LER
SE APRENDE LENDO
Introdução
Grande editora brasileira
na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Briquet de Lemos / Livros, lançou recentemente um novo livro, de Tarcisio
Zandonade, Ler se aprende lendo,[1] com o objetivo de promover
a proficiência em leitura para jovens brasileiros. Este e-book está disponível para download
em www.briquetdelemos.com.br por
quinze reais. O autor argumenta que a maioria das escolas públicas brasileiras não
está em condições de alfabetizar adequadamente porque não fornece aos jovens os
livros desde o início da leitura, logo depois de aprenderem como reconhecer
símbolos alfabéticos.
No Brasil, apesar da
recente regulamentação federal que exige uma legítima biblioteca escolar em
qualquer instituição de ensino,[2] gerida por um profissional
bibliotecário, muitos sistemas públicos de ensino estão adiando o cumprimento
desta exigência legal, o que atrasa o fornecimento de livros para os alunos e os
professores, devido à desinformação oficial acerca das prioridades educativas
ou, pior ainda, à falta de vontade política.
Sem
a biblioteca, a escola não está completa
O princípio fundamental
apoiado por este livro é o de que a biblioteca escolar é um membro fundamental do
organismo escolar. Uma escola sem biblioteca é incompleta e se torna uma
instituição sem memória. Por conseguinte, esta escola deficiente nunca será
capaz de realmente educar seus alunos, nem atualizar seus professores. A
competência em leitura e escrita é o requisito principal para um cidadão chegar
a uma posição digna e ativa na sociedade, e o sistema de ensino tem o dever de
fornecer os meios necessários para alcançar a plena cidadania.
No Brasil, após um
fracasso consistente de um percentual alarmante de jovens estudantes em provas
nacionais e internacionais de leitura e escrita, muitos críticos têm fomentado
a ‘promoção da leitura’, mas concluem abertamente que “os alunos brasileiros
sabem ler, mas não entendem o que lêem”. Poucos, no entanto, procuram a
verdadeira causa desta falha. Outra convicção apoiada neste trabalho é a de que
a leitura e a escrita, para serem apreciadas, é necessário ensinar as origens
da arte da leitura e da escrita, desenvolvimentos da aquisição da linguagem,
através da qual “o fenômeno do conhecimento, o grande milagre do nosso universo”[3] pode ser acumulado na
mente humana.
O
processo mágico da leitura
Para ser capaz de
apreciar a leitura, o aprendiz é, sem dúvida, motivado pela compreensão do
processo óptico e neurológico da leitura. A leitura e a escrita são artes que
só podem ser aperfeiçoadas através de ‘repetição’: quanto mais se lê, mais se
aprende a ler, e aprender, aprende-se principalmente pela constante e metódica leitura
e escrita. Quanto mais se lê e se escreve, tanto mais se acumula conhecimento.
A leitura é um processo
complexo, que é definido como “geralmente o aspecto visual da aprendizagem, e
contém... sete etapas", como explica claramente Tony Buzan em seu
internacionalmente apreciado trabalho Use
Your Head (use a cabeça).[4] Buzan define estas sete etapas
como: (1) reconhecimento, o
conhecimento que o leitor aprendeu dos símbolos alfabéticos; (2) assimilação, a reflexão de luz a partir
da palavra, recebida pelo olho e, em seguida, transmitida através do nervo
óptico para o cérebro; (3) compreensão
ou intra-integração, consolida todas
as parcelas de informação que estão sendo lidas; (4) compreensão ou extra-integração,
o leitor amalgama a informação capturada com todos os conhecimentos anteriores
em sua mente; (5) retenção,
armazenamento da informação – ou memorização
– no banco de dados da mente do leitor; (6) evocação,
a capacidade do leitor de recuperar da memória a informação sempre que necessária;
(7) comunicação, a principal função
da linguagem, ou seja, o uso do conhecimento interpessoal.
Conclusão
A leitura e a escrita são
técnicas cruciais a serem estudadas pela ciência da informação, já que a
informação é o processo de interpretar o conteúdo de um documento, fazendo
sentido de uma sequência de registros gráficos ou texto. Depois de analisar o
processo de aquisição da leitura e da escrita, chegamos a três princípios
educativos vitais para a aquisição do conhecimento através da leitura e da
escrita de livros e de outros documentos: (a) ler se aprende lendo; (b) escrever
se aprende lendo; e (c) aprender se
aprende principalmente lendo e escrevendo.
Tarcisio Zandonade,
Bibliotecário
aposentado
[1] ZANDONADE, T. Ler se aprende lendo. Brasília, DF: Briquet de Lemos / Livros,
2015. www.briquetdelemos.com.br.
[2] LEI Nº 12.244, de 24 de maio de
2010. Dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino
do País.
[3] POPPER, R. K. Conhecimento objetivo: uma abordagem evolucionária; tradução de
Milton Amado. Belo Horizonte, MG: Itatiaia; São Paulo, SP: Editora da
Universidade de São Paulo, 1975. (Espírito do nosso tempo, v. 13).
[4] BUZAN, Tony. Use sua mente: como desenvolver o poder do seu cérebro. Tradução
de Marla Stern. São Paulo, SP: Integrare, 2011. (Título original: Use your head: how to unleash the power of
your mind).
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