Fonte original: Estadão
Conteúdo.
Publicado em: A Tribuna.
Data: 19-05-2017.
URL: http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/cultura/busca-por-livros-cai-70-em-bibliotecas/?cHash=1ba68d4778cdd49c3e3cc479a868ee1bA administração fez modificações no horário de funcionamento dos equipamentos e espera ampliar público
A
consulta aos livros nas bibliotecas do Estado caiu 70% entre 2007 e 2016,
passando de 2,3 milhões para 733 mil, conforme dados obtidos em relatórios do
Sistema Municipal de Bibliotecas e tabulados pelo Estado. A administração
municipal fez modificações no horário de funcionamento dos equipamentos e
espera, com isso, ampliar o público em até 50%.
A reportagem visitou seis bibliotecas municipais em diferentes
pontos da cidade e encontrou em todas o mesmo cenário de falta de público. Por
outro lado, os chamados telecentros - espécie de cyber café municipal no mesmo
espaço das bibliotecas - estavam sempre lotados.
A Biblioteca Infantil Clarice Lispector, na Lapa, zona oeste da
cidade, teve queda de 54% no número de consultas no período avaliado. O total
de consultas despencou de 35,4 mil, em 2007, para 16,3 mil, no ano passado.
Durante a visita da reportagem, por volta das 11 horas de uma quinta-feira,
havia somente dois visitantes.
O estudante Lucas Oliveira, de 17 anos, acompanhava a irmã Marina,
de 8 anos, que estudava no local. "Gosto de trazer ela aqui para ficar
mais perto dos livros. Mas nunca foi um lugar muito cheio. Eu só venho porque é
perto de casa", contou. Um dos chamarizes para o estudante foi a chegada
de Wi-Fi na biblioteca municipal. "Acho que vai atrair público."
Na Biblioteca Arnaldo Magalhães, no Tatuapé, zona leste da cidade,
que teve apenas 1,3 mil consultas a livros no ano passado - o menor índice de
todo o sistema municipal -, também haviam apenas duas pessoas quando o Estado
esteve no local: a dona de casa Nádia Verônica Oliveira Martins, de 29 anos, e
o filho Davi, de 7 anos. "É sempre vazio assim mesmo", contou
Verônica.
Se as cadeiras da biblioteca ficam vazias, o mesmo não pode ser
dito sobre o telecentro, que tinha até fila para acessar os computadores.
"É sempre assim: vazio de um lado e cheio do outro. Se antes recebíamos
200 visitantes em um dia, hoje não chega a 30", relatou um funcionário.
Creche
Quem vê a movimentação da Biblioteca Jamil Almansur Haddad, em
Guaianases, na zona leste paulistana, nem desconfia que o índice de consultas
vem caindo ano a ano. Durante a visita da reportagem, no período da tarde, a
unidade estava lotada, mas não pelos livros: havia uma fila de crianças que
queriam acessar os mais diversos tipos de jogos nos computadores do telecentro.
"Muitas vezes tem alguma escola municipal sem aula aqui na região e os pais
mandam a criança pra cá", afirmou uma funcionária do telecentro.
O secretário de Cultura, André Sturm, afirmou que "nossa
métrica não é a de consultas, mas a de levar pessoas para a biblioteca".
"Se o cidadão for para a biblioteca para fazer um trabalho usando o Wi-Fi
ou utilizar o computador, isso não aumenta consulta. Mas estamos dando mais
utilidade para as bibliotecas."
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