A Wikipédia acaba de completar 15 anos em 15 de janeiro
de 2016. Criada em 2001, é uma obra que conta com a colaboração de milhares de
voluntários que inserem artigos, fotografias, ilustrações, definições e outros
conteúdos informativos. Parabéns para esse belo trabalho!
*****Blog do Murilo Cunha que inclui notícias, resenhas e comentários relacionados à Biblioteconomia e Ciência da Informação. ***** "Librarian's Library". Murilo Cunha’s blog that includes news, reviews and commentaries related to library and information science. ***** "Biblioteca del bibliotecario" Blog de Murilo Cunha que incluye noticias, comentarios y observaciones relacionadas con la Biblioteconomía, Documentación y Ciencia de la Información.
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30 de jan. de 2016
16 de mar. de 2014
Harvard procura editor para a Wikipédia
Fonte: MSN. Data: 12/03/2014.
URL:
http://tecnologia.br.msn.com/internet/universidade-harvard-procura-assistente-para-editar-a-wikip%C3%A9dia
O profissional será responsável por
editar páginas da enciclopédia, mas apenas as que não forem relacionadas à
universidade.
Você gosta da Wikipédia? Você é fã
das melhores instituições do mundo? Então você vai adorar o anúncio de emprego
publicado pela universidade Harvard: eles estão contratando um “assistente
temporário para editar a Wikipédia“, e pagam US$ 16/hora.
O que faz um assistente desses?
Aliás, esse emprego é real? Sim: um “wikipedista em residência” é encarregado
de editar a enciclopédia livre para instituições ou empresas.
Na verdade, esta profissão é descrita
pela própria Wikipédia: “o objetivo é basicamente permitir que uma organização
continue uma relação produtiva com a enciclopédia e sua comunidade após o fim
da residência” – é quase o trabalho de um embaixador.
Muitas instituições já utilizaram
esses serviços de wikipedista: o Museu de Arte Moderna de NY, a Biblioteca Real
da Dinamarca, o Palácio de Versalhes, a revista Consumer Reports, o canal de TV
alemão ZDF, entre outros. Para evitar conflitos de interesse, o wikipedista
“não pode editar artigos diretamente relacionados com a organização”.
No caso de Harvard, trata-se de
expandir a cobertura da Wikipédia sobre os livros raros da biblioteca da
universidade. A descrição da vaga diz que o assistente vai “adicionar fontes em
artigos existentes e criar novos artigos sobre tópicos notáveis”. Porém isso
não é tudo: o assistente também fará upload de bastante conteúdo para ser usado
em domínio público – Harvard tem uma das maiores bibliotecas do mundo.
Quanto à qualificação, “o candidato
deve ser um wikipedista registrado em situação regular, com larga experiência
em escrever e editar artigos da Wikipédia, e possuir conhecimento das normas,
cultura e regras do site.” É preciso ter ensino superior completo.
Mas, assim como em outras
instituições, o trabalho do assistente dura apenas por um tempo limitado: só 13
semanas. São US$ 16 (cerca de R$ 38) por hora, o que não parece muito; por
sinal, a dotação financeira de Harvard está quase em US$ 33 bilhões
26 de mar. de 2012
A nova cara da Wikipedia no Brasil
Fonte: Globo. Data: 22/03/2012.
URL: http://oglobo.globo.com/tecnologia/a-nova-cara-da-wikipedia-no-brasil-4382172
Autor: Eduardo Almeida.
Autor: Eduardo Almeida.
Oona Castro vai levar sua experiência de mais de quatro anos como coordenadora do Overmundo para a Wikipedia. A jornalista será a responsável pelo escritório da Wikimedia Foundation no Brasil, que deve entrar em atividade nos próximos seis meses. A vivência no Overmundo, um site de cultura colaborativa, será aplicada na busca de formas de incentivar o uso da enciclopédia online, também construída de forma coletiva por qualquer um interessado em colaborar. O projeto, que parecia utópico quando foi lançado por Jimmy Wales e Larry Sanger em 2001, hoje se tornou uma das principais referências de informação na internet - basta ver a frequência com que aparecem seus verbetes na primeira página de buscas do Google.
