Fonte: Público
(Portugal). Data: 24/11/2015.
URL:
www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/biblioteca-iraniana-tem-um-dos-mais-antigos-manuscritos-da-biblia-1715429
A Biblioteca Central de Tabriz (Irão) guarda uma
das mais antigas edições de uma parte da Bíblia – um manuscrito do livro Actos
dos Apóstolos, do Novo Testamento, que conta a história das origens
cristãs. O livro foi escrito em siríaco, uma língua que viria a ser substituída
pelo árabe, e é feito em pele de peixe. Devido à sua importância, o
Vaticano já mostrou interesse em comprá-lo.
“Representantes do Vaticano propuseram, em diversas
ocasiões, comprar o manuscrito à Biblioteca Central de Tabriz e estavam prontos
para oferecer um cheque em branco”, disse a semana passada Manuchehr Jafari,
responsável pela organização das bibliotecas públicas da província do
Azerbaijão Oriental, ao jornal iraniano Farhikhtegan. Pelo valor
espiritual e material que detém – segundo o jornal espanhol El Mundo terá
mesmo chegado, "em tempos muito antigos", a servir de
garantia à moeda iraniana –, o Irão tem-se recusado a vendê-lo.
Há 80 anos, o dono do manuscrito tencionava
vendê-lo no estrangeiro, mas foi impedido pelo governo iraniano. O documento
ficou então guardado na Biblioteca Central de Tabriz. Segundo o jornal espanhol
El Mundo, as páginas do manuscrito “conservam em perfeito estado a tinta
com que foi estampado o texto”.
Não se sabe quando foi redigido nem como é que foi
levado para o Irão, mas segundo o mesmo jornal, os especialistas responsáveis
pela análise do manuscrito asseguram que foi restaurado pela última vez há 800
anos.
Numa primeira fase, os especialistas julgaram
tratar-se de um conjunto de livros sagrados que, segundo o islamismo,
teriam sido revelados por Deus antes do Corão, como o Zabur (o livro de David)
ou a Torah de Moisés, mas peritos europeus na língua siríaca perceberam que se
tratava, afinal, de uma parte do Novo Testamento.
Uma das questões que este manuscrito levanta é a do
seu grau de fidelidade ao original, que foi redigido em grego koiné, ou
helénico, uma conformidade difícil de certificar por serem muito poucos, em
todo o mundo, os especialistas com um conhecimento profundo da antiga língua
síríaca
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