Fonte: FAFESP. Data: 5/12/2014.
URL: http://agencia.fapesp.br/scielo_anuncia_medidas_para_internacionalizacao_de_periodicos_cientificos/20356/
Autoria: Diego Freire
Com o objetivo de
contribuir para a internacionalização dos periódicos científicos produzidos no
Brasil, a biblioteca eletrônica SciELO (sigla de Scientific Eletronic Library
On Line), mantida pela FAPESP,
anunciou novos critérios para indexação em sua plataforma.
O anúncio foi
feito durante a 4ª Reunião Anual da SciELO, realizada no dia 2 de dezembro, na
sede da FAPESP. De acordo com Abel Laerte Packer, diretor do programa SciELO,
as medidas anunciadas devem levar a uma “progressiva reconfiguração dos
periódicos do Brasil e das pesquisas que comunicam no contexto internacional da
ciência”.
“A ciência é, por
natureza, internacional. Um esforço que o Brasil vem fazendo em geral – e a
FAPESP em particular – é o de dar visibilidade à pesquisa que o país faz,
aumentando a colaboração internacional. E nisso os periódicos brasileiros
deverão cumprir um papel importante, não só no fortalecimento da presença lá
fora como também trazendo autores internacionais e artigos de bom nível para os
periódicos do Brasil”, disse Packer à Agência FAPESP.
Os critérios
servem para a indexação de novos periódicos e para a permanência dos que já
compõem a coleção SciELO Brasil. Para Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor
científico da FAPESP, a internacionalização refletirá no impacto das
publicações.
“É um esforço que,
somado a outros, contribuirá para a inserção dos nossos pesquisadores no
contexto internacional da ciência, aumentando sua competitividade. Nossa
produção científica cresce consideravelmente e o desafio agora é aumentar seu
impacto”, disse Brito Cruz durante a reunião.
As medidas
anunciadas abrangem critérios relacionados com a gestão dos processos
editoriais, a afiliação dos autores dos artigos e o idioma de publicação, com
prazos definidos por área do conhecimento.
A implementação
das medidas será avaliada com base em indicadores relacionados à evolução da
porcentagem de artigos publicados em inglês e de autores com afiliação
estrangeira, além do aumento da proporção de pesquisadores de outros países que
exerçam as funções de editores associados e pareceristas.
Também será
avaliado o número de downloads originários do Brasil e do exterior, a
quantidade de citações por artigos concedidas por autores estrangeiros, tendo o
SciELO Citation Index como fonte de referência de cálculo, e a evolução da
presença nas redes sociais, com base no índice da Altmetric.com.
Metas por áreas
Os valores de
referência utilizados na avaliação da internacionalização dos periódicos foram
definidos pelo Comitê Consultivo da SciELO, divididos por áreas temáticas, e
sua adoção tem diferentes prazos, variando de um a cinco anos.
“Cada área tem
suas idiossincrasias, seus objetivos e legados históricos, então os critérios
foram, na medida do possível, adaptados à realidade de cada uma delas e às
tendências observadas nos últimos anos”, explicou Packer. As publicações são
divididas em oito grandes áreas: Agrárias; Biológicas; Engenharias; Exatas e da
Terra; Humanas; Linguística, Letras e Artes; Saúde; e Sociais Aplicadas.
A partir de
janeiro de 2016, os periódicos indexados deverão atender às porcentagens
mínimas esperadas de editores associados ativos com afiliação institucional no
exterior, segundo a área temática.
Para os de
Ciências Agrárias, por exemplo, o mínimo é de 20% e o recomendado é de 30%. Já
para os de Ciências Sociais Aplicadas, o mínimo é de 15% e o recomendado, 25%.
Somando-se as metas de todas as áreas, a SciELO espera ter todos os periódicos
com, no mínimo, 20% de editores associados ativos com afiliação estrangeira.
Os novos critérios
incluem ainda porcentagens anuais mínimas esperadas e recomendadas de autores
com afiliação institucional no exterior, também por área temática. As metas vão
de 15%, para Ciências Agrárias, a 30%, para Biológicas, Engenharias, Exatas e
da Terra. Assim, a SciELO espera chegar a até 35% de autores com filiação
estrangeira.
O idioma em que os
artigos são publicados também foi contemplado pelas mudanças. Os trabalhos
devem conter título, resumo e palavras-chave no idioma original do texto e em
inglês. “O modelo da SciELO permite a publicação simultânea em dois ou mais
idiomas. Os periódicos devem maximizar o número de artigos originais e de
revisão em inglês com vistas à sua internacionalização”, disse Packer.
Os periódicos da
área da Saúde, por exemplo, deverão ter pelo menos 80% de seus artigos
originais e de revisão em inglês. Somando-se as metas de todas as áreas, a
SciELO espera ter 75% das publicações nessas condições.
Profissionalização
Rogerio Meneghini,
diretor científico da SciELO, explicou que os novos critérios de indexação
também têm o objetivo de garantir a sustentabilidade dos periódicos. “As metas
foram elaboradas com o objetivo de acelerar a profissionalização dos periódicos
e torná-los sustentáveis em médio e longo prazo, num cenário de crescente
competitividade internacional”, disse.
Dessa forma, além
de artigos, os novos critérios contemplam outros documentos publicados pelos
periódicos, como editoriais. Foi definido pela SciELO que, a partir de 2015,
somente serão indexados, publicados e incluídos nas métricas de desempenho dos
periódicos da coleção documentos que apresentem conteúdo científico relevante.
Dessa forma, os
documentos deverão apresentar conteúdo científico que justifique sua indexação,
incluindo dados de autoria, afiliação institucional, referências bibliográficas
e informações com potencial para receber citações.
Além dos
editoriais, serão indexados, publicados e incluídos nas métricas de desempenho
da SciELO documentos como adendos, artigos de pesquisa, artigos de revisão,
cartas, coleções, comentários de artigo, comunicações breves, discursos,
discussões, erratas, introduções, normas, relatos de caso, resenhas críticas de
livro, respostas e retratações, entre outros.
Não serão considerados
anúncios, calendários, chamadas, livros recebidos, notícias, obituários,
reimpressões, relatórios de reunião, resumos, revisões de produto, teses e
traduções.
Plano de
divulgação
Todos os
periódicos SciELO devem operar com apoio de um sistema de gestão on-line até o
final de 2015. Isso deverá tornar mais eficiente o processo de avaliação,
diminuir o tempo entre a submissão e o parecer final, permitir que as partes
envolvidas acompanhem o processo de avaliação e obter registros e estatísticas de
controle do fluxo de gestão dos manuscritos.
“Também
recomendamos a disponibilização dos dados das pesquisas utilizados nos artigos
em repositórios de acesso aberto, contribuindo para que os trabalhos sejam
replicados e para que aumente a visibilidade e as citações”, disse Meneghini. A
disponibilização dos dados passará a ser critério de avaliação a partir de
2015.
Os novos critérios
para avaliação da profissionalização dos periódicos contemplam ainda a
comunicação social das publicações. A partir de julho de 2015 será exigido pela
SciELO um plano operacional de marketing e divulgação, incluindo a gestão de
contatos de pesquisadores potenciais, autores e usuários nacionais e
internacionais e leitores, entre outros públicos, e a produção de press
releases de cada novo número ou de novos artigos selecionados.
“Também esperamos
que, a partir dessa data, os periódicos comuniquem suas novas pesquisas nas
redes sociais, podendo inclusive utilizar os canais da SciELO nesses ambientes,
como o Blog SciELO em Perspectiva”, orientou Packer. “É um esforço em diversas
frentes que vai elevar nossos periódicos a um novo patamar e, em última
instância, contribuir com a evolução da ciência no Brasil e no mundo.”
O documento com os
novos critérios para admissão e permanência de periódicos científicos na
coleção SciELO Brasil, assim como a política que orientou sua elaboração e os
procedimentos exigidos, está disponível em www.scielo.br/avaliacao/avaliacao_pt.
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