos para narração de histórias.

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