Fonte: Lusa. Data: 22/10/2016.
O anúncio foi feito este sábado pelo Ministro da Cultura.
A partilha de recursos e serviços entre bibliotecas é uma das apostas, assim
como um olhar atento aos municípios em que o serviço é deficitário ou
inexistente
O ministro da Cultura anunciou
hoje, no Porto, o reforço da rede de bibliotecas municipais para desenvolver
"verdadeiras redes intermunicipais capazes de ir ao encontro das
necessidades das populações", oferecendo novos serviços e valências.
"Aproveitando a
oportunidade dada pelos fundos estruturais do Portugal 2020, queremos desenvolver
verdadeiras redes intermunicipais capazes de ir ao encontro das necessidades
das populações, oferecendo serviços e valências que mantenham vivas as
bibliotecas", disse Luís Castro Mendes.
O ministro, que falava no
colóquio "Três décadas de Bibliotecas Pública", na Biblioteca Almeida
Garrett, esclareceu que foram identificados três grupos prioritários para a
intervenção.
"Em primeiro lugar, nos
municípios sem serviço de biblioteca pública; depois, nas estruturas que fora
da rede prestam serviço público ainda deficitário; e, em terceiro lugar, nas
bibliotecas da rede com desempenho mais frágil", referiu.
A intervenção que o Ministério
da Cultura pretende fazer tem em conta "a análise dos indicadores
estatísticos considerados mais relevantes para o efeito, nomeadamente
utilizadores ativos, novos utentes, aquisições anuais e computadores com acesso
à internet em 2015".
Este novo programa de apoio às
bibliotecas municipais tem como objetivo contribuir para "um serviço de
biblioteca pública de qualidade, universal e gratuito, de acordo com as
recomendações nacionais e internacionais para o setor em todos os municípios do
país com recurso a pessoal qualificado".
Pretende-se estimular "a
cooperação e o trabalho em rede entre bibliotecas, numa lógica de partilha de
recursos e serviços".
É igualmente objetivo do
programa promover e incentivar práticas promotoras da leitura, contribuindo
para a sua democratização através das bibliotecas públicas.
"Os projetos de promoção
da leitura, ao basearem-se no princípio de que o ato de ler é um processo
cognitivo sociocultural e de caráter contínuo ao longo da vida, potenciam o
desenvolvimento de competências e melhoram a quantidade e a qualidade dos
leitores. Estamos, por isso, a trabalhar de forma empenhada no novo Plano Nacional
de Leitura até 2026, em conjunto com o Ministério da Educação e o Ministério da
Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior", disse Castro Mendes.
Feito o diagnóstico,
acrescentou o ministro, há valências que se considera fundamental implementar
em parceria com outros agentes, "desde logo o alargamento das literacias
às competências digitais".
"O caminho passa também
pela prestação de serviços à comunidade fora das atividades tradicionais da
biblioteca, como, por exemplo, o apoio na utilização das ferramentas do governo
eletrónico, informação turística, apoio às políticas de emprego e de inclusão
social", apontou.
"Todos os serviços
públicos que são hoje prestados por via eletrónica poderão ter assim o apoio
das bibliotecas no contacto com aqueles utentes que mais longe da literacia
digital estão", sublinhou.
Já em 2017, o Governo pretende
avançar com um projeto-piloto, em parceria com outros agentes da administração
pública e privada, abrangendo também as áreas do turismo, modernização
administrativa, educação, emprego e ciência.
A tutela está "a
identificar comunidades intermunicipais que respondam às premissas
anteriormente anunciadas e que, sendo maioritariamente do interior, cobrem
tanto o Norte como o Sul do país".
"Outro objetivo é, durante
a atual legislatura, procurar repor capacidades das estruturas públicas da
cultura, dotando-as de modelos orgânicos adequados à especificidade da sua
missão, maximizando os recursos disponíveis para atividades operacionais, mas é
claro que uma política para as literacias tem como base o livro",
acrescentou.
A Rede Nacional de Bibliotecas
Públicas, criada em 1986, pela então secretária de Estado, Teresa Patrício
Gouveia, conta atualmente com mais de 200 bibliotecas municipais em todo o
país, incluindo as regiões autónomas, cerca de 50 bibliotecas itinerantes e
dezenas de outros pontos de serviço.
O colóquio "Trinta Anos de
Bibliotecas Públicas" foi organizado pela BAD -- Associação Portuguesa de
Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas.