19 de out. de 2013

Emprego no setor cultural cai 15,6%


Fonte: Estado de S. Paulo, Caderno 2. Data: 19/10/2013.

Autoria: Luciana Nunes Leal.

Desde a crise de 2009, a Cultura vem perdendo espaço na economia nacional e o cenário é mais preocupante na geração de emprego. Entre 2009 e 2012, o número de pessoas ocupadas no setor cultural caiu 15,6%, enquanto na economia geral a quantidade de trabalhadores subiu 2,2%. O resultado é o oposto do que a Cultura registrou entre 2007 e 2009, quando o crescimento dos empregados no setor superou o desempenho nacional. Há avanços em relação aos gastos públicos, mas muito lentos: apenas 0,3% do total de despesas da União, Estados e municípios em 2010 foram destinados à Cultura, proporção pouco maior que o 0,25% de 2007.

Os dados estão na terceira edição da pesquisa Sistema de Informações e Indicadores Culturais, divulgada ontem pelo IBGE, que consultou cinco diferentes bases de dados. A radiografia da cultura como atividade econômica mostra que, em 2012, havia 3,6 milhões de empregados em atividades culturais, 673 mil a menos que em 2009.

Presente à cerimônia de divulgação do estudo, na manhã de ontem, o secretário executivo do Ministério da Cultura, Marcelo Pedroso, disse que a Cultura é mais sensível aos percalços da economia, mas apostou na recuperação do setor a partir de 2013 e nos efeitos positivos do Vale-Cultura, que começa a funcionar este mês. "O período retratado na pesquisa foi de crise mais intensa, e os empreendimentos culturais são mais suscetíveis a crises desse tipo, A Cultura cresce, mesmo não sendo no mesmo ritmo que a economia geral. O Vale-Cultura vai propiciar muitas mudanças, aumentar a demanda, criar novos negócios, oportunidades. E difícil apontar qual é a proporção ideal de gastos públicos em Cultura, mas o importante é o crescimento constante do investimento", disse Pedroso. O Vale-Cultura poderá ser usado por 42 milhões de trabalhadores contratados em regime de CLT e prevê crédito mensal de R$ 50.

Em 2010, o total de gastos públicos em Cultura foi de R$ 7,25 bilhões e de R$ 4,41 bilhões em 2007. Descontada a inflação do período, houve aumento de 41%. Os municípios têm os maiores gastos em Cultura, chegando a 1,1%. Os Estados reservam para a Cultura 0,5% das despesas e a União, só 0,1%, Os gastos somam investimentos, custeio (manutenção, pagamentos de fornecedores, etc.) e folhas de pagamento. A despesa per capita com Cultura tem crescido ano a ano, segundo o IBGE. Em 2010,chegou a R$ 38,04 por pessoa, quase três vezes o valor de 2003, de R$ 12,9 per capita.

O estudo informa que uma possibilidade para a redução das pessoas ocupadas no setor cultural é que os trabalhadores tenham encontrado emprego formal em outras áreas da economia. O número de trabalhadores em Cultura sem carteira assinada caiu 8% entre 2009 e 2012 enquanto a queda dos trabalhadores formais foi de 4%. Os dados não permitem saber que setores absorveram os ex-empregados na Cultura e se houve formalização desses profissionais.

"A qualidade do emprego na Cultura melhorou", resume o coordenador de Trabalho e Renda do IBGE, Cimar Azeredo. "É possível que trabalhadores em Cultura, no período mais agudo, tenham procurado outra forma de garantir remuneração. Acredito que a Cultura deixou de ser a atividade principal, mas não que esses profissionais deixaram de atuar em Cultura", diz Pedroso.

A Cultura cresceu em ritmo mais lento que a economia geral na criação de empresas e geração de receita. Em 2010, havia 400 mil empresas e outras organizações (órgãos públicos e instituições sem fins lucrativos) no setor cultural, 9% a mais que em 2007. O número total de empresas e organizações formais cresceu 16% no período. Em 2007, 8,3% das empresas formais do País eram do setor cultural, proporção que caiu para 7,8% em 2012. Mais da metade (55,5%) é do setor de serviços, 39,7% do comércio e 4,8% da indústria.

A Cultura perdeu espaço também na geração de receita. Em 2007, as empresas do setor cultural geraram 8,9% de toda a receita do País. Em 2010, a participação caiu para 8,3%.

● Números

0,3% foi o valor do total de despesas da União, Estados e municípios destinados à Cultura em 2010.

8,3% foi a receita gerada pelas empresas do setor cultural em 2010.

R$ 38,04 foi a despesa per capita com Cultura em 2010 - quase três vezes o valor de 2003.

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