21 de mar. de 2017

Congresso de Biblioteconomia 2017



Eventos paralelos no 27º Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação 2017
Estamos trabalhando intensamente para a realização da 27º edição do CBBD 2017 terá como tema a “Agenda 2030 d0 desenvolvimento sustentável: como as bibliotecas podem contribuir com sua implementação”.
O Congresso acontecerá no período de 17 a 20 de outubro de 2017, no Centro de Eventos da cidade de Fortaleza, Ceará contará e nesta edição com 6 eventos paralelos sintonizados com os eixos temáticos, são eles:
  • III Fórum Brasileiro de Biblioteconomia Escolar coordenado por Prof. Dr. Claudio Marcondes – Presidente da Comissão Brasileira de Biblioteca Escolar e docente da USP;
  • 5º Seminário Nacional de Documentação e Informação Jurídicas, coordenado por Kelly Pereira de Lima (PGE-RJ);
  • IX Seminário Brasileiro de Bibliotecas das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, coordenado por Carolina da Rosa Ferreira Becker (Instituto Federal Catarinense);
  • IV EEPC Encontro de Estudos e Pesquisas em Catalogação, coordenado pela Profa. Dra. Zaira Regina Zafalon (UFSCar);
  • Fórum das Bibliotecas de Arte coordenado por Alpina Rosa (Presidente REDARTE RJ);
  • V Fórum Brasileiro de Bibliotecas Públicas coordenado pelo DLLB/ Ministério da Cultura;
  • V Reunião Nacional do Comitê Brasileiro de Desenvolvimento de Coleções coordenado pela Comissão Brasileira de Bibliotecas Universitárias da FEBAB.
O site do evento está disponível pelo www.cbbd2017.com


11 de mar. de 2017

Dia do Bibliotecário




Razões científicas para ler mais do que lemos



Autoria: Ignacio Morgado Bernal.
Fonte: El País (Madrid).
O Brasil tem mais leitores a cada ano. Em 2011, eram 50% da população. Em 2015, eram 56%, segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. Contudo, isso também significa que 44% da população não lê. Ainda pior: 30% nunca comprou um livro. Alguns argumentos científicos, em especial da neurociência, podem ajudar a melhorar esses índices.
A leitura é um dos melhores exercícios possíveis para manter o cérebro e as capacidades mentais em forma. Isso é verdade porque a atividade de leitura exige colocar em jogo um importante número de processos mentais, entre os quais se destacam a percepção, a memória e o raciocínio. Quando lemos, ativamos principalmente o hemisfério esquerdo do cérebro, que é o da linguagem e o mais dotado de capacidades analíticas na maioria das pessoas, mas são muitas outras áreas do cérebro de ambos os hemisférios que são ativadas e intervêm no processo.
Decodificar as letras, as palavras e as frases e transformá-las em sons mentais requer a ativação de grandes áreas do córtex cerebral. Os córtices occipital e temporal são ativados para ver e reconhecer o valor semântico das palavras, ou seja, o seu significado. O córtex frontal motor é ativado quando evocamos mentalmente os sons das palavras que lemos. As memórias evocadas pela interpretação do que foi lido ativam poderosamente o hipocampo e o lobo temporal medial. As narrativas e os conteúdos sentimentais do texto, seja ele ficcional ou não, ativam a amígdala e outras áreas emocionais do cérebro. O raciocínio sobre o conteúdo e a semântica do que foi lido ativa o córtex pré-frontal e a memória de trabalho, que é a que usamos para resolver problemas, planejar o futuro e tomar decisões. Está provado que a ativação regular dessa parte do cérebro desenvolve não apenas a capacidade de raciocinar, como também, em certa medida, a inteligência das pessoas.
A leitura, em última análise, inunda de atividade o conjunto do cérebro e também reforça as habilidades sociais e a empatia, além de reduzir o nível de estresse do leitor. A esse respeito, devemos destacar o excelente trabalho de revisão do romancista e psicólogo Keith Oatley, da Universidade de Toronto, no Canadá, recentemente publicado na revista científica CellPress, intitulado: Fiction: Simulation of Social Worlds (Ficção: Simulação de Mundos Sociais), que destaca que que a literatura de ficção é a simulação de nós mesmos em interação.
Depois de uma rigorosa e elaborada revisão de dados e considerações sobre psicologia cognitiva, Oatley conclui que esse tipo de literatura, sendo uma exploração das mentes alheias, faz com que aquele que lê melhore sua empatia e sua compreensão dos outros, algo de que estamos muito necessitados. Essa conclusão ainda é avalizada por neuroimagens, ou seja, por dados científicos que exploram a atividade cerebral relacionada com esse tipo de emoções. A ficção que inclui personagens e situações complexas pode ter efeitos particularmente benéficos. Assim, e como exemplo, um trabalho recém-publicado mostra que a leitura de Harry Potter pode diminuir os preconceitos dos leitores.
Tudo isso sem falar na satisfação e no bem-estar proporcionado pelo conhecimento adquirido e como esse conhecimento se transforma em memória cristalizada, que é a que temos como resultado da experiência. O livro e qualquer leitura comparável são, portanto, uma academia acessível e barata para a mente, a que proporciona o melhor custo/benefício em todas as fases da vida, razão pela qual deveriam ser incluídos na educação desde a primeira infância e mantidos durante toda a vida. Cada pessoa deve escolher o tipo de leitura que mais a motiva e convém.
As crianças devem ser estimuladas a ler com leituras adequadas às suas idades e os mais velhos devem providenciar toda a assistência que suas faculdades visuais necessitem para continuar lendo e mantendo seu cérebro em forma à medida que envelhecem. Uma razão a mais para que os idosos continuem a ler é a crença plausível de que não somos realmente velhos até que não comecemos a sentir que já não temos nada de novo para aprender.