Com mais de 716 mil verbetes, a Wikipedia em português está entre as dez maiores do mundo. Em termos de visualizações de páginas, o Brasil está em nono lugar com 2,6% do total global. Os EUA lideram com 24,3%, seguidos por Alemanha (7,4%) e Japão (7,4%). Há espaço para crescimento tanto nesse quesito quanto no destino dos internautas quando entram na Wikipedia por aqui: 15,4% deles preferem ler artigos em inglês, muitas vezes mais completos que os produzidos em nosso idioma. Em Portugal esse número sobe para 37,4%.
Em entrevista ao GLOBO, Oona explica quais são as metas da fundação com o escritório no Brasil e como pretende alcançar esses objetivos. Para o coletivo de voluntários da Wikimedia Brasil, grupo de editores mais ativos no país, “a vinda da Wikimedia Foundation facilitará parcerias com diversas entidades voltadas ao ensino, não apenas universidades, como editoras, secretarias de ensino, centros culturais, empresas de software, entre outros”.
Como está o processo de abertura do escritório da Wikimedia Foundation em São Paulo ?
Estou sendo contratada como consultora da Wikimedia Foundation. Vou ajudar a implementar o escritório no Brasil, me engajar em atividades com a comunidade e fazer todo o planejamento. A expectativa é que assim que tivermos o escritório no país eles revisem meu status para um cargo de coordenação ou direção. Isso deve acontecer em seis meses. Agora está no momento de passar pelas burocracias, pedir CNPJ, criar estatuto, falar com Receita Federal, INSS, etc.
Os usuários vão sentir uma diferença?
É um processo. O escritório, pelo que eu entendo, nem precisa existir para sempre. A ideia é formar uma equipe para criar projetos e um programa de fortalecimento da Wikimedia de modo geral. A Wikipedia é o projeto mais conhecido, mas a Wikimedia Foundation tem também o Wikibooks, Wikiversity, Wikitionary, Wikiquotes, Wikinews, Wikisource e o Commons, que é o repositório de imagens usados nos sites parceiros.
Me parece que o Brasil tem um potencial muito grande de crescimento, com a popularização da banda larga, maior participação das pessoas na internet, melhor formação. Não precisa ser especialista para colaborar com a Wikipedia, mas as pessoas precisam se sentir a vontade, ou estimuladas a fazer isso, então um ambiente com mais oportunidade de estudo e formação ajuda.
Como funcionam as entranhas da Wikipedia? A publicação e edição são livres, mas existe uma moderação, certo?
A fronteira não é entre países, mas idiomas. Qualquer um pode editar, mas existem voluntários que fazem parte da construção da Wikipedia, e outros projetos da Wikimedia, pois contribuem com mais frequência. É um processo no qual o conjunto de pessoas torna o conteúdo mais apurado e preciso. Editar os artigos é muito simples, o mais complicado é aprender a se comunicar lá dentro, se comportar na comunidade e avaliar o conteúdo.
Existem procedimentos para editar. Uma informação que não tenha fontes não deve ser usada, pois a Wikipedia não é fonte primária. Pesquisas científicas inéditas, por exemplo, devem ser publicadas nos sites especializados e só depois referenciadas na Wikipedia. Também há o conceito de notoriedade, pois não interessa ao usuário um artigo sobre a sua avó ou a loja do seu tio. No segundo caso, o verbete pode ser considerado spam e será deletado. São princípios e regras que devem ser seguidos.
Como a Wikipedia em português pode melhorar?
Precisamos criar formas de fazer com que as pessoas conheçam a Wikipedia e percebam que podem editar e contribuir, seja conferindo, revisando, editando ou criando novos verbetes. A segunda coisa é pensar em projetos para melhorar o conteúdo. A Wikipedia em inglês é muito mais completa e tem uma comunidade maior, pois teve mais gente engajada e processos que contribuíram para isso. Como facilitar aqui?
Uma das experiências possíveis saiu no Globo outro dia. Trata-se de um projeto de universidades como Unirio, UFRJ, USP e Unesp para melhorar o conteúdo da enciclopédia online. Outros podem ser feitos, com instituições como a Fiocruz, que tem conhecimento específico na área de saúde e uma vocação para trabalhar em projetos de divulgação científica.
Mas o principal é os internautas passarem a nos acompanhar e cada vez que alguém disser que viu uma informação errada na Wikipedia, entender que ela mesma pode corrigir. Todos os projetos estão sujeitos a erros, mas os da Wikimedia também estão sujeitos a correções.
