30 de jan. de 2016

Wikipédia completa 15 anos


Mais detalhes no URL: https://15.wikipedia.org/history.html

A Wikipédia acaba de completar 15 anos em 15 de janeiro de 2016. Criada em 2001, é uma obra que conta com a colaboração de milhares de voluntários que inserem artigos, fotografias, ilustrações, definições e outros conteúdos informativos. Parabéns para esse belo trabalho!

Lançamento: Ler se aprende lendo

LER SE APRENDE LENDO
Introdução
Grande editora brasileira na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Briquet de Lemos / Livros, lançou recentemente um novo livro, de Tarcisio Zandonade, Ler se aprende lendo,[1] com o objetivo de promover a proficiência em leitura para jovens brasileiros. Este e-book está disponível para download em www.briquetdelemos.com.br por quinze reais. O autor argumenta que a maioria das escolas públicas brasileiras não está em condições de alfabetizar adequadamente porque não fornece aos jovens os livros desde o início da leitura, logo depois de aprenderem como reconhecer símbolos alfabéticos.
No Brasil, apesar da recente regulamentação federal que exige uma legítima biblioteca escolar em qualquer instituição de ensino,[2] gerida por um profissional bibliotecário, muitos sistemas públicos de ensino estão adiando o cumprimento desta exigência legal, o que atrasa o fornecimento de livros para os alunos e os professores, devido à desinformação oficial acerca das prioridades educativas ou, pior ainda, à falta de vontade política.
Sem a biblioteca, a escola não está completa
O princípio fundamental apoiado por este livro é o de que a biblioteca escolar é um membro fundamental do organismo escolar. Uma escola sem biblioteca é incompleta e se torna uma instituição sem memória. Por conseguinte, esta escola deficiente nunca será capaz de realmente educar seus alunos, nem atualizar seus professores. A competência em leitura e escrita é o requisito principal para um cidadão chegar a uma posição digna e ativa na sociedade, e o sistema de ensino tem o dever de fornecer os meios necessários para alcançar a plena cidadania.
No Brasil, após um fracasso consistente de um percentual alarmante de jovens estudantes em provas nacionais e internacionais de leitura e escrita, muitos críticos têm fomentado a ‘promoção da leitura’, mas concluem abertamente que “os alunos brasileiros sabem ler, mas não entendem o que lêem”. Poucos, no entanto, procuram a verdadeira causa desta falha. Outra convicção apoiada neste trabalho é a de que a leitura e a escrita, para serem apreciadas, é necessário ensinar as origens da arte da leitura e da escrita, desenvolvimentos da aquisição da linguagem, através da qual “o fenômeno do conhecimento, o grande milagre do nosso universo”[3] pode ser acumulado na mente humana.
O processo mágico da leitura
Para ser capaz de apreciar a leitura, o aprendiz é, sem dúvida, motivado pela compreensão do processo óptico e neurológico da leitura. A leitura e a escrita são artes que só podem ser aperfeiçoadas através de ‘repetição’: quanto mais se lê, mais se aprende a ler, e aprender, aprende-se principalmente pela constante e metódica leitura e escrita. Quanto mais se lê e se escreve, tanto mais se acumula conhecimento.
A leitura é um processo complexo, que é definido como “geralmente o aspecto visual da aprendizagem, e contém... sete etapas", como explica claramente Tony Buzan em seu internacionalmente apreciado trabalho Use Your Head (use a cabeça).[4] Buzan define estas sete etapas como: (1) reconhecimento, o conhecimento que o leitor aprendeu dos símbolos alfabéticos; (2) assimilação, a reflexão de luz a partir da palavra, recebida pelo olho e, em seguida, transmitida através do nervo óptico para o cérebro; (3) compreensão ou intra-integração, consolida todas as parcelas de informação que estão sendo lidas; (4) compreensão ou extra-integração, o leitor amalgama a informação capturada com todos os conhecimentos anteriores em sua mente; (5) retenção, armazenamento da informação – ou memorização – no banco de dados da mente do leitor; (6) evocação, a capacidade do leitor de recuperar da memória a informação sempre que necessária; (7) comunicação, a principal função da linguagem, ou seja, o uso do conhecimento interpessoal.
Conclusão
A leitura e a escrita são técnicas cruciais a serem estudadas pela ciência da informação, já que a informação é o processo de interpretar o conteúdo de um documento, fazendo sentido de uma sequência de registros gráficos ou texto. Depois de analisar o processo de aquisição da leitura e da escrita, chegamos a três princípios educativos vitais para a aquisição do conhecimento através da leitura e da escrita de livros e de outros documentos: (a) ler se aprende lendo; (b) escrever se aprende lendo; e (c) aprender se aprende principalmente lendo e escrevendo.
Tarcisio Zandonade,
Bibliotecário aposentado



[1] ZANDONADE, T. Ler se aprende lendo. Brasília, DF: Briquet de Lemos / Livros, 2015. www.briquetdelemos.com.br.
[2] LEI Nº 12.244, de 24 de maio de 2010. Dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País.
[3] POPPER, R. K. Conhecimento objetivo: uma abordagem evolucionária; tradução de Milton Amado. Belo Horizonte, MG: Itatiaia; São Paulo, SP: Editora da Universidade de São Paulo, 1975. (Espírito do nosso tempo, v. 13).
[4] BUZAN, Tony. Use sua mente: como desenvolver o poder do seu cérebro. Tradução de Marla Stern. São Paulo, SP: Integrare, 2011. (Título original: Use your head: how to unleash the power of your mind).

25 de jan. de 2016

Bactérias nos livros

Fonte: Boa Informação.
URL: http://boainformacao.com.br/2016/01/12/voce-sabe-quais-bacterias-e-possivel-encontrar-em-livros-de-biblioteca/
Muito se fala em cuidados com o acúmulo de bactérias e microrganismos em objetos com os quais temos contato durante nossas rotinas diárias. Manter a higiene das mãos e evitar contato com alimentos ou levá-las à boca antes de estarem limpas é sempre recomendado para não correr qualquer risco de contaminação.
Sobre isso, nós já publicamos o artigo 8 coisas sujas que passam por suas mãos diariamente e também mostramos que há5 desses objetos contaminados que não fazem mal a ninguém. Nesse sentido, algumas pessoas têm cuidados maiores e outras não dão tanta importância, mas será que alguém já parou para pensar o número de organismos infecciosos presentes em um livro de biblioteca?
Um artigo publicado no site Mental Floss direciona a atenção para a possibilidade de contrair qualquer tipo de infecção a partir dos livros emprestados de bibliotecas. De acordo com o autor, os cientistas atuais afirmam que manusear uma obra não será suficiente para deixá-lo doente. No entanto, é no mínimo interessante saber que os livros sim, possuem uma quantidade incrível de microrganismos e bactérias em suas páginas.

Experimento no início do século 20

Há muito tempo a ciência tenta entender a contaminação dos livros. Um artigo de 1911, publicado no Boletim da Associação Médica Bibliotecária, intitulado “A Desinfecção dos Livros”, mostra que a preocupação com os riscos oferecidos pelas obras já existia. O texto revela que na época já se tinha conhecimento sobre os tipos de contaminação presentes nesses itens e cita enfermidades como sarampo, varíola, escarlatina, tracoma (conjuntivite), febre tifoide, difteria, tuberculose e outras.
A preocupação existia, pois, uma experiência conduzida por um cientista da época mostrou que a contaminação poderia ocorrer. Ele retirou algumas das partes mais sujas de uma série de livros e as cozinhou em solução salina. Depois, centrifugou o líquido e injetou em porquinhos-da-índia. Não demorou até que a maioria dos animais acabasse morrendo por tuberculose, ou por infecções por sepse e estreptococos.
Logo, a publicação atentava para um costume não higiênico que as pessoas tinham: o de umedecer os dedos com a boca ao estarem folheando os livros. Esse hábito ainda hoje é comum, portanto, se você for uma dessas pessoas que molhas os dedos na boca, é interessante rever isso.
Bem, por mais que o risco de infecções não seja tão grande, alguns estudos recentes revelaram a presença de substâncias um tanto quanto desagradáveis nos livros. Em 2013, as obras mais populares da Biblioteca Pública da Antuérpia, na Bélgica, apresentaram traços de cocaína e herpes. Aparentemente, a droga se justifica pela grande rede de tráfico presente na cidade, mas para o vírus não há explicação. De qualquer forma, ambas as substâncias também tinham quantidades minúsculas e insuficientes para causar qualquer consequência.
Um ano antes, em 2012, houve diversos relatos de usuários de bibliotecas públicas americanas sobre a existência de percevejos-da-cama em livros e móveis das salas de leitura. Mesmo com a situação tendo sido controlada, é sempre bom saber que há uma solução para estes casos.

Se você se deparar com algum pequeno ser inesperado desses em um volume que emprestou, a saída é transportar o objeto em uma bolsa de pano e, ao chegar em casa, passar a bolsa em um secador quente durante meia-hora. Segundo a especialista em pesticidas Alicia Leytem, a recomendação é suficiente para matar todos os bichos e ovos presentes na publicação.

Evento: Cosplay

Na sexta-feira, dia 29 de janeiro, a partir das 23h, a Biblioteca Mário de Andrade inova sua programação cultural e recebe um “Encontro de Cosplay”. Essa primeira edição do evento é direcionada para os fãs e admiradores da saga Star Wars.

Fonte: Catraca Livre.

O público vai poder presenciar Stormtroopers fazendo sua patrulha pela Biblioteca até às 3h da manhã. Mas não se enganem: todos os tipos de fantasias são bem-vindos, vale se inspirar em personagens de games, filmes, desenhos, HQs... quem você preferir.

Pesquisa indica as cidades que mais lêem

Autoria: Ricardo Welbert.
Fonte: G1. Data: 18/01/2016.
Divinópolis é a quinta cidade mineira com o maior número de pessoas que afirmam gostar de ler. O município do Centro-Oeste registrou 55,08% de fãs declarados da leitura, atrás apenas de Teófilo Otoni (58,72%), Poços de Caldas (57,47%), Juiz de Fora (58,59%) e Belo Horizonte (63,14%).
O levantamento foi realizado em 2015 pela Data Cultura, com recurso da Secretaria de Estado de Cultura. O resultado foi publicado em um livro cujo título alcança a metalinguagem: "O Livro em Minas Gerais", editado pela Câmara Mineira do Livro.
De acordo com o organizador da obra, Zulmar Wernke, a cidade do Centro-Oeste possui a vantagem de ficar perto de Belo Horizonte, a 117,7 quilômetros. Outro ponto positivo é o fato de ser uma cidade universitária. "O município tem bons índices de escolaridade, destacando-se o elevado número de pessoas com graduação e pós-graduação, que é de cerca de 17% da população estimada em 228.643 habitantes", avaliou.
Outro fator apontado como responsável pelo resultado é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Divinópolis, que é de 0,764 e indica um crescimento da renda, da escolaridade e da longevidade da população, colocando o município na 304ª posição no ranking das cidades brasileiras e na 21ª posição das cidades de Minas. São 146 escolas públicas e particulares, sendo que 112 possuem bibliotecas. Há ainda uma biblioteca pública e uma universitária, além de cerca de oito faculdades particulares.
Segundo a pesquisa, os divinopolitanos leem 2,53 livros ou partes de livros, em média, a cada três meses. Índice que está acima das médias nacional (1,85) e mineira (1,62). "O perfil da população explica, em parte, este resultado positivo. Há predomínio de pessoas com escolaridade acima do ensino médio e superior. Outro fator importante que propicia um bom índice de leitura na cidade refere-se a sua infraestrutura cultural, com museu histórico, teatro, salas de cinema e circulação de jornais", Wernke.
Livrarias e sebos impulsionam mercado
Divinópolis tem 12 livrarias que oferecem catálogos em áreas gerais, além de livros didáticos e universitários. O empresário Daniel Bicalho é dono de uma delas. A Boutique do Livro fica na região central e tem 25 anos de mercado
"Hoje o ramo livreiro vive um momento interessante, com um constante aumento nas vendas de livros e, por consequência, nos hábitos de leitura. Apesar disso, muitas livrarias estão fechando, porque muita gente prefere as vantagens de comprar pela internet", avaliou.
A competição nas vendas de livros se expande com a colocação de exemplares à venda em bancas de revistas, supermercados e outros pontos de venda. "As livrarias físicas vêm encontrando dificuldades em se sustentar diante de toda essa concorrência. Existem caminhos, que são os que tentamos trilhar. Um deles é o de oferecer um ambiente agradável e um atendimento de qualidade, que fazem com que o cliente sinta um gosto a mais", afirmou.
A aposta de Daniel Bicalho segue uma tendência adotada por grandes livrarias, como a brasileira Leitura. Essas empresas entendem o negócio como um segmento de lazer cultural. "A partir do momento em que o livreiro enxerga seu negócio como mero serviço de entrega de livros, fica fadado a acabar. Ele precisa ver o estabelecimento como local para lançamentos de livros e outros eventos culturais. Se uma livraria servir apenas para entregar livros, ninguém precisará delas", pontuou.
Já os sebos, que são lojas que compram, vendem e trocam livros e revistas usados, Divinópolis possui três - todos também localizados na região central. Vilma Araújo é dona de um deles. O Letras no Jardim existe há 11 anos. Neste período, afirma a proprietária, o movimento só cresceu.
"A procura por leitura na cidade aumentou muito. Isso nos faz refletir sobre o quão estavam enganados aqueles que profetizavam o fim do livro de papel a partir da popularização do computador. Em plena era digital, a maioria das pessoas não gosta de ler em celular ou tablet. O fato de serem produzidos filmes sobre histórias que começaram em livros [como a mundialmente conhecida saga do bruxo Harry Potter, criação da britânica J. K. Rowling] também promove uma grande procura pelos livros. Nós, que vendemos livros, precisamos ler essas obras para sabermos recomendá-las aos clientes", destacou.
Teoria comprovada
As livrarias são os principais pontos de disseminação e venda de livros ao consumidor final. Pelos resultados da pesquisa, 54% delas ficam em Belo Horizonte e 46% estão espalhadas pelo estado. "O maior percentual está no interior. A região central do estado concentra 26%, excluindo a capital. A região da Zona da Mata tem 17%. O Triângulo Mineiro, 12%. O Centro-Oeste tem 11%. O Rio Doce tem 8%. O Norte e o Alto Paranaíba aparecem juntos, com 4%. Finalmente, as regiões Noroeste e Jequitinhonha, com 2%", acrescentou Zulmar Wernke
Segmentos de leitura
A pesquisa também mostra o que mais se lê nas cidades pesquisadas. Em Divinópolis aparecem os jornais impressos (com 71,64% da preferência), as revistas (67,16%), os livros (61,40%), textos na internet (50,24%), a "Bíblia" (52,99%), os livros eletrônicos (15,67%) e os textos escolares (42,54%).
Maior que a média do Brasil
Os dados da pesquisa também revelam que entre os nove municípios estudados, seis possuem médias de leitura mais altas que a do país (que é de 1,85) e a de Minas Gerais (1,62). Divinópolis é a terceira neste quesito, com 2,53. Perde apenas para Juiz de Fora (3,05) e Poços de Caldas (4,34).
Sobre a pesquisa
Os pesquisadores selecionaram nove municípios de Minas Gerais segundo o critério da representatividade. Pelas dimensões do Estado, as regiões foram representadas pela capital e mais oito cidades-polo, onde os serviços como educação e saúde são utilizados pelos municípios que gravitam em torno delas. Assim, acredita-se que as respostas representam o perfil do comportamento da população de cada região, com relativa precisão (90% de confiança e margem de erro de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos).

