28 de jul. de 2012

Diga-me o que consegues ler e saberei o que publicar

Autor: Carlo Carrenho. Data: 19/07/2012.
URL: http://publishnews.wordpress.com/2012/07/19/diga-me-o-que-consegues-ler-e-saberei-o-que-publicar/
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Brasil possuía 14,1 milhões de analfabetos maiores de 15 anos em 2009, ou 9,7% desta população. Os dados foram publicados em 2010 na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e referem-se ao ano anterior. O número vem diminuindo timidamente. Era 11,5% em 2004, por exemplo. E, considerada a história social no Brasil, a taxa de analfabetismo nacional até surpreende de maneira positiva. Mas como o mercado editorial deve interpretar e analisar tais dados? Se 9,7% são analfabetos, isto quer dizer que o mercado potencial de compradores de livros é 90,3% da população acima de 15 anos? Infelizmente, ainda estamos longe disso, como mostra a pesquisa Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), cuja edição de 2011 acaba de ser publicada pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa.
A importante iniciativa completou 10 anos, e agora é possível uma visão panorâmica da década que vai entre 2001 e 2011. O grande diferencial do Inaf é que ele divide o analfabetismo em 4 níveis, sendo 3 referentes ao grupo chamado de alfabetizados pelo IBGE.
 Vamos a eles:
Analfabetismo: corresponde à condição dos que não conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases.
Nível rudimentar: corresponde à capacidade de localizar uma informação explícita em textos curtos e familiares (como, por exemplo, um anúncio ou pequena carta).
Nível básico: as pessoas classificadas neste nível podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas, pois já leem e compreendem textos de média extensão, localizam informações mesmo que seja necessário realizar pequenas inferências. Mostram, no entanto, limitações quando as operações requeridas envolvem maior número de elementos, etapas ou relações.
Nível pleno: classificadas neste nível estão as pessoas cujas habilidades não mais impõem restrições para compreender e interpretar textos em situações usuais: leem textos mais longos, analisando e relacionando suas partes, comparam e avaliam informações, distinguem fato de opinião, realizam inferências e sínteses.
Baseado nestes níveis, o Inaf demonstra que durante os últimos 10 anos houve uma redução do analfabetismo absoluto e da alfabetização rudimentar, assim como um incremento do nível básico de habilidades de leitura e escrita. No entanto, a proporção dos que atingem um nível pleno de habilidades manteve-se praticamente inalterada, em torno de 26%, como mostra a tabela abaixo:
(...) O Inaf está disponível para download e traz muitos outros dados não abordados aqui, especialmente análises específicas de segmentos populacionais por classe social, região e sexo. Vale a leitura.

Nota do blog: o texto completo do documento do INAF está no URL: http://www.ipm.org.br/download/informe_resultados_inaf2011_versao%20final_12072012b.pdf

2 comentários:

André Porto Ancona Lopez disse...

Um país que tem a necessidade de produzir indicadores e categorias de analfabetos denota que há um profundo desequilíbrio nas prioridades dos gastos públicos. Os dados do relatório apenas corroboram isso: temos apenas 25% de alfabetizados (o resto é apenas estatística e casuísmo para melhor mascarar dados que não condizem com o marketing de Brasil=6ª economia mundial, porém são perfeitamente adequados ao Brasil=70ºIDH (apenas um pelinho acima das nações de médio desenvolvimento humano). Será que na Noruega há pesquisas sobre analfabetismo funcional, rudimentar, básico e pleno?

Anônimo disse...

O professor está correto. O melhor indice eh o IDH.