Como funcionam esses grupos organizados de voluntários, como a Wikimedia Brasil?
A Wikimedia Brasil é um grupo de voluntários independentes que promove uma série de atividades online e offline, com palestras, eventos. Agora tem também um projeto da FAU para tratar monumentos arquitetônicos, com fotos e informações sobre obras da cidade. Não é um projeto da Wikimedia Foundation e nem da Wikipeda exatamente.
Na comunidade brasileira o modo de trabalho é em torno de mutirões. Recentemente, foi feito Iº GP Wikimedia Brasil, um concurso de edição de verbetes que durou dois meses e durante o qual foram revisados mais de 500 artigos da Wikipedia em português.
A ideia é criar outros núcleos como esse?
O meu trabalho não incidirá sobre essas comunidades. Eu não tenho autoridade nenhuma sobre elas. Elas são pessoas que participam mais da criação e revisão de artigos da Wikpédia. Em vários países existem os chamados "chapters" (seções), que nascem nas comunidade de editores. São organizações que coexistem com a Wikimedia Foundation. Foi a forma que a comunidade encontrou para se organizar, desenvolver projetos e pensar suas questões locais.
A ideia é contribuir, mas independente deles. O escritório pode potencializar o crescimento da Wikimedia Brasil nos próximos dois, três anos. Cabe a nós questionar como a Wikipedia e outros projetos da Wikimedia Foundation podem contribuir para a formação dos estudantes e das pessoas no Brasil e como a formação dessas pessoas pode contribuir para melhorar a Wikipedia em português.
É muito importante que os projetos da Wikimedia Foundation sejam entendidos como recursos educacionais, acessíveis a todos e abertos à contribuição de qualquer pessoa. Queremos fazer parcerias com Ipea, institutos de física, química, Inmetro, Minc, etc. A cultura brasileira pode enriquecer o conteúdo global, pois existem voluntários que traduzem verbetes para outras línguas.
O segundo ponto é criar projetos que facilitem a entrada de novos editores. Para as pessoas saberem como contribuir com algo que não será deletado por algum problema de conteúdo. Os projetos de educação tem um embaixador que explica os requisitos básicos, criam o conteúdo e conversam sobre ele. Com o tempo, os novos editores entram com capacitação, formação e tendem a ser menos desestimulados a continuar. Um dos desafios no Brasil é criar processos que contribuam na continuidade dos novos voluntários.
O escritório de São Paulo representará toda a Wikipedia lusófona? Existe escritório em Lisboa?
A Wikimedia Foundation não tem escritório em Portugal, mas em Lisboa tem um chapter. Claro que será mais fácil desenvolver parcerias no Brasil, mas todos os outros países que compõe a comunidade lusófona estão no nosso radar. Precisaremos construir parcerias com os chapters locais.
Se conseguirmos desenvolver pilotos nesses países, com parcerias e programas de educação, a gente contribui muito para que esse trabalho não se encerre na fronteira do Brasil. Mesmo assim vale mencionar que hoje os brasileiros representam praticamente 90% da comunidade, o que tem a ver também com a diferença da população, pois a nossa é muito maior que a dos outros países de língua portuguesa.
Como se equacionam diferenças entre brasileiros e portugueses na Wikipedia?
Existem algumas dificuldades com isso, mas para cada problema ou conflito, criamos uma solução. Quando você começa o verbete em português do Brasil, termina naquele registro. Procura-se evitar correções da grafia, quando a norma usada é aceita em um dos países lusófonos. No caso de nomes de filme, por exemplo, decidiram sempre colocar o original no título e informar no início do texto as traduções no Brasil e em Portugal.
19 de mar. de 2012
Crianças preferem perguntar ao Google do que aos pais
Pesquisa ainda mostra que 14% não acham seus pais inteligentes
Fonte: Época Negócios. Data: 13/03/2012.
URL: http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2012/03/criancas-preferem-perguntar-ao-google-do-que-aos-pais.html
Google é o pai da informação para as crianças
A “geração Google” não se arrisca mais a perguntar aos pais as suas principais dúvidas sobre o mundo. De acordo com estudo realizado pelo centro de pesquisas britânico Birmingham Science, 54% dos jovens entre seis e 15 anos recorrem primeiramente ao Google quando têm qualquer dúvida. Os pais também perdem para os professores – 3% deles apenas pensam em questionar os seus mestres. Além de não serem a “referência” para esclarecerem as dúvidas dos jovens, os professores não são procurados em nenhuma hipótese por 9% dos jovens dessa faixa etária.
Os pais são lembrados em segundo lugar por esses jovens – 26% deles afirmaram que os pais são a chave para responderem às suas principais dúvidas. Mas há constatações piores: 34% dessas crianças não acreditam que seus pais são capazes de ajudá-los com a lição de casa e 14% (mais de um em cada dez jovens) não acham seus pais inteligentes. Considerando que a pesquisa foi feita no Reino Unido.
Um quarto das crianças também não sabe o que é uma enciclopédia. Uma em cada dez delas “chutaram” que seria algo para “cozinhar” ou “viajar”.
Outras alternativas
Se as crianças não encontram o que procuram no Google, a Wikipedia (essa enciclopédia eles conhecem) é a segunda alternativa – um quinto das crianças faz essa opção. O dicionário (impresso) também nunca foi utilizado por 19% dos jovens.
Se as crianças não encontram o que procuram no Google, a Wikipedia (essa enciclopédia eles conhecem) é a segunda alternativa – um quinto das crianças faz essa opção. O dicionário (impresso) também nunca foi utilizado por 19% dos jovens.
“Com as crianças crescendo em um ambiente digital é aceitável esse padrão. Nós queremos apenas ver como isso tem afetado as suas pesquisas e buscas. Não é surpresa que com as respostas à um clique, jovens geralmente utilizem o Google antes de recorrerem a seus pais, amigos e professores”, afirmou Pam Waddell, diretor do Birmingham Science.
Ele complementa que o cenário não é necessariamente ruim. “Ele mostra apenas como a tecnologia é um lugar comum para as crianças hoje e o quão confortável elas estão em utilizá-la. Crianças, não interessa de qual geração, cresceram com isso, e têm uma curiosidade natural. Então, o fato de serem capazes de usar as novas tecnologias para buscar respostas é positivo para o futuro”, disse.
A pesquisa também indicou que 31% dessas crianças já usam o iPad, Kindle ou algum computador para lerem livros. E, o que já não é uma novidade, eles também preferem se comunicar com seus amigos virtualmente: Facebook e e-mail são as ferramentas mais populares entre eles.
A pesquisa foi feita com 500 crianças britânicas entre seis e 15 anos.
19 de jan. de 2012
Wikipédia lidera o ato de apagão da internet
Fonte: Meio & Mensagem. Data: 18/01/2012.
Autor: Sergio Damasceno.
Google, Facebook, Wikipedia e Amazon estão entre as grandes empresas digitais que devem promover o primeiro apagão mundial da internet em protesto ante as propostas de legislação contra a pirataria da informática que está em debate nos EUA. O apagão está programado para esta quarta-feira, 18, e pode afetar os usuários desses e outros sites nos EUA e também no mundo. No centro da polêmica estão duas propostas - SOPA - Stop Online Piracy Act e PIPA - Protect Intellectual Property Act -, em debate pelo Congresso norte-americano. Essas propostas, se aprovadas, permitirão ao governo dos EUA e aos detentores de conteúdos intelectuais solicitar o fechamento de quaisquer sites se, porventura, entenderem que o conteúdo desses sites fere as leis dos direitos autorais. O Twitter, que também havia aderido ao protesto, recuou e não deve paralisar seus serviços.
O apagão não é oficialmente confirmado pelas grandes empresas digitais, exceto pelo Wikipedia. O Wikipedia é visitado, diariamente, por 25 milhões de pessoas. E, segundo a fundação Wikimedia, que o administra, ficará fora do ar as 24 horas desta quarta-feira, 18.No entanto, nos EUA, a NetCoalition, associação contrária ao SOPA, já avisou que há uma intenção de paralisar as operações. Entre as empresas associadas à NetCoalition, estão Google, PayPal, Yahoo, Twitter, Facebook, Wikipedia e Amazon. Se o Congresso norte-americano aprovar o SOPA e o PIPA, várias empresas digitais teriam que mudar suas operações para não ferir o direito de propriedade intelectual. É o caso do buscador do Google, que não poderia exibir nos resultados de buscas materiais protegido, por exemplo. Por outro lado, empresas como a News Corp., de Rupert Murdoch, Adidas e Ford, entre outras, defendem a aprovação do SOPA.
Pela proposta em debate, tanto anunciantes quanto empresas de pagamento automático ficam proibidas de manter relações com os sites cujo conteúdo seja avaliado como infrator de direitos autorais. À frente dessa proposta estão grandes empresas de mídia, como a própria News Corp. e também a indústria do entretenimento norte-americano. O presidente dos EUA, Barack Obama, sinalizou que não é completamente a favor de uma lei que poderia ferir a liberdade de expressão. Portanto, se o apagão digital se confirmar nesta quarta-feira, 18, o Congresso norte-americano, talvez, seja obrigado a rever as propostas altamente repressoras do SOPA e do PIPA.
IAB Brasil
No Brasil o protesto contra o SOPA ganhou o apoio do Interactive Advertising Bureau (IAB). O site da entidade no País saiu do ar desde as 14 horas desta quarta-feira, 18. Segundo comunicado, a meta é permanecer offline por oito horas, como forma de reforçar o descontentamento em relação a nova legislação norte-americana.
No Brasil o protesto contra o SOPA ganhou o apoio do Interactive Advertising Bureau (IAB). O site da entidade no País saiu do ar desde as 14 horas desta quarta-feira, 18. Segundo comunicado, a meta é permanecer offline por oito horas, como forma de reforçar o descontentamento em relação a nova legislação norte-americana.
13 de jan. de 2011
Wikipédia completa 10 anos
Fonte: Público, Lisboa. Data: 10/1/2011.
URL: http://www.publico.pt/Cultura/longa-vida-a-wikipedia_1474460?all=1
Quem não ouviu argumentar - ou argumentou - que a Wikipédia não é fiável, apontando esta sua (suposta) característica como um pecado original intransponível? Dez anos após o nascimento da enciclopédia global online, esse discurso começou a mudar.
O grande enciclopedista francês do Século das Luzes, Denis Diderot, escreveu na entrada "Enciclopédia" da sua célebre Encyclopédie que o objetivo da colossal obra que ele e Jean d"Alembert publicaram em 1751 era "recolher todo o saber que se encontra agora disperso à face da Terra, dar a conhecer a sua estrutura geral aos homens entre os quais vivemos e transmiti-lo aos que vierem a seguir".
E a entrada correspondente na Wikipédia (wikipedia.org) - a grande enciclopédia online da era da Internet, que esta semana celebra o seu décimo aniversário - explica que, mais do que como um simples dicionário, "Diderot via a enciclopédia ideal como um índice de ligações". Clicando no link que aparece neste artigo, podemos confirmar a informação: dois cliques e vamos parar ao texto original de Diderot, onde descobrimos uma frase que começa assim: "Através da organização enciclopédica, da universalidade do saber e da frequência das referências, as relações crescem, as ligações partem em todas as direções." Referências. Relações. Ligações. Mais do que uma proposta, o texto de Diderot parece uma genial premonição. A enciclopédia ideal de que fala o filósofo está a ser construída hoje e chama-se Wikipédia.
Muitos irão objetar que a informação contida na Wikipédia não é suficientemente fidedigna, que não é "100 por cento fiável" e que por isso não é séria e nunca poderia ser equiparada a um trabalho erudito como o das enciclopédias tradicionais (em papel) - e, em particular, com a "rainha" do gênero, a Encyclopaedia Britannica.
Mas, tal como a enciclopédia de Diderot pretendia ser mais do que um simples dicionário, a Wikipédia quer ser mais do que uma simples enciclopédia (em papel): "A Wikipédia não é uma enciclopédia em papel", lê-se no artigo Wikipedia:What Wikipedia is not. E, no entanto, é algo parecido com o que Diderot, salvaguardando as distâncias (ele não tinha Internet), terá sem dúvida vislumbrado. Explica ainda a mesma entrada da Wikipédia que ela é "uma enciclopédia online e, enquanto meio para atingir um fim, uma comunidade online de pessoas interessadas em construir uma enciclopédia de alta qualidade num espírito de respeito mútuo". Descubra as diferenças!