Zulmar Wernke explica que o objetivo geral da pesquisa foi esboçar o comportamento do leitor mineiro e seus hábitos de leitura. "Não estávamos focados exclusivamente no interesse da cadeia produtiva. As leituras de conteúdos digitais e on-line foram incluídas por entendermos que contribuem significativamente para a formação do leitor", concluiu.

Minas estuda a remição pela leitura

Fonte: Consultor Jurídico. Data: 20/01/2016.
A Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais pretende levar a todas as 151 unidades prisionais sob sua administração a oportunidade de os detentos terem acesso à remição pela leitura, prevista na Recomendação 44/2013 do Conselho Nacional de Justiça. Por meio dessa medida, o preso pode abater quatro dias do tempo de sua pena a cada livro lido.
Segundo Louise Bernardes Passos Leite, superintendente de Atendimento ao Preso, hoje esse benefício está disponível em apenas 14 das 151 unidades prisionais do estado, com a participação de cerca de mil apenados (3,47% do total de cumpridores de pena em Minas). A superintendente, ao falar sobre a necessidade de expandir a prática, destacou o “poder transformador da leitura” para a reinserção social dos detentos.
“O preso, quando começa a fazer a remição pela leitura, passa a querer também se matricular na escola do presídio e seguir nos estudos. Além disso, ele não tem problema de disciplina, conversa melhor, fala melhor, se relaciona melhor não só com os colegas de cela, mas também com servidores”, afirma Louise Passos, que ressalta a importância do acesso à leitura para o apenado conhecer e reivindicar seus direitos, como, por exemplo, o atendimento à saúde.
“Às vezes, o preso chama pelo atendimento, mas nem ele sabe se precisa de um psicólogo, de um dentista. Já o preso envolvido na remição pela leitura, nesse projeto do CNJ, sabe dizer exatamente o que está precisando”, diz a gestora, que discute com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais a possibilidade de expansão da remição pela leitura, tendo encaminhado à corte, inclusive, uma minuta de resolução conjunta nesse sentido. Além da expansão da prática da remição, explica a superintendente, a adesão do Judiciário seria importante para a padronização dos procedimentos em todo o sistema carcerário mineiro.
Acervos de livros
Conforme a Recomendação 44/2013 do CNJ, as unidades prisionais devem manter nos acervos de suas bibliotecas pelo menos 20 exemplares de cada livro a ser trabalhado no desenvolvimento das atividades. As publicações podem ser fornecidas pelo Poder Judiciário, pelo Departamento Penitenciário Nacional, órgãos estaduais da administração penitenciária ou mesmo pela sociedade.
A participação do preso nas atividades de leitura, segundo a norma do CNJ, deve ser voluntária, e ele terá prazo de 21 a 30 dias para ler uma obra, que pode ser literária, clássica, científica ou filosófica, entre outras. Ao final da leitura, deve apresentar uma resenha sobre o livro à comissão organizadora da unidade prisional, que avaliará se o conteúdo está compatível com o livro. O resultado dessa avaliação deve ser enviado, por ofício, ao juiz de Execução Penal competente, responsável pela decisão final a respeito da remição.
Em Minas Gerais, uma das últimas unidades prisionais a adotar a remição pela leitura foi o Centro de Remanejamento do Sistema Prisional de Juiz de Fora, na Zona da Mata, onde as atividades começaram em novembro com a participação de 27 presos. Eles leram dois livros: A Última Pedra, do bispo Rogério Formigoni, sobre um jovem que consegue se livrar do vício em drogas, e Kairós, do padre Marcelo Rossi, a respeito da importância da oração para o fortalecimento da fé. Em outras unidades prisionais mineiras, os livros mais lidos são Primo Basílio, de Eça de Queirós, A Cabana, de William P. Young, e o Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini.
Campanha pela leitura
O juiz da Vara de Execuções Penais da Comarca de Juiz de Fora, Daniel Reche Motta, otimista com os resultados do programa, fez uma campanha entre os funcionários do fórum voltada à aquisição de mais livros. “Quando tive notícias de que outras comarcas no Brasil aderiram à recomendação do CNJ, isso veio ao encontro das minhas convicções sobre a força da leitura na transformação do ser humano”, explica o magistrado.
Em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Defesa Social também pretende expandir o número de escolas instaladas no sistema carcerário — atualmente, 105 das 151 unidades prisionais contam com salas de aula, onde estão matriculados 6,1 mil detentos (o equivalente a 9,95% de toda a população prisional mineira). Com a frequência escolar, os presos podem receber o benefício da remição pelo estudo, normatizada pela Lei 12.433/2011. Ela prevê a redução de um dia do tempo da pena a cada 12 horas de estudo, divididas, no mínimo, em três dias.