Ignacio Morgado Bernal é diretor do Instituto de Neurociências da Universidade Autônoma de Barcelona, autor de Cómo Percibimos el Mundo: una Exploración de la Mente y los Sentidos (Como Percebemos o Mundo: uma Exploração da Mente e dos Sentidos).

Por que os governos nunca abraçaram as bibliotecas?



Autoria: Volnei Canonica.
Fonte: Publish News.
Volnei Canônica discorre em sua coluna sobre o papel das bibliotecas e o que tem sido feito para que elas recebam os cuidados que merecem
Está marcado para amanhã, quarta-feira (25), no Centro Cultural São Paulo (Ruas Vergueiro,1000, Paraíso – São Paulo / SP), um "abraçaço" promovido por bibliotecários, funcionários, mediadores de leitura e amigos das bibliotecas. O ato simbólico, no dia do aniversário de São Paulo, é para mostrar o descontentamento a uma das primeiras medidas do novo prefeito João Dória de privatizar as bibliotecas públicas.
Mas por que os governos no Brasil nunca abraçaram as bibliotecas escolares, públicas e comunitárias?
Quando praticamos o ato de abraçar queremos mostrar que: gostaríamos de estar bem perto, gostaríamos de proteger, gostaríamos de trocar afeto.
Mas o que vemos há anos dos governos municipais, estaduais e federal em relação a estes equipamentos democráticos? Um aceno de adeus ou no máximo um aperto de mão. Nunca um abraço!
A biblioteca pública é o equipamento cultural que está presente em quase todos os municípios brasileiros. Em se tratando de comparação temos o dobro de bibliotecas públicas em relação a museus e salas de cinema. Se somarmos então as bibliotecas escolares, comunitárias, universitárias e especializadas, podemos afirmar (nas diferentes funções que cada biblioteca exerce) que esses equipamentos são fundamentais para que, além da informação, a cultura da escrita e da imagem seja acessada pelos brasileiros.
Quero dizer para os que ficam em suas casas lendo ou os que conhecem os livros apenas nas livrarias, que estão redondamente enganados e que as nossas bibliotecas estão "as moscas". Essa afirmação geralmente é feita por quem nunca pisou em uma biblioteca. Então, parem de achar que a instituição biblioteca está falida.
Não sou ingênuo, ou melhor, sou um bom frequentador de todos os tipos de bibliotecas em várias regiões do país e sei que em muitos lugares o potencial deste equipamento está funcionando a menos de 30%. Sabemos da falta de estrutura, de acervo, de profissionais qualificados, etc. Mas sabemos que neste mesmo lugar se a biblioteca fosse abraçada pela gestão pública o potencial de formar leitores seria contemplado em 100%.
Quando o prefeito de São Paulo anunciou que irá entregar 52 bibliotecas para organizações sociais fazerem a gestão, ele dá um belíssimo aceno de adeus a todo o trabalho realizado durante anos na maior rede de bibliotecas municipais da América Latina e atesta que a capacidade da gestão pública de seu governo é fraca e ineficiente.