André Barata, filósofo, investigador da Universidade da Beira Interior, aponta uma: "Enquanto enciclopédia falta-lhe o ponto de vista global que tradicionalmente a deveria enquadrar", disse ao P2 por email. "Com efeito, as enciclopédias tradicionais, desde D"Alembert e Diderot à Britannica, dispunham de um pressuposto comum, de ilustração e sistematicidade do saber. (...) O saber não é, no essencial, um enorme arquipélago de dados, informação e ilhas de conhecimento apenas linkadas, mas não realmente ligadas." Mas a seguir acrescenta: "Em contrapartida [a Wikipédia] é epistemicamente liberal e tolerante, experimental. Está menos a defender um corpo de saber da barbárie do que a gerar espontaneamente um corpo para o saber."
Cérebro fora-de-bordo
É um facto que a Wikipédia que temos não é perfeita, nem muito menos completa, nem muito menos isenta de erros, sejam eles involuntários ou não. Já foi alvo de vandalismo, a qualidade dos seus artigos não é uniforme, a qualidade das suas versões nas diversas línguas também não. Mas os factos também abonam em seu favor: um estudo publicado na revista Nature em 2005 mostrava que os artigos científicos da Wikipédia e da Encyclopaedia Britannica eram comparáveis em termos de rigor. Diga-se de passagem que a Wikipédia não foi construída do nada: a edição de 1911 da Britannica, hoje no domínio público, foi um dos seus pilares iniciais, lê-se na Wikipédia.
De resto, quando ouvimos ou lemos aqueles que usam a Wikipédia e conhecem as suas qualidades e defeitos, ficamos com a nítida impressão de que talvez tenha chegado a altura de admitirmos que é ela mesmo muito boa e que (quase) todos a usamos e precisamos dela. Dos escritores aos filósofos, dos historiadores aos jornalistas, dos estudantes aos professores. Como declarava em 2009 um post num blogue da Wired.com, a Wikipédia tornou-se "o cérebro fora-de-bordo mundial".A Wikipédia foi formalmente lançada a 15 de Janeiro de 2001 pelos norte-americanos Jimmy Wales (empresário da Web) e Larry Sanger (filósofo), utilizando o conceito e a tecnologia wiki (palavra que em havaiano significa "rápido"), cujo pioneiro foi o informático norte-americano Howard Cunningham. Wales e Sanger tinham começado por lançar, um ano antes, a Nupedia, uma enciclopédia online escrita e editada por especialistas. Mas a lentidão do processo de produção exasperava os seus fundadores.
A 10 de Janeiro, faz hoje dez anos, a Nupedia decidiu lançar o seu wiki, cuja intenção inicial era acrescentar "uma pequena funcionalidade à Nupedia", nas palavras de Sanger, e acelerar o seu crescimento. Mas o recém-nascido, rebaptizado Wikipedia logo a 11 de Janeiro, rapidamente eclipsou o seu progenitor e passou a ser a enciclopédia "que todos podem editar".
Dez anos volvidos, lê-se na actualização de Novembro de 2010 da factsheet da Wikipédia que este é o quinto site mais popular a nível mundial. Está disponível em mais de 270 línguas, tem a participação de mais de 80 mil editores voluntários, a versão em inglês contém 3,4 milhões de artigos e o total das suas edições nas várias línguas soma 17 milhões de entradas. Em Setembro de 2010, teve quase quatrocentos milhões de visitantes únicos. A Wikipedia é gerida, desde 2003, pela Wikimedia Foundation, entidade sem fins lucrativos que vive de donativos e de financiamento público.
Do frívolo ao profundo
A Wikipédia é de facto muito mais do que qualquer enciclopédia em papel. Por uma razão muito simples: nela, todos os temas têm direito de cidade, dos mais nobres, eruditos e especializados aos mais secundários, abstrusos, recônditos. Uma formiguinha venenosa que vive numa ilha do fim do mundo, um cantor pop menor, podem dar origem a uma entrada tão digna como a de uma grande teoria científica. Num delicioso artigo publicado em 2008 na New York Review of Books e no Guardian (neste último, sob o título Como me apaixonei pela Wikipédia), o escritor americano Nicholson Baker fala da sua experiência como "salvador" de textos da Wikipédia em perigo de desaparecer porque um punhado de utilizadores tinham votado que os seus tópicos não eram suficientemente "notáveis". Acrescentando umas citações, umas referências bibliográficas e com alguma edição estilística, Baker conseguiu preservar da foice digital entradas sobre uma obscura empresa têxtil sul-coreana, um desconhecido poeta russo censurado, um telemóvel para pessoas idosas, entre outros. Esse trabalho de preservação, escreve, deu-lhe uma sensação de imenso prazer ("wow, did that feel good").
No século XVIII, Diderot já pensava exactamente nesses termos ao descrever a sua enciclopédia ideal, exortando os autores a não desprezarem nenhum tema, por mais modesto que fosse: "(...) o mais sucinto dos nossos artigos talvez poupe aos nossos descendentes anos de pesquisas e volumes de dissertação; (...) um escrito sobre as nossas modas, que hoje consideraríamos frívolo, será visto, dentro de dois mil anos, como uma obra erudita e profunda sobre os hábitos dos franceses (...)".
Esta ideia da poupança de tempo é muito importante para Paulo Feytor Pinto, professor e presidente da Associação de Professores de Português: "A Wikipédia permite-me esboçar o plano de uma pesquisa mais aprofundada", explicou-nos em conversa telefónica. "Recentemente, usei-a para pesquisar um tema totalmente desconhecido para mim: o provençal. E quando fui à biblioteca confirmar isso tudo, já ia com o meu percurso bem delineado. Consegui fazer numa semana o que, há dez anos, teria demorado seis meses."
Quase todos usam
Das cinco pessoas que responderam às nossas perguntas sobre a Wikipédia, apenas uma, o escritor Rui Zink, disse que não usava. Os outros - para além de André Barata e Paulo Feytor Pinto, foram Joaquim Vieira, ex-provedor do PÚBLICO e presidente do Observatório da Imprensa; Nuno Santos, neurocientista da Universidade do Minho; e Rui Ramos, historiador -, todos recorrem a ela com maior ou menor intensidade. Para confirmar nomes e datas, para ter uma visão de conjunto de um dado tema, para encontrar referências bibliográficas.
Todos usam mais a versão em inglês do que as outras. "Há uma diferença muito grande entre a qualidade média em inglês em relação ao português", salienta Rui Ramos pelo telefone, acrescentando que há lá artigos "excelentes". E embora o problema da validação da informação surja sempre em pano de fundo nas respostas, não parece ser assim tão grave para estas pessoas, cuja profissão gira em boa parte em torno da pesquisa e da validação de informação nos seus respectivos campos.
Pelo contrário, seria muito melhor que fosse usada mais vezes: "Vejo muitos jornalistas a cometerem erros básicos de informação que poderiam ser evitados se tivessem consultado a Wikipédia", diz-nos Joaquim Vieira.
E na escola, o uso da Wikipédia deve ou não ser permitido? "É preciso pô-la no centro da sala de aula para os alunos se aperceberem quando uma informação não é fidedigna", diz Paulo Feytor Pinto. Contudo, Nuno Sousa levanta outra questão neste contexto: a da "ilusão de que se sabe tudo quando se confina a consulta de um tópico exclusivamente à Wikipédia, o que é particularmente perigoso para os mais jovens, na medida que em que os formata neste tipo de estratégia".
Seja como for, a Wikipédia, dizem todos, mudou a nossa maneira de aceder ao conhecimento. Curiosamente, quanto a contribuírem para a Wikipédia, poucas pessoas parecem interessadas, apesar de estarem conscientes das fraquezas da Wikipédia em português. Falta de tempo, mas não só. "Ainda não sou 100 por cento info-incluído", confessa Paulo Feytor Pinto. "Tenho sido um parasita do sistema", diz Joaquim Vieira. "Já pensei em fazê-lo, mas nunca contribuí", responde Rui Ramos, acrescentando que ainda há em Portugal "uma falta de disponibilidade cívica, um desprezo pelo espaço público. Mas as coisas estão a mudar, as pessoas começam a participar."
Segundo o relatório sobre o ano 2010 da Wikipédia, publicado no jornal Wikimedia Signpost, há apenas seis meses a Wikimedia Foundation anunciou um projecto-piloto, em colaboração com várias universidades dos EUA, que envolve a participação dos estudantes, como parte do seu currículo universitário e com a ajuda de "embaixadores da Wikipédia", na melhoria dos conteúdos da Wikipédia. Ainda vamos a tempo.
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