A superintendente de Atendimento ao Preso da SDS, Louise Bernardes Passos Leite, explica que os apenados de unidades prisionais dotadas tanto de biblioteca quanto de escola podem ter acesso aos dois tipos de remição, ou seja, pela leitura e pelo estudo. Os detentos que trabalham, por sua vez, recebem como benefício outro tipo de remição, reduzindo o tempo da pena em um dia a cada três trabalhados, conforme a mesma Lei 12.433/2011.

O desacordo ortográfico

Fonte: Deutsche Welle. Data: 14/01/2016.
Autoria: Ricardo Domeneck.
Sobre língua não se legisla. Quando isso ocorre, é sempre um ato de cima para baixo, ordens do topo da pirâmide para o povo na areia escaldante, e ocorre com frequência num contexto de dominação e incompreensão das diferenças que enriquecem nossa fala.
Um dos primeiros atos dessa natureza no Brasil foi o do Marquês de Pombal, que baniu em 1758 a língua geral paulista, derivada do tupi e que se falava em São Paulo, por exemplo, tornando a língua portuguesa obrigatória na colônia. O nheengatu é a única das línguas crioulas que sobreviveu, sendo falada ainda hoje no norte do país.
Não, este não é um texto de um Policarpo Quaresma, que gostaria de ver o tupi como língua oficial do país. Eu certamente teria gostado muito de ter crescido bilíngue, falando o português e o tupi ou uma das línguas crioulas derivadas deste, como a língua geral paulista ou o nheengatu. Como teria sido nossa relação com a terra e com os povos nativos que nos formaram se isso tivesse ocorrido? Talvez a pergunta de Oswald de Andrade siga válida: “Tupy or not tupy, that is the question.”
Estou certo de que muitos gostam de pensar que não há outros escritores que amem a língua portuguesa tanto quanto ele ou ela. Eu tenho um prazer imenso em falá-la. Quando faço leituras públicas dos meus textos, algumas pessoas já disseram que elas estranham a forma como leio, por articular demais as sílabas. Eu articulo mesmo. Gosto de cada som, de ir do alto ao baixo na língua – tanto neste conjunto de signos como com o órgão que escondo entre os dentes.
Na linda canção Língua, Caetano Veloso o diz bem: “Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões / Gosto de ser e de estar / E quero me dedicar a criar confusões de prosódia / E uma profusão de paródias / Que encurtem dores / E furtem cores como camaleões / Gosto do Pessoa na pessoa / Da rosa no Rosa / E sei que a poesia está para a prosa / Assim como o amor está para a amizade / E quem há de negar que esta lhe é superior? / E deixe os Portugais morrerem à míngua /’Minha pátria é minha língua’ / Fala, Mangueira! Fala!”
A relação do brasileiro com a língua portuguesa me parece bastante única dentro do contexto pós-colonial. Não sei como é isso em países como Angola e Moçambique, onde as guerras de independência ainda estão frescas na memória. Queria ouvir todos. Sim. Fala, Mangueira. Fala, Mooca. Mas falem conosco também, Alfama e Baixa. Falem conosco, Kikolo e Panguila. Precisamos de todos.
Meu primeiro contato com acordos ortográficos foi em volumes antigos de poetas como Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles – aquelas primeiras edições da Nova Aguilar de suas obras completas, em capa dura e papel-bíblia. Aquelas “flôres” e “fôrmas”, “seqüências” e “ungüentos”, assim mesmo, com tils e tremas. Lembro-me de, ainda criança, ter perguntado a um adulto, já não me lembro quem, por que não tínhamos K, Y e W na língua portuguesa. A explicação me pareceu bastante plausível: porque o C, o I e o V já cumpriam as mesmas funções fonográficas e não tínhamos um som específico para aquelas.
Precisamos realmente de outro acordo ortográfico, e os motivos para esse novo acordo são plausíveis? Algum leitor brasileiro algum dia teve problemas ao ler edições portuguesas de poetas como Fernando Pessoa e Mário Cesariny? E o que fazer com os poemas de Mário de Andrade, por exemplo? Pessoalmente, não acho que o acordo seja uma tragédia. Mas temo os problemas maiores neste campo mesmo da escrita, onde ainda há tanto racismo, ignorância e mentalidade colonialista. Parece-me simplesmente um desperdício de energia e recursos, uma demonstração de incompreensão da língua justamente por aqueles que querem legislar sobre ela.
Uma ortografia unificada não vai mudar nossas diferenças sintáticas e nossos vocabulários cheios de marcadores históricos – lembretes de quanto sangue e quanto sofrimento esta língua linda custou às colônias. E ainda assim a amamos. E quanto. Cheguei a ler que acreditam que este acordo unificando as línguas trará mais prestígio internacional a ela. Quanta baboseira, vendo a maneira como tratam a literatura em nossos países. Prestígio à língua portuguesa traz a reputação internacional de Fernando Pessoa. A febre que os livros de Clarice Lispector estão causando no mundo anglófono – mundo que, por sinal, não tem um acordo ortográfico unificando-o.
A briga sobre o mais recente acordo ortográfico vai continuar e, infelizmente, em muitos casos pelos piores motivos. Li textos a respeito que apenas pingavam de racismo velado e aquela velharia da mentalidade colonialista. Não precisamos de puristas, e vejo purismo por vezes tanto nos que defendem e atacam o novo acordo. Portugueses vão continuar não lendo brasileiros, brasileiros vão continuar não lendo moçambicanos, e assim por diante. Acreditar que um acordo ortográfico vá mudar isso ou que seja realmente um primeiro passo necessário mostra que continuamos sendo regidos por bacharéis.
Porque acordo ortográfico nenhum vai ajudar um leitor brasileiro a entender o que um poeta angolano quer dizer com “mulemba” ou um leitor português a entender o que um poeta brasileiro quer dizer com “macambira”, assim como eu próprio levei tempo para descobrir o que eram “osgas” nos poemas de Adília Lopes, e, ao descobrir, enriqueci minha lusofonia. Entretanto, é necessário ter acesso à língua comum, mas diferente.
Estes dias peguei-me perguntando o que Elomar Figueira Mello quer dizer com “futuca a tuia” em uma de suas canções. E que tristeza é abrir uma edição recente de Mensagem, de Fernando Pessoa, e ver que corrigiram sua ortografia propositalmente antiga! Enlouqueceram, bacharéis? Que baixaria. Vão querer me corrigir ao pedir “a bença” para a minha morta? Precisamos deixar de ignorãça, meu povo. Cadê, quedê ou onde é o encontro anual entre escritores lusófonos? Um ano em Lisboa, outro em Luanda, depois em Maputo, e no Rio de Janeiro, passando por Bissau e aquela capital de lindo nome, Praia.

