Fonte: UOL Educação. Data:
27/05/2013.
Autoria:
Cristiane Capuchinho.
Incluir exercícios com letras e
números na educação de crianças a partir dos três anos melhora o
desenvolvimento na alfabetização, afirmam especialistas. A prática, conhecida
como letramento, não é novidade em escolas particulares. No entanto, na rede
pública, a educação infantil ainda se resume ao cuidado e a brincadeiras sem
intenção didática.
A proposta não é a de transformar
creches em escolas, mas a de colocar as crianças em contato com textos, letras
e conceitos como preparação para a alfabetização, explica a psicóloga Tarciana
de Almeida, especialista em psicologia cognitiva.
`Assim as crianças podem chegar ao
final do 3º ano [do ensino fundamental] como leitoras, escritoras e falantes de
sua língua cada vez mais competente, afirma a pedagoga Patrícia Moura Pinho,
professora da Universidade Federal do Pampa.
`É a escola pública que não faz
isso com a alegação de que se está `escolarizando a educação infantil. Isso só
aumenta a desigualdade, estamos reduzindo as chances dos alunos de escola
pública, pontua Angela Dannemann, diretora executiva da Fundação Victor Civita.
Para as especialistas, as críticas
ao letramento infantil não são pertinentes. Desde sempre a criança está
inserida no mundo da escrita. Tudo depende de como a questão for trabalhada,
podemos, por exemplo, trabalhar textos de forma muito rica, sem que a criança
seja necessariamente alfabetizada, considera Tarciana.
Ampliando horizontes
De maneira lúdica, os professores
podem tornar familiar as letras, diferentes formas de apresentação de texto ou
conceitos. `A comparação entre tamanhos de sapatos ou alturas pode ajudá-las a
entender o sistema métrico e até mesmo a compreender dezenas e centenas`,
exemplifica Angela.
A leitura de diferentes tipos de
textos, como livros, cartas e jornais, apresenta a diversidade de registros
possíveis para a escrita. Esta é uma forma de trabalhar linguagem em uso real e
não descontextualizada e sem sentido, como a escola costuma fazer acrescenta
Tarciana.
Os pais têm importante papel na
introdução das crianças ao mundo das letras, lendo histórias e apresentando os
diferentes mundos da escrita. No entanto, é também aí que mora o problema. As
crianças que moram em casas em que os pais têm o hábito de leitura já saem na
vantagem e a escola pública não ajuda a mudar esse quadro, critica Angela.
Educação infantil no país
Em 2012, a educação infantil
reunia 7,3 milhões de crianças matriculadas no Brasil, segundo o Censo da
Educação Básica. Dessas, 4,7 milhões estavam na pré-escola e os outros 2,5
milhões em creches.
Para inserir o letramento nesse
período escolar, no entanto, é necessária a capacitação dos professores, que
não têm conhecimento didático, afirma Angela. Segundo o Censo Escolar de 2012,
35% dos professores da educação infantil têm apenas o ensino médio.
Idade certa
O Senado aprovou o PNAIC (Pacto
Nacional para a Alfabetização na Idade Certa), que prevê uma série de ações
envolvendo União, Estados e municípios para garantir a alfabetização dos alunos
da rede pública de ensino até os oito anos de idade até 2022.
O Pnaic prevê o apoio do governo
federal para financiar a formação continuada dos professores; as bolsas
oferecidas aos profissionais e outras atividades voltadas ao cumprimento dos
objetivos do pacto. A estimativa é que sejam investidos cerca de R$ 3 bilhões
até 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário