Autoria: Camila Holanda.
Fonte: O Povo
(Fortaleza). Data: 19/10/2016.
Os hábitos de consumo modificam-se à medida em que
as tecnologias vão sendo aprimoradas. Reflexo disto está na forma de ler.
Segundo pesquisa realizada pela Conecta, uma plataforma web do instituto Ibope
Inteligência, 63% dos internautas brasileiros leem livros online e 38% realizam
essa atividade nas telas de computadores (PCs/notebooks).
Outros aparelhos usados para leitura online são
smartphone (31%), tablet (17%) e smart TV (1%). Na Região Nordeste, 46% dos
entrevistados optam por PCs/notebooks. A pesquisa, contudo, não especifica se
os leitores têm o hábito de comprar estes livros ou se baixam os arquivos em
PDF de forma gratuita.
Para a escritora e entusiasta das plataformas
digitais, Socorro Acioli, a caminhada do livro digital no Brasil tem sido mais
lenta se comparada com outros países. “Mas é um caminho natural”, acredita. Ela
puxa o exemplo recente de polêmica protagonizada pela editora Cosac Naif, que,
após fechar as portas, anunciou que os livros remanescentes em estoque serão
destruídos no dia 31 de dezembro deste ano.
“As editoras têm um custo muito alto com o depósito
e isto é algo meio escondido, mas começou a ser discutido com o caso da Cosac.
O livro digital vem, justamente, para fazer uma espécie de teste, que antecede
a publicação física”, acredita a escritora. Para ela, o ponto negativo nessa
mudança de hábito é que o livro digital não permite que o escritor autografe a
obra. “Mas tenho uma amiga que leva é o Kobo para a Flip e os autores
autografam na parte de trás”, brinca.
O professor Leite Jr., do Departamento de Literatura
da Universidade Federal do Ceará (UFC), acredita que existe um afunilamento
progressivo dos usuários da rede que vão realmente se adaptando aos suportes
novos de veiculação da informação. O preço, contudo, continua sendo um entrave.
Por vezes, o valor de um e-book é semelhante ao do
mesmo livro sendo de papel, o que não se torna atrativo. “Acredito que a
tendência mais inteligente é que se mantenham o suporte de papel, mas já preparando
no meio eletrônico, que pede um barateamento”, explica o docente.
Editor das editoras Moinhos e Substânsia, Nathan
Matos observa que há ainda um desconhecimento profundo do mercado, em que
editoras e profissionais do livro parecem ainda não ver o e-book como um
aliado, mas como um rival. “O que é um problema. Deveríamos nos atentar para as
inúmeras possibilidades que o e-book, lado do livro impresso, é um aliado
importantíssimo para a leitura, para a divulgação de novas obras e, certamente,
para as vendas dos livros”, aposta.
Outros dados
A pesquisa Conecta também investigou outros hábitos
de consumo dos brasileiros. Um dos resultados mostra que 80% dos internautas
fazem downloads de filmes, séries e shows, sendo que a maioria (70%) utilizam
PCs/notebooks. O smartphone vem em seguida, com 20% de utilização, acompanhado
por tablet (7%) e smart tv (3%).
Além disto, 69% dos internautas brasileiros jogam
games eletrônicos. Os de classe A são os que mais jogam (78%). Já as pessoas
com 55 anos ou mais são as que menos jogam (53%), enquanto quase metade da
população mais velha já aderiu aos jogos eletrônicos
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