Os esforços não seriam muito mais válidos para nos unir? Por que a tal comunidade não começa a publicar e distribuir gratuitamente volumes de poetas de cada país lusófono em cada um dos países lusófonos? Ou é tudo apenas para ajudar editoras a vender seus xaropes? Ora, sem saber o que exatamente quero dizer, mas confiando no poeta, conclamo os falantes da língua portuguesa: “futuca a tuia, pega o catadô, vâmu plantá feijão no pó. ”

Acessibilidade em biblioteca pública

O projeto Acessibilidade em Bibliotecas Pública realiza, a partir de 1º de fevereiro, a terceira e última etapa das formações para as equipes das dez bibliotecas participantes. Até o fim de março, será realizada em cada uma destas instituições a oficina “Treinamento Sobre Equipamentos de Tecnologia Assistiva (TA) ”, com carga horária total de 16 horas.
Esta formação visa a capacitação dos colaboradores destes equipamentos culturais, bem como de seus respectivos sistemas estaduais, para o uso dos equipamentos de TA em seu cotidiano; sobretudo para acessibilidade no livro e na leitura. A oficina está vinculada à meta “Acesso à Tecnologia Assistiva”.
Entre novembro e dezembro do ano passado, todas as bibliotecas do projeto receberam equipamentos de TA disponibilizados pelo Acessibilidade em Bibliotecas Públicas, tais como impressoras Braile, linhas Braile e scanners com voz.
Etapas
A primeira etapa da fase de capacitação aconteceu em julho e agosto de 2015 com o curso de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) Módulo Instrumental. A segunda se deu entre setembro e dezembro com a realização de cursos, oficinas e ações sobre a temática do livro e da leitura acessível a todas as deficiências.
As ações estão sob responsabilidade da Mais Diferenças, que é a organização encarregada da execução do projeto do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNPB), da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB) do Ministério da Cultura (MinC).
Veridiana Negrini

Mais Diferenças / Comunicação
Benedito Sverberi

Telefone: (11) 3881-4610

22 de jan. de 2016

Novo número: Ciência da Informação

Acaba de ser publicado o v. 43, n. 1, 2014, da revista Ciência da Informação. Abaixo o sumário deste número.
Editorial
Organização do Conhecimento. Marisa Bräscher.
Artigos Originais
Análise de domínio como perspectiva metodológica em organização da informação. José Augusto Chaves Guimarães.
Análise de assunto a partir de uma perspectiva histórica do ARIST. Gercina Ângela Borém de Oliveira Lima, Benildes Coura Moreira dos Santos Maculan.
Cartografia temática e de colaboração em organização do conhecimento no Brasil (2000-2010). Nair Yumiko Kobashi, Fernanda Díaz, Solange Santana.
Avaliação da indexação por meio da recuperação da informação. Mariângela Spotti Lopes Fujita, Isidoro Gil- Leiva.
Termo, conceito e relações conceituais: um estudo das propostas de Dahlberg e Hjorland. Maria Antônia Fonseca Melo, Marisa Bräscher.
Princípios para modelagem de domínio: a posição de Barry Smith e de Ingetraut Dahlberg. Maria Luiza de Almeida Campos, Hagar Espanha Gomes.
Control de vocabulario: orígenes, evolución y proyección. Mario Barité.
Metafiltro para controle terminológico de metáforas no domínio da homossexualidade masculina. Fabio Assis Pinho.
Informação musical: sistemas de classificação sob o olhar da semiótica. Lígia Maria Arruda Café, Camila Monteiro de Barros.
Memória do conhecimento: em busca de sustentabilidade para os objetos digitais. Vera Dodebei.
Organização e representação do conhecimento por meio de mapas conceituais. Maria Rosemary Rodrigues, Brígida Maria Nogueira Cervantes.

O texto completo está disponível no URL:

Quatro brasileiro entre os cientistas mais influentes do mundo

Fonte: FAPESP. Data: 18/01/2016.
URL: http://agencia.fapesp.br/quatro_brasileiros_estao_entre_os_3126_mais_influentes_cientistas_do_mundo/22553/
Quatro brasileiros estão entre os 3.126 “mais brilhantes” cientistas em todo o mundo, de acordo com o relatório The World's Most Influential Scientific Minds 2015, publicado pela Thomson Reuters.
Os “mais brilhantes”, e mais influentes, entre os cerca de 9 milhões de pesquisadores contabilizados pela Thomson Reuters correspondem aos cientistas cujos artigos foram os mais citados ao longo de um período de 11 anos, entre 2003 e 2013.
Paulo Artaxo, do Departamento de Física da Universidade de São Paulo, na área de Geociências; Álvaro Avezum, do Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese (Medicina Clínica); Ado Jorio, da Universidade Federal de Minas Gerais (Física); e Adriano Nunes-Nesi, da Universidade Federal de Viçosa (Ciências das Plantas e dos Animais), integram esse pelotão de elite.
De acordo com a metodologia adotada pela Thomson Reuters, estes 3.126 cientistas são responsáveis por 1% dos artigos mais citados em 21 áreas de pesquisa. Artaxo, por exemplo, está entre os 148 mais citados em Geociências; Jorio, por sua vez, está entre os 119 da Física.
Dentre esse grupo de elite, o estudo identificou os mais populares – responsáveis por 0,1% dos papers mais citados. Com 19 nomes, a lista é encabeçada, pelo segundo ano consecutivo, por Stacey B. Gabriel, do Broad Institute of MIT e Harvard, com 25 artigos muito populares e que incluem suas contribuições ao projeto Atlas do Genoma do Câncer. A área de genômica, com 198 cientistas no pelotão de elite, tem sete representantes nessa seleta lista, sendo seis do Broad Institute of MIT e Harvard.
Quase a metade dos 3.126 pesquisadores está vinculada a instituições sediadas nos Estados Unidos. Os demais se distribuem entre instituições do Reino Unido, Alemanha, China, Austrália, Canadá, Holanda, Japão, França, Suíça, Arábia Saudita e Espanha.
Entre as 21 áreas de pesquisa classificadas, as maiores – por mais prolíficas – são as das Ciências da Vida: Medicina Clínica, Biologia e Bioquímica e Biologia Molecular e Genética. Ciências da Computação, Matemática e Economia e Negócios reúnem um número menor de pesquisadores que produzem, proporcionalmente, menos artigos.

