Uma proposta inovadora capaz de mudar a vida de
muitos moradores que apreciam uma boa leitura e não têm tempo para ir à
biblioteca. Assim é o serviço do ‘Livro Delivery’. Em Santa Rita do Passo
Quatro (SP), as publicações são pedidas pelo telefone e chegam às mãos do
leitor sem custo algum.
A iniciativa partiu logo depois da mudança da Biblioteca Doutor Evandro
Mesquita, que saiu do Centro e foi para o bairro Cinelândia, região mais
afastada. Antigamente, eram feitos cerca de 400 empréstimos por dia, número que
caiu para 30 no novo endereço.
Com o serviço delivery, as entregas são realizadas de bicicleta pelo
adolescente Paulo Leonardo da Silva. Ele pega os papéis com os pedidos anotados
e pedala até as residências com os livros. “Os lugares são longe, mas eu encaro
tudo pelo esporte em si, além de eu estar levando o conhecimento para a casa
deles”, disse o aprendiz.
O acervo da biblioteca, que conta com aproximadamente 30 mil dições, teve
seu espaço transformado. Agora existe um lugar para a videoteca, cantinho
especial com livros em braile e sala de leitura com direito a sofá e café.
Com essas mudanças, o interesse pela leitura cresceu 30%, de 2014 para
2015, e a expectativa é de que os números aumentem.
“O objetivo é esse, fazer da
biblioteca um lugar atraente e aprazível, onde você venha não só para pegar um
livro, mas onde tenha oportunidade de interagir com outros leitores, conversar,
tomar um cafezinho, que a biblioteca esteja realmente similar à sua casa”, explicou
a bibliotecária Cirene Pereira dos Santos.
Comodidade
Essa ideia tem agradado toda a população. O aposentado Sinésio Marçal
Júnior, de 66 anos, estuda filosofia e, recebendo os livros em casa, ganha mais
tempo para se dedicar à leitura, já que precisa trocar de livro muitas vezes.
“É uma beleza. Você pede, eles entregam na sua casa, quando você termina
depois de 30 dias, eles vêm buscar e não cobram nada por isso. É como se
pedisse uma pizza”, contou o aposentado.
Geladeiroteca
Fora da biblioteca, a criatividade ainda é mais estimulada. Em pontos
estratégicos da cidade foram instaladas geladeiras velhas que abrigam livros.
Os eletrodomésticos que não são mais usados passam pelas mãos de artistas
plásticos e os alimentos congelados são substituídos por livros.
“É interessante para quem gosta de ler. Fica melhor até para as pessoas
que moram longe da biblioteca e querem escolher um livro”, relatou o estudante
Bruno Celidorio.
Com tanto incentivo para leitura, não há justificativa para ficar sem
ler. “Tem muita gente que não lê justamente porque tem dificuldade de chegar até
uma biblioteca ou então comprar um livro que é caro. Então, com esse trabalho
que não paga nada, eles têm tudo na mão e podem descobrir o que está escondido
entre as linhas de um texto”, concluiu o aposentado Sinésio Marçal.
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