Quando alguém se propõe a ocupar um cargo máximo na gestão pública é porque acredita e quer investir nela. Assumir a gestão pública e sair privatizando os espaços é quase a mesma coisa que assumir uma empresa privada cheia de funcionários, não pensar na qualificação e carreira deles, e contratar várias assessorias para fazer o trabalho.
Sou extremamente a favor da parceria entre o público e o privado. Podem perfeitamente se abraçarem. Mas nunca um pode ocupar o lugar do outro. Coordenei durante cinco anos um programa de promoção da leitura, de um instituto privado, que apoia o fomento de bibliotecas escolares, públicas e comunitárias. O papel que exercíamos era o de potencializar o que essas bibliotecas tinham de melhor e evidenciar suas fragilidades para que pudessem se transformar em fortalezas. Nunca fizemos a gestão destes espaços, mas sim apoiamos com conhecimento e ferramentas e também nunca decidimos sobre o bem público. Não cabe ao setor privado decidir políticas públicas. Isso não o isenta da sua responsabilidade sobre o que é público. Às vezes é muito tênue a linha que separa o público do privado e por ser tênue é que precisa estar bem definido o que é de um e o que é de outro.
Se a contratação de organizações privadas for para ajudar na burocracia e agilizar a realização de ações nas bibliotecas acho que são bem vindas. Mas se for para tomar conta de tudo, acho que estão em desvio de função. Conheço bem o sistema de Bibliotecas Parques da Colômbia que trabalha justamente nessa dobradinha público-privado. O privado tem um papel importante de produtor e viabilizador das políticas educacionais e de promoção da leitura que é pensada e gerida pela gestão pública.
Não consigo entender porque os políticos não fazem esforços para qualificar a gestão pública. Cada vez mais o Estado fica sucateado. Se o voto não fosse obrigatório será que servidor público votaria em algum candidato?
Tenho certeza que algumas pessoas irão dizer, mas na Europa, Estados Unidos, Japão, as bibliotecas são diferentes, são melhores. Minha primeira resposta seria: O que parece bom pra você talvez não seja bom para mim ou outros brasileiros. Depois com mais calma (sim fico nervoso quando o assunto é bibliotecas) eu perguntaria: O que você faz para as bibliotecas brasileiras serem tão boas como essas que você acha que é? Abraça as bibliotecas ou abana do outro lado da rua? Você cobra do seu candidato eleito ou daquele que se elegeu sem o seu voto que abrace as bibliotecas?
Conheço um monte de pessoas que tiram fotos em bibliotecas quando viajam para o exterior, mas nunca pisaram na biblioteca pública da sua cidade. Não sabem nem o endereço.
Claro que não é simplório tudo isso. Mas sabemos que a Cultura e a Educação são duas peças importantes no tabuleiro social. Ouso dizer que são rei e rainha. Sem essas peças fica quase impossível de se avançar no jogo do poder de decisão, de liberdade, de autonomia.
Enquanto os políticos continuam dando as costas para as bibliotecas a população abraça. Em tempos de caos ter acesso às letras para saber escolher a frase que nos move para a marcha de um país mais digno é fundamental. A minha eu brando aos quatro ventos "Um por todos e todos por um Brasil de leitores!".