Fonte: JC
e-mail. Data: 15/05/2012.
A
Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos anunciou que o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso receberá o Prêmio John W. Kluge. A distinção, que
inclui o montante de US$ 1 milhão, será entregue em Washington, no dia 10 de
julho.
O Prêmio
Kluge distingue acadêmicos das áreas de ciências humanas e sociais, categoria
não abrangida pelo Nobel. Lançado em 2003, o Kluge é internacional e não tem
periodicidade. Foi entregue pela última vez em 2008.
Entre os
sete ganhadores anteriores estão o filósofo francês Paul Ricoeur, o filósofo
polonês Leszek Kolakowski e os historiadores John Hope Franklin (dos Estados
Unidos) e Yu Ying-shih (nascido na China e radicado nos Estados Unidos).
"Sua
análise acadêmica das estruturas sociais do governo, da economia e das relações
raciais no Brasil estabeleceram a base intelectual para sua liderança como
presidente na transformação do Brasil de uma ditadura militar com alta inflação
em uma democracia vibrante e mais inclusiva com forte crescimento
econômico", destacou a Biblioteca do Congresso em comunicado a respeito da
escolha de Cardoso.
A
instituição também ressaltou a "enorme energia intelectual" do
ex-presidente do Brasil, autor ou co-autor de mais de 23 livros acadêmicos e de
116 artigos científicos.
"Cardoso
tornou-se internacionalmente conhecido pela análise inovadora desenvolvida com
o chileno Enzo Faletto no debate das melhores alternativas para o
desenvolvimento. Essa estrutura interpretativa abriu o caminho para novas
ideias e alternativas e influenciou gerações de acadêmicos na América Latina,
nos Estados Unidos e no mundo, antecipando o conceito posterior de
'globalização'", diz o comunicado. O trabalho em parceria com Faletto está
no livro 'Dependência e Desenvolvimento na América Latina', de 1969.
A
Biblioteca do Congresso também destacou os anos de exílio de Cardoso, durante o
regime militar no Brasil, nos quais "publicou prolificamente" e
lecionou em instituições líderes na América Latina, França e Estados Unidos.
"Sua produção argumenta que o desenvolvimento econômico pode florescer
juntamente com o bem-estar social em uma sociedade liberal."
Professor
emérito da Universidade de São Paulo, Cardoso foi presidente do Brasil de 1995 a 2002, tendo antes
sido senador da República (1983
a 1992), ministro das Relações Exteriores (1992) e
ministro da Fazenda (1993 e 1994).
"O
presidente Cardoso tem sido o acadêmico moderno que combina o estudo
aprofundado com o respeito pela evidência empírica. Sua aspiração fundamental é
buscar sobre a sociedade a verdade que melhor possa ser determinada, enquanto
se mantém aberto à revisão de conclusões diante de novas evidências",
disse James Billington, responsável pela Biblioteca do Congresso.
"Em
termos puramente acadêmicos, Fernando Henrique Cardoso deve ser considerado o
mais destacado cientista político do fim do século 20 na América Latina",
disse Billington.
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