Autoria: Marcelo
Guilherme.
Fonte:
Em Tempo. Data: 16/04/2017.
URL:
http://www.emtempo.com.br/pesquisadora-estimula-a-leitura-cacando-bibliotecas/
Aluta
pelo fortalecimento das bibliotecas públicas começou em 2012, quando, ao lado
de alguns amigos, a bibliotecária formada pela Universidade Federal do Amazonas
(UFAM), Soraia Magalhães, doutoranda no Programa de Doutorado en Formación en
la Sociedad del Conocimiento, pela Universidade de Salamanca, na Espanha, deu
início ao Movimento Abre Biblioteca, com objetivo de acelerar o processo de
reabertura da Biblioteca Pública do Amazonas.
No
entanto, o trabalho de criar meios de favorecer a visibilidade desses espaços e
fazer com que mais pessoas se interessassem por adentrar os ambientes e
utilizar acervos e serviços apenas teve início com a criação do blog “Caçadores
de Bibliotecas”, logo que a especialista percebeu durante o período que
ministrava aulas para alunos do curso de biblioteconomia da Universidade
Federal do Amazonas, que eram muito poucos os mesmos que conheciam uma
biblioteca.
De
lá para cá, a bibliotecária tem realizado um trabalho longo e já possui em seu
acervo de pesquisa um montante de quase 500 bibliotecas de diferentes tipos
visitadas e fotografadas, dessas incluindo mais de 50% do Estado do Amazonas.
“Tenho inclusive todas as 44 bibliotecas de todo o Sistema de Bibliotecas
Públicas de Estocolmo e várias outras de cidades suecas. O uso da fotografia
desde o princípio foi utilizado como forma de promover acesso visual, bem como
gerar informações sobre serviços bibliotecários e atividades relacionadas à
cultura informacional”, explica Soraia.
Ao
todo, ela já percorreu 20 países: Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba,
Espanha, Estados Unidos, Estônia, França, Finlândia, Itália, Inglaterra,
Marrocos, México, Panamá, Portugal, Suécia, Peru, Venezuela, Uruguai. “Cada
experiência de viagem abre novas visões sobre o modo de pensar as bibliotecas e
a própria biblioteconomia. O que mais me chama a atenção nessas experiências
são as possibilidades de observar serviços realizados e a constatação de que
quando esses serviços existem há um público ávido por usufruir”, aponta. “Nas
bibliotecas da Suécia, durante várias horas do dia é possível dispor de ações
voltadas para atender todos os públicos, crianças, adolescentes, estrangeiros,
idosos, enfim, todos, e com propostas que se abrem como oportunidades que vão
além do livro impresso”, diz.
Pesquisa
no interior
Mas
um dos feitos de que Soraia Magalhães afirma ter tido muito orgulho e o qual
considera significativo foi visitar mais de 50% do Estado do Amazonas, em busca
de novas bibliotecas (lembrando que o Amazonas é o maior estado brasileiro).
Segundo ela, embora seja difícil e duro afirmar, ainda são raros lugares no
Amazonas que possuem de fato bibliotecas públicas. “Nos dias atuais não é mais
possível conceber uma sala com algumas estantes de livros (alguns muito
defasados) como biblioteca pública. Os lugares, na grande maioria, são
exatamente depósitos de livros. Ambientes feios, sujos, desestimulantes”,
afirma.
Localidades
percorridas
Segundo
o trabalho de pesquisa realizado por ela, a maioria das cidades visitadas não
realiza serviços de empréstimos domiciliares tampouco computadores com acesso à
internet. “Pode-se dizer que o acesso ao livro é mais difícil no interior, pois
as novidades literárias não estão disponíveis nos acervos das bibliotecas
públicas. Inclusive, a maioria das bibliotecas públicas não dispõe de livros
infantis para estimular logo nos primeiros anos o interesse desse público pela
leitura”, atesta a pesquisadora.
Somente
entre janeiro e março de 2017, Soraia percorreu 17 localidades amazônicas.
Dessas, algumas eram retornos, para realização do comparativo de condições de
como estavam em relação às condições que havia conhecido entre 2012 e 2013.
“Visitei este ano Itacoatiara, São Sebastião do Uatumã, Urucurituba,
Itapiranga, Tabatinga, Benjamin Constant, Atalaia do Norte, Tefé, Coari,
Codajás, Anori, Manacapuru, Autazes, Nova Olinda do Norte e também por estar na
região da tríplice fronteira, visitei as cidades de Letícia, na Colômbia e
Santa Rosa e Islândia, no Peru”, enumera.
Relação
com os rios
De
acordo com ela, seus estudos refletem sobre as cidades do Amazonas, numa
perspectiva voltada para conhecer as bibliotecas públicas ou outros
equipamentos culturais do Estado. “Tenho uma ligação antiga com o Núcleo de
Estudos e Pesquisas das Cidades da Amazônia Brasileira (Nepecab), do curso de
geografia da Ufam, que me motiva desde 2011 a pensar sobre nosso povo e a
relação das cidades com os rios e suas dinâmicas”, diz.
A
pesquisadora conta que a ideia inicial era gerar diagnósticos, hoje, bem mais
que isso, é também indagar e refletir sobre as consequências da falta de acesso
à informação e à cultura no ambiente das cidades amazônicas. “A meta agora é
percorrer todo o Amazonas e transformar essa experiência em um livro sobre os
equipamentos culturais encontrados”, conclui.
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