O relatório se baseia em dados e análises realizadas pelos especialistas em bibliometria da  Negócios de Intellectual Property and Science, uma unidade de negócio da Thomson Reuters. Foram avaliados mais de 120 mil papers, indexados entre 2003 e 2013, em cada área de estudo. 

Mais de 70 cartas desaparecem do acervo de Mário de Andrade na USP

Fonte: O Globo. Autoria: Leonardo Cazes.
Data: 14/01/2016.
Setenta e oito cartas que faziam parte do acervo Mário de Andrade, sob a guarda do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo (USP), desapareceram. A revelação foi feita em reportagem da revista Época, publicada no último fim de semana. Segundo a reportagem, as cartas constam no catálogo do acervo, elaborado entre 1995 e 2003. No entanto, em 2005, quando começou o processo de digitalização, missivas de Di Cavalcanti, Manuel Bandeira, Fernando Sabino, Ronald de Carvalho e Menotti Del Picchia, descritas no catálogo, tinham desaparecido das caixas. (...)
Mais detalhes no URL:

Mário de Andrade em domínio público

Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 16/01/2016.
Autoria: Maria Fernanda Rodrigues.

A partir de fevereiro, quem quiser ler Macunaíma terá mais uma opção além das duas edições da Nova Fronteira já no mercado. Pois Mário de Andrade está em domínio público desde o dia 1.º, e é por isso que quem for à livraria mês que vem encontrará outro Macunaíma, editado pelo selo Penguin-Companhia das Letras. O texto tem prefácio é de Simone Rossinetti Rufinoni. Foram incluídos texto de Sérgio Buarque de Hollanda e uma carta para Carlos Drummond de Andrade, “Carlico”, com notas do poeta. “Vemos com muita tranquilidade a entrada dessa obra em domínio público porque a consequência mais óbvia é que o autor passa a ser mais lido. O domínio público não gera nenhum problema para a editora; pelo contrário”, diz Maria Cristina Jeronimo, editora da Nova Fronteira. Só o que a casa não conseguiu aprontar, enquanto era a única autorizada a publicá-lo (e isso, desde 2007), foi a adaptação de Macunaíma em HQ, de Izabel Aleixo e Kris Zullo. E a Peirópolis, que contava os dias para lançar Macunaíma em Quadrinhos, manda o volume feito a quatro mãos por Angelo Abu e Dan X para as livrarias nos próximos dias. Mas Mário é muito mais que seu clássico, e o que devemos ver agora é a criação de novas coletâneas de contos e poemas. A primeira a sair, já em fevereiro será Briga das Pastoras e Outras Histórias: Mário de Andrade e a Busca do Popular (Edições SM). A organização é de Ivan Marques e o livro traz 13 contos menos óbvios do autor cujo acervo é riquíssimo e está no IEB. Há material inédito ali, assegura Telê Ancona, sua principal pesquisadora. 

Quantos usuários de internet tem no Brasil?

Fonte: Computerworld. Data: 18/01/2016.
URL: http://computerworld.com.br/quantos-usuarios-de-internet-tem-no-brasil-banco-mundial-e-minicom-divergem
Um estudo do Banco Mundial informa que 98 milhões de pessoas não têm acesso à internet no Brasil. O "Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2016: Dividendos Digitais", coloca o Brasil em quinto lugar em número de usuários de internet, atrás da China, dos Estados Unidos, da Índia e do Japão. Mas também em sétimo entre os países com o maior número de desconectados.
Na opinião do Ministério das Comunicações, o número absoluto de brasileiros offline calculado pelo banco chama atenção, devido ao tamanho da população brasileira, estimada em 204 milhões de pessoas.
Segundo a Secretaria de Telecomunicações do ministério, 55% dos brasileiros com pelo menos 10 anos de idade são usuários de internet e, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia 175,2 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade em 2014.
 “Logo, de acordo com esses dados, somos 96,4 milhões de usuários e 78,9 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade offline. Este último número é consideravelmente inferior à estimativa apresentada no estudo do Banco Mundial, mas, ainda assim, representa um grande contingente de pessoas sem acesso à de Internet”, diz o ministério.
A divergência pode estar no tipo de metodologia usada pelo Banco Mundial para definir os excluídos digitais.
De toda forma, o Ministério das Comunicações e o o governo federal reconhecem que a inclusão digital é um grande desafio e, por isso, principalmente desde 2010, ano de lançamento do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), estão sendo realizadas ações para massificar o acesso à internet no país. Segundo o ministério, entre 2010 e 2014, o número de usuários de internet no Brasil passou de 65,9 milhões para 96,4 milhões.
De acordo com o Banco Mundial, em todo o mundo, 4,2 bilhões de pessoas continuam excluídas da economia digital, o que representa cerca de 60% da população global. A Índia tem o maior número de pessoas sem acesso à internet, com 1,1 bilhão, seguida da China (755 milhões) e da Indonésia (213 milhões). Apenas 1,1 bilhão de pessoas têm acesso à internet em alta velocidade o que representa 15% da população do planeta.
Cenário mundial
Na opinião do Banco Mundial, embora a Internet, os telefones celulares e outras tecnologias digitais se espalhem rapidamente no mundo em desenvolvimento, os dividendos digitais previstos de maior crescimento, mais empregos e melhores serviços públicos continuam aquém das expectativas e 60% da população mundial continuam excluídos da economia digital em expansão contínua. Embora o número de usuários da Internet no mundo inteiro tenha mais do que triplicado desde 2005, quatro bilhões de pessoas ainda carecem de acesso à Internet
Para mudar este cenário, Deepak Mishra e Uwe Deichmann, autores do estudo, acreditam que os países precisam criar o ambiente certo para a tecnologia, com regulamentações que facilitem a concorrência e a entrada no mercado e a capacitação dos trabalhadores a alavancar a economia digital e as instituições.
Entre as medidas sugeridas no relatório para tornar as empresas mais produtivas e inovadoras estão a investir na estrutura básica, reduzir o custo de fazer negócios, diminuir barreiras comerciais, facilitar a criação de startups, reforçar as autoridades encarregadas da concorrência e facilitar a concorrência entre as plataformas digitais.
“As tecnologias digitais estão transformando o mundo dos negócios, do trabalho e da governança”, afirmou Jim Yong Kim, Presidente do Grupo Banco Mundial. Precisamos continuar a conectar todas as pessoas e não deixar ninguém para trás, porque o custo da perda de oportunidades é enorme. Mas para os dividendos digitais serem amplamente compartilhados entre todas as partes da sociedade, os países também precisam melhorar seu clima de negócios, investir na educação e na saúde das pessoas e promover a boa governança. ”
Para cumprir a promessa de desenvolvimento de uma nova era digital, o Banco Mundial sugere duas ações principais: cobrir o hiato digital tornando a Internet universal, economicamente viável, aberta e segura; e reforçar as regulamentações que assegurem concorrência entre as empresas, adaptação das aptidões dos trabalhadores às exigências da nova economia e promoção de instituições responsáveis – medidas a que o Relatório denomina de complementos analógicos aos investimentos digitais.

De modo geral, as estratégias de desenvolvimento digital precisam ser mais amplas do que as estratégias da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Mas as medidas são diferentes para países em desenvolvimento, divididos no estudo entre emergentes, em transição e em transformação (onde está posicionado o Brasil).

20 de jan. de 2016

De volta ao futuro

Autoria: Dorrit Harazim.
Fonte: O Globo. Data: 17/01/2016.
Em artigo publicado esta semana na “Folha de S.Paulo”, o professor Luiz Armando Bagolin, diretor da Biblioteca Mário de Andrade, lamenta o fato de pedras, pichações e vandalismo voltarem a acertar a fachada da instituição. Já em 2013, também no rastro dos protestos estudantis contra o aumento de tarifas do transporte urbano, a mais importante e querida biblioteca pública de São Paulo fora danificada por black blocks ou jovens sem-noção.
Nem durante a chienlit de maio de 1968 em Paris as manifestações visaram bibliotecas públicas. Durante o interminável movimento Occupy, que em 2011 se alastrou por 600 comunidades nos Estados Unidos, e nas incendiárias respostas da população negra americana aos abusos da polícia branca ao longo de 2014 e 2015 também não.
Ainda bem, pois hoje mais do que nunca elas talvez sejam os últimos espaços não comerciais nem religiosos, nem partidários ou excludentes que ainda podem ser frequentados sem receio por qualquer tipo de cidadão.
Um aviso para quem pensa que a geração Google e Wikipédia não tem tempo nem interesse em explorar tais espaços: pelo menos em países desenvolvidos, eles continuam a florescer, adaptados aos tempos modernos, é claro. O Pew Research Internet Project, com sede em Washington, há quatro anos estuda a mudança de papel das bibliotecas públicas na sociedade dos Estados Unidos. Segundo seu último relatório, 90% dos frequentadores mais assíduos de bibliotecas também acessam a internet diariamente, 95% deles possuem telefone celular, 46% usam tablets ou computador e 33% leem livros em e-readers.
Ou seja, mesmo tendo ao alcance da mão todo um universo de informação digital, eles não se furtam ao hábito do convívio físico com o local. Representam 30% da amostra, o que não é pouco, e foram classificados como “amantes de biblioteca” e “onívoros de informação” pelo instituto Pew.
Dois anos atrás, a centenária New York Public Library (NYPL), tão reverenciada pelos nativos quanto as catedrais europeias o são pelos seus fiéis, deu um presente de fim de ano aos 30,8 milhões de visitantes de seu website.
A equipe de bibliotecários da instituição havia descoberto uma caixa contendo um tesouro de fichas referentes a consultas recebidas entre as décadas de 1940 e 1980. Além da pergunta, cada ficha continha a data da consulta, quem a recebera, se fora feita por telefone ou pessoalmente.
À época, como hoje, o sistema consistia em tentar atender o cliente de imediato. Quando isso se revelava impossível ou quando a fonte consultada não parecia 100% confiável, a consulta permanecia em aberto para apuração posterior — uma delas por exemplo, recebida em 1940, só conseguiu ser respondida 30 anos mais tarde.
O fichário encontrado pertencia a essa categoria de consultas pendentes, e a NYPL começou a fazer postagens semanais do precioso conteúdo no Instagram, com a hashtag #letmelibrarianthatforyou. Sucesso instantâneo.
Alguns exemplos dessas inquietações de antanho deixadas em aberto:
Qual o ciclo de vida de um cílio?
Os Estados Unidos têm qual porcentagem de banheiras existentes no mundo?
Existe alguma estatística sobre longevidade de mulheres abandonadas? (consulta recebida entre 1h e 2h da madrugada de 15 de fevereiro de 1963)
Quantos grãos contém uma tonelada de trigo?
Qual a espessura de um selo americano, já com a cola adicionada? Resposta: “Não conseguiremos fornecer a informação exata rapidamente. Sugerimos recorrer ao Serviço Postal dos Estados Unidos”. Tréplica: “Aqui é o Serviço Postal dos Estados Unidos.”
Para deleite de quem quer dar uma espiadela nessa cápsula do tempo — uma era em que humanos confiavam em outros humanos — há de tudo um pouco. No lugar de aplicativos para questões profundas, comezinhas, incompreensíveis, utilitárias, de etiqueta, existenciais, bastava um bibliotecário do outro lado da mesa ou da linha telefônica.
Eles eram o Google antes do Google existir.
Segundo a bibliotecária Rosa Caballeri-Li, ainda hoje a equipe de atendentes do Departamento de Referência e Pesquisa da NYPL continua a receber uma média de 1.700 consultas por mês, seja através de chat, e-mail ou telefone, em inglês ou espanhol. “Num país tão informatizado como os Estados Unidos”, explicou à época do lançamento da hashtag no Instagram, “pode soar espantoso as pessoas procurarem refúgio na NYPL. Mas quando há respostas em demasia na internet e você não consegue distinguir o que é ficção de fato, você se sente mais seguro recorrendo a nossos serviços”.
Ou, como já disse o escritor britânico Neil Gaiman, “se o Google te dá cem mil respostas, o bom bibliotecário vai te dar uma, a resposta certa”.
Na NYPL, nenhum atendente considera consulta alguma estúpida. Procuram responder sem arrogância. “Tudo pode ser transformado em momento de aprendizado para quem não sabe”, diz Caballeri-Li. “Não estamos aqui para constranger quem quer aprender”.
É claro que nem todas as bibliotecas públicas são uma NYPL. Tampouco precisam ou poderiam ser. Mas é bom ficar de olho no que resta das nossas. Nestes tempos de blocos nas ruas brasileiras, elas precisam e devem ser protegidas dos black blocks — protegidas tanto pela polícia como pelos estudantes.

Dorrit Harazim é jornalista

18 de jan. de 2016

Novo número: Revista A to Z

A AtoZ: novas práticas em informação e conhecimento acaba de publicar seu último número (v4n2) o qual está disponível em:
Sumário
Editorial
Entrevistas
Artigos
Modelo LaTeX para teses e dissertações em Programa de Pós-Graduação: construção e avaliação de artefato. Emerson Rodolfo Abraham, Sivanilza Teixeira Machado, João Gilberto Mendes dos Reis, Rodrigo Franco Gonçalves, Marcia Terra da Silva.
Short Papers

Empreendedor cria biblioteca digital para escola e empresas

Fonte: Diário Comércio e Indústria. Data: 14/01/2015.
Autoria: Elaine Coutrin
Quando atuava no ramo educacional, mais particularmente com programas de leitura em instituições de ensino públicas e privadas, o empreendedor João Leal notou que faltavam livros nessas escolas e alunos interessados em lê-los. Dessa experiência surgiu a ideia de criar o serviço de biblioteca virtual por assinatura Árvore de Livros, para ser acessado no computador e nos dispositivos móveis - algo como uma Netflix dos livros.
O serviço é voltado para instituições públicas, privadas, escolas, empresas e bibliotecas. Para ter acesso, o interessado paga uma mensalidade com base na quantidade de usuários. Presente em mais de 800 escolas, a maioria no Nordeste, a startup carioca já oferece um acervo com cerca de 14 mil títulos, composto por obras clássicas e contemporâneas, diversos gêneros da literatura e best-sellers, por meio de contratos firmados com mais de 200 editoras.
O custo unitário começa em R$ 9,90 por aluno e varia de acordo com a quantidade de usuários que a escola ou instituição tiver - se for em grande escala, o valor pode ser menor. A plataforma gera relatórios que mostram os livros mais lidos, as páginas em que os usuários demoram mais tempo para ler, nível de dificuldade e outras informações para auxiliar no monitoramento do desempenho dos alunos e funcionários. Ainda é possível criar atividades relacionadas à leitura dentro da biblioteca virtual.
Cada instituição também tem a possibilidade de personalizar a biblioteca e catalogar os livros de acordo com a faixa etária dos alunos. A Árvore permite que o usuário tome emprestado até três livros ao mesmo tempo. Caso queira um novo título, é preciso devolver um deles. Isso é parte das condições acertadas entre a startup e as editoras. Os alunos podem salvar livros para ler quando estiverem sem conexão com a internet, mas o texto só pode ser acessado pelo aplicativo - o arquivo não é baixado, para evitar pirataria.
Leal não revela o recurso inicial investido no projeto, lançado em 2013, mas afirma ter ultrapassado o valor com o faturamento de 2015 e espera neste ano aumentar a quantidade de escolas e instituições contratantes do serviço, em razão de melhorias que estão em fase de implementação.
Entre as novidades está uma ferramenta desenvolvida em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), que define o índice de dificuldade de leitura para cada livro. O empreendedor explica que o algoritmo vai analisar todas as obras e gerar uma nota para cada uma de acordo com a complexidade da leitura, para que, a partir disso, a plataforma possa oferecer sugestões de títulos de acordo com o perfil do usuário. "Com esse mecanismo esperamos reduzir o risco de desmotivação entre os leitores, caso comecem a leitura por um livro mais difícil", afirmou.  
A startup também tem trabalhado em uma forma de colocar a biblioteca offline paras as escolas públicas.

Recentemente a Árvore de Livros foi selecionada em conjunto com outras 14 startups no Pitch Gov SP, programa do governo paulista que seleciona projetos ligados a administração pública. Leal ainda não sabe como será a parceria, mas espera contar com ela para crescer no mercado. 

Bibliotecas nacionais pretendem criar biblioteca digital comum

Fonte: Diário Digital. Data: 14/01/2016.
URL; http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=807004
"A nossa ideia é criar uma única biblioteca digital comum, um espaço onde o cidadão de qualquer Estado pode ter acesso às informações dos países da lusofonia", disse Jairoce, em declarações à Lusa em Maputo.
Quando o acesso à informação é ainda um desafio para alguns Estados africanos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), como é o caso de Moçambique, Jorge Jairoce entende que a criação de uma biblioteca digital comum pode dinamizar o processo da democratização da informação, ponto destacado como elementar no quadro das estratégias de governação destes Estados.
"Nós temos de perceber que o acesso à informação, através da plataforma digital, é um elemento importante hoje para o desenvolvimento de qualquer país", acrescentou o diretor da Biblioteca Nacional de Moçambique.
Numa primeira fase, o projeto dependerá do orçamento interno de cada país, tendo em conta as assimetrias que existem a nível económico entre os Estados integrantes da CPLP, adiantou Jorge Jairoce.
Enquanto Portugal e Brasil já possuem bibliotecas nas plataformas digitais, países como Moçambique e Angola debatem-se ainda com o problema da digitalização do seu espólio, condição elementar para a sua integração na iniciativa.
"A nossa grande dificuldade neste projeto está relacionada com os recursos financeiros", lamentou Jorge Jairoce, lembrando que uma única máquina de digitalização de documentos no mercado internacional está orçada em cerca de 100 mil euros.

"A vontade política até existe, mas não basta vontade sem financiamento", concluiu o diretor da Biblioteca Nacional de Moçambique, prevendo para os próximos dois anos a implementação efetiva do projeto.