Autoria: Ricardo Welbert.
Fonte: G1. Data: 18/01/2016.
Divinópolis
é a quinta cidade mineira com o maior número de pessoas que afirmam gostar de
ler. O município do Centro-Oeste registrou 55,08% de fãs declarados da leitura,
atrás apenas de Teófilo Otoni (58,72%), Poços de Caldas (57,47%), Juiz de Fora
(58,59%) e Belo Horizonte (63,14%).
O
levantamento foi realizado em 2015 pela Data Cultura, com recurso da Secretaria
de Estado de Cultura. O resultado foi publicado em um livro cujo título alcança
a metalinguagem: "O Livro em Minas Gerais", editado pela Câmara
Mineira do Livro.
De
acordo com o organizador da obra, Zulmar Wernke, a cidade do Centro-Oeste
possui a vantagem de ficar perto de Belo Horizonte, a 117,7 quilômetros. Outro
ponto positivo é o fato de ser uma cidade universitária. "O município tem
bons índices de escolaridade, destacando-se o elevado número de pessoas com
graduação e pós-graduação, que é de cerca de 17% da população estimada em
228.643 habitantes", avaliou.
Outro
fator apontado como responsável pelo resultado é o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) de Divinópolis, que é de 0,764 e indica um crescimento da renda,
da escolaridade e da longevidade da população, colocando o município na 304ª
posição no ranking das cidades brasileiras e na 21ª posição das cidades de
Minas. São 146 escolas públicas e particulares, sendo que 112 possuem
bibliotecas. Há ainda uma biblioteca pública e uma universitária, além de cerca
de oito faculdades particulares.
Segundo
a pesquisa, os divinopolitanos leem 2,53 livros ou partes de livros, em média,
a cada três meses. Índice que está acima das médias nacional (1,85) e mineira
(1,62). "O perfil da população explica, em parte, este resultado positivo.
Há predomínio de pessoas com escolaridade acima do ensino médio e superior.
Outro fator importante que propicia um bom índice de leitura na cidade
refere-se a sua infraestrutura cultural, com museu histórico, teatro, salas de
cinema e circulação de jornais", Wernke.
Livrarias e sebos impulsionam mercado
Divinópolis
tem 12 livrarias que oferecem catálogos em áreas gerais, além de livros
didáticos e universitários. O empresário Daniel Bicalho é dono de uma delas. A
Boutique do Livro fica na região central e tem 25 anos de mercado
"Hoje
o ramo livreiro vive um momento interessante, com um constante aumento nas
vendas de livros e, por consequência, nos hábitos de leitura. Apesar disso,
muitas livrarias estão fechando, porque muita gente prefere as vantagens de
comprar pela internet", avaliou.
A
competição nas vendas de livros se expande com a colocação de exemplares à
venda em bancas de revistas, supermercados e outros pontos de venda. "As
livrarias físicas vêm encontrando dificuldades em se sustentar diante de toda
essa concorrência. Existem caminhos, que são os que tentamos trilhar. Um deles
é o de oferecer um ambiente agradável e um atendimento de qualidade, que fazem
com que o cliente sinta um gosto a mais", afirmou.
A
aposta de Daniel Bicalho segue uma tendência adotada por grandes livrarias,
como a brasileira Leitura. Essas empresas entendem o negócio como um segmento
de lazer cultural. "A partir do momento em que o livreiro enxerga seu
negócio como mero serviço de entrega de livros, fica fadado a acabar. Ele
precisa ver o estabelecimento como local para lançamentos de livros e outros
eventos culturais. Se uma livraria servir apenas para entregar livros, ninguém
precisará delas", pontuou.
Já
os sebos, que são lojas que compram, vendem e trocam livros e revistas usados,
Divinópolis possui três - todos também localizados na região central. Vilma Araújo
é dona de um deles. O Letras no Jardim existe há 11 anos. Neste período, afirma
a proprietária, o movimento só cresceu.
"A
procura por leitura na cidade aumentou muito. Isso nos faz refletir sobre o
quão estavam enganados aqueles que profetizavam o fim do livro de papel a
partir da popularização do computador. Em plena era digital, a maioria das
pessoas não gosta de ler em celular ou tablet. O fato de serem produzidos
filmes sobre histórias que começaram em livros [como a mundialmente conhecida
saga do bruxo Harry Potter, criação da britânica J. K. Rowling] também promove
uma grande procura pelos livros. Nós, que vendemos livros, precisamos ler essas
obras para sabermos recomendá-las aos clientes", destacou.
Teoria comprovada
As
livrarias são os principais pontos de disseminação e venda de livros ao
consumidor final. Pelos resultados da pesquisa, 54% delas ficam em Belo
Horizonte e 46% estão espalhadas pelo estado. "O maior percentual está no
interior. A região central do estado concentra 26%, excluindo a capital. A
região da Zona da Mata tem 17%. O Triângulo Mineiro, 12%. O Centro-Oeste tem
11%. O Rio Doce tem 8%. O Norte e o Alto Paranaíba aparecem juntos, com 4%.
Finalmente, as regiões Noroeste e Jequitinhonha, com 2%", acrescentou
Zulmar Wernke
Segmentos de leitura
A
pesquisa também mostra o que mais se lê nas cidades pesquisadas. Em Divinópolis
aparecem os jornais impressos (com 71,64% da preferência), as revistas
(67,16%), os livros (61,40%), textos na internet (50,24%), a "Bíblia"
(52,99%), os livros eletrônicos (15,67%) e os textos escolares (42,54%).
Maior que a média do Brasil
Os
dados da pesquisa também revelam que entre os nove municípios estudados, seis
possuem médias de leitura mais altas que a do país (que é de 1,85) e a de Minas
Gerais (1,62). Divinópolis é a terceira neste quesito, com 2,53. Perde apenas
para Juiz de Fora (3,05) e Poços de Caldas (4,34).
Sobre a pesquisa
Os
pesquisadores selecionaram nove municípios de Minas Gerais segundo o critério
da representatividade. Pelas dimensões do Estado, as regiões foram
representadas pela capital e mais oito cidades-polo, onde os serviços como
educação e saúde são utilizados pelos municípios que gravitam em torno delas.
Assim, acredita-se que as respostas representam o perfil do comportamento da população
de cada região, com relativa precisão (90% de confiança e margem de erro de 3,5
pontos percentuais para mais ou para menos).
Zulmar
Wernke explica que o objetivo geral da pesquisa foi esboçar o comportamento do
leitor mineiro e seus hábitos de leitura. "Não estávamos focados
exclusivamente no interesse da cadeia produtiva. As leituras de conteúdos
digitais e on-line foram incluídas por entendermos que contribuem
significativamente para a formação do leitor", concluiu.
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