Fonte: Agência
Brasil. Data: 9/08/2012.
Autor: Flávia Albuquerque.
A notícia de que quase a metade dos
brasileiros nunca teve acesso à leitura é vista com preocupação pela ministra
da Cultura, Ana de Hollanda, e segundo ela, é o que motiva o governo a
intensificar os trabalhos e campanhas de incentivo à leitura. Ana explicou hoje
(9), depois de participar da abertura da 22ª Bienal do Livro em São Paulo, que
esta é a realidade em locais mais distantes das grandes cidades ou nas
periferias, por isso estão sendo levados a essas áreas projetos que visam a
estimular a leitura.
“No Plano Nacional do Livro e
Leitura investimos este ano R$ 373 milhões na criação de bibliotecas, no
circuito de feiras de livros, campanhas, na compra de acervo para doar para
bibliotecas, procurando dar um atrativo a mais com bibliotecas modernas e
interativas. Queremos que a garotada não se sinta inibida de entrar [nas
bibliotecas]. Estará entrando em um espaço moderno, gostoso”, disse a ministra.
Ana explicou que a ideia é
estimular a leitura não só do livro didático e da matéria da escola, mas criar
o hábito de ler todos os tipos de literatura e aprender a viajar com as letras.
“Essa leitura é uma extensão do trabalho da educação”. Ela citou um dos
programas do governo que visa a levar a leitura a áreas onde a ler não é um
hábito familiar e explicou que agentes de leitura atuam em localidades de todo
o Brasil para mudar essa realidade.
“Eles [os agentes de leitura]
ganham um kit com bicicleta, livros e mochila e vão às comunidades no Brasil
afora visitando as casas, emprestam livros e voltam depois de 20 dias. Aí
juntam a vizinhança para discutir o que foi lido. Estamos levando isso para as
escolas rurais também, para trabalhar o livro pelo prazer do livro, para sair
do leitor funcional que lê e não absorve o que leu”, disse.
A presidente da Câmara Brasileira
do Livro, Karine Pansa, disse que o fato de só metade da população ter acesso a
livros transforma o mercado editorial brasileiro em algo com extremo potencial
de crescimento. Em 2011, o mercado cresceu 9,8% na produção e venda de livros,
registrando quedas consecutivas no preço dos exemplares de 2004 a 2011,
chegando a 45%. “De acordo com uma pesquisa que temos, quanto maior a renda,
maior o consumo de bens culturais, incluindo o livro”.
Para Karine, quanto mais letrado e
institucionalizado o conhecimento, maior vai ser o consumo de livros e, assim,
o preço será adequado à classe social do cidadão. Karine diz que o povo
brasileiro ainda tem possibilidade de aumentar o hábito de leitura. “Ainda há
98 milhões de habitantes no país que não leem. Os programas do governo são
muito bem-vindos, mas não são suficientes para estimular a leitura. Precisamos
nos unir com a iniciativa privada e com a sociedade civil para que seja um
conjunto de ações que fará o hábito da leitura ser melhorado”.
Karine reforçou a importância do
papel do professor no estímulo à leitura para crianças e adolescentes que não
estão acostumados a ver os pais lendo. “Se o aluno tem um professor leitor, ele
vai estimular os estudantes até que eles descubram um gênero que gostam de ler
e possam se tornar leitores. Os pais e o professor têm papel fundamental
nisso”, disse.
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