Fonte: Administradores.com Data:
18/02/2014.
Liderada pelo Instituto Ecofuturo, a campanha "Eu
Quero Minha Biblioteca" busca a efetividade da Lei 12.244/2010, que diz
que até 2020 todas as instituições de ensino brasileiras públicas e privadas
deverão ter uma biblioteca. A campanha reúne a Academia Brasileira de Letras,
Conselho Federal de Biblioteconomia, Fundação Nacional do Livro Infantil e
Juvenil, Instituto de Corresponsabilidade pela Educação, Movimento por um
Brasil Literário, Instituto Ayrton Senna, Instituto C&A, Rede Marista de
Solidariedade e Todos pela Educação.
Até 2011, segundo um levantamento realizado pelo
movimento Todos Pela Educação, com base no Censo Escolar daquele ano, apenas
33,7% das escolas do país tinham biblioteca. E, segundo outra pesquisa, do
Instituto Pró-Livro, 53% dos brasileiros afirmam não ter tempo para ler e 30%
não têm interesse ou não gostam de ler.
Para o pedagogo empresarial e professor Marcus Garcia, a
relação com o livro deve começar cedo e acontecer em casa e na escola. Segundo
ele, para a criança essa relação se constrói e se fortalece também pela
cinestesia, isto é, pelo contato físico com o livro. "Ainda na fase
pré-alfabética, a associação imediata e decisiva entre leitura e a “magia” do
livro é criada por meio da contação de histórias, tendo o professor ou o
familiar o livro em mão", afirma. "A ausência desse contato físico e
dessa associação é também responsável pela ínfima quantidade de leitores no
Brasil."
O professor diz ainda que o início do hábito da leitura
nos primeiros anos de vida da criança resulta em benefícios à educação e ao
desenvolvimento da cognição, raciocínio lógico, interpretação de texto e
contexto, capacidade intertextual, fluência na leitura, incremento do
vocabulário, capacidade de argumentação, ampliação da capacidade de escrita,
entre outros.
Segundo ele, o papel dos pais e da família deve ser
estimulado. Os pais podem ser orientados pela escola a fazerem, como “lição de
casa”, uma leitura para os filhos de títulos indicados pela escola e também deixar
que as crianças escolham outros livros. A dica é persistir nisso até a
pré-adolescência e, a partir dos 14 ou 15 anos, quando os adolescentes tendem a
buscar uma autonomia que deve ser dada a eles, permitir que façam algumas
escolhas sob a supervisão dos pais.
Para o professor Marcus Garcia, a necessidade de uma lei
para obrigar as escolas a terem bibliotecas representa a total e absoluta
inépcia do Estado, ao longo das últimas décadas, em olhar para o que realmente
importa na formação de um povo cidadão.
Ele explica que, entre 1946, no pós-guerra, e 1964, o
Brasil passou por um período democrático em que, apesar de os governos
privilegiarem as instituições democráticas, foi também um período de grande
industrialização e a educação não foi uma prioridade. "Com a tomada do
poder pelos militares em 1964, a educação foi direcionada para o objetivo de
formar cidadãos trabalhadores e não pensadores", afirma Garcia. Depois de
1988, com a redemocratização, a escola e a educação continuaram a ser relegadas
a um nível de prioridade bastante baixo.
Garcia acredita que o que se vê hoje é reflexo dessa
conjuntura histórica, ou seja, nada foi feito para que o hábito da leitura
fosse estimulado e estabelecido nos cidadãos que trouxeram o Brasil até os dias
de hoje e que, basicamente, são as gerações nascidas entre 1950 e 1990.
A realidade é ainda mais profunda que a falta do hábito
de ler por prazer. Em janeiro, dados de um relatório da UNESCO deram uma
sacudida nos educadores brasileiros: o Brasil tem 13,9% de analfabetos adultos
segundo o Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos.
O professor alerta que somente as bibliotecas não resolverão o problema da leitura e da educação: "é um processo lento e que demanda ações de incentivo, promoção e fomento, como: clubes de leitura, contação de histórias, pesquisa orientada, olimpíadas de conhecimento, gincanas culturais, projetos disciplinares e interdisciplinares, entre outras iniciativas".
O professor alerta que somente as bibliotecas não resolverão o problema da leitura e da educação: "é um processo lento e que demanda ações de incentivo, promoção e fomento, como: clubes de leitura, contação de histórias, pesquisa orientada, olimpíadas de conhecimento, gincanas culturais, projetos disciplinares e interdisciplinares, entre outras iniciativas".
De acordo com ele, o Estado e seus
operadores executivos e legislativos priorizaram construir prédios de escolas
com algumas carteiras e quadros de giz, mas esqueceram que são necessários
laboratórios, bibliotecas, professores bem formados, bem pagos e bem
orientados. "É preciso uma política pública oriunda de um plano de Estado
que pense o cidadão e não as próximas eleições", declara.
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