20 de nov. de 2013

Biblioteca rural na Amazônia empresta mil livros no primeiro mês



Fonte: Boa Informação. Data: 19/11/2013.
URL: www.boainformacao.com.br/2013/11/biblioteca-rural-na-amazonia-empresta-mil-livros-no-primeiro-mes-2/
Autoria: Gabriela Romeu.
Márcio Roberto Sousa Pereira, 31, é professor da escola da comunidade Tracajatuba, em Macapá (AP), onde ajudou a erguer a sede da biblioteca Vaga Lume. O educador conta que cada morador colaborou como podia na construção – com uma telha, alguns tijolos ou a própria força de trabalho.
As histórias dos livros também vão à casa dos moradores. Os mediadores de leitura escolhem um local, espalham em esteiras o acervo literário e leem para criança, adulto e idoso. Nesses encontros, netos leem para seus avós.
“Os livros são uma janela para o mundo”, diz o mediador da Vaga Lume, associação criada pela finalista do Prêmio Empreendedor Social 2013 Sylvia Guimarães que, por meio da leitura, da escrita e da oralidade, faz intercâmbios culturais e apoia a auto-gestão de bibliotecas comunitárias, que promovem o protagonismo de comunidades rurais da Amazônia.
 “Quando o projeto veio para a comunidade, por volta de 2009, nosso déficit de leitura era grande. E a quantidade de livros na escola era pequena. O acervo que veio da Vaga Lume, na primeira vez, já chamava a atenção. As crianças gostaram demais e vieram para a biblioteca.
No começo, a biblioteca funcionava na escola. Depois, foi para a casa de uma moradora, da Jucirana, mas [o local] era aberto, não tinha telhado, e, na época da chuva, não dava para fazer as mediações de leitura. Fomos para a sede comunitária, que era usada para reuniões e não era adequada também.
Em 2011, conseguimos R$ 500 para fazer uma biblioteca na comunidade. Só que o dinheiro não era suficiente. Então, convidamos todo mundo para construir a biblioteca. Várias pessoas colaboraram: tinha gente que doava pedra para fazer a fundação; outros, areia e tinta. Teve até gente que doou duas telhas.
Quando a gente estava construindo, as pessoas passavam e perguntavam: ‘O que é isso? Quem está pagando?’. Eu explicava que é a biblioteca da comunidade e que todo mundo estava contribuindo, podia ser até com uma pedrinha. Teve quem pregasse duas ou três tábuas.
No primeiro mês que abrimos, tivemos mil empréstimos de livros. À tarde, por volta das 16h, fica uma sombra imensa aqui na porta. A gente estica as esteiras, espalha os livros e as crianças vêm ler.
A gente também leva os livros para outras comunidades, faz mediações de leitura. A maior parte dos idosos é analfabeta, e as crianças leem para eles.
O mais bonito é ver as pessoas chorando. A gente chora junto. Eles mandam todo dia o filho para a escola. Mas, quando o filho chega em casa e está lendo um livro assim, é difícil segurar, é muito emocionante.
Os livros são uma janela para o mundo. Aqui eles enxergam o mundo.”

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