Fonte: Notícia ao Minuto. Data: 7/02/2016.
URL:
http://noticiasaominuto.com.br/politica/185464/lei-assinada-por-lula-pode-ter-beneficiado-socio-do-seu-filho
Em maio de 2010, o então presidente Luiz Inácio
Lula da Silva assinou uma lei que foi responsável por estimular uma nova linha
de negócios de um dos donos do sítio frequentado pelo petista em Atibaia (SP).
De acordo com a Folha de S. Paulo, a nova lei
obrigou todas as instituições de ensino públicas e privadas a possuir, até
2020, pelo menos uma biblioteca com no mínimo um título por aluno. A coleção
pode existir "em qualquer suporte", abrindo margem para bibliotecas
virtuais.
Alguns meses após a criação da lei, o empresário
Jonas Leite Suassuna Filho, 57, que em 2009 se tornou sócio do filho do
presidente, Fábio Luís, o Lulinha, na firma de jogos eletrônicos Gamecorp,
lançou a plataforma virtual "Nuvem de Livros", que poderia ser usada
para permitir que escolas tivessem acesso a uma biblioteca virtual e, assim,
pudessem cumprir a legislação.
Segundo a publicação, a relação entre o novo
negócio e a lei assinada por Lula foi estabelecida pelo próprio Suassuna em
palestra na feira de informática Campus Party de 2013.
"Para cumprir essa lei -se a gente
[brasileiros] fosse de cumprir lei- até 2020, dava mais ou menos 20 bibliotecas
por dia [a serem construídas]. [...] Opa, se eu tenho banda larga, se eu tenho
uma política necessitando de bibliotecas... [sic]. Então, juntando as coisas,
você tinha que ter um modelo de negócios. E foi o que a gente conseguiu fazer e
a gente acabou saindo na frente. Hoje ela [Nuvem] tem 1,5 milhão de
clientes", afirmou Jonas em uma palestra.
No entanto, as informações fornecidas pelo grupo na
internet não permitem saber se o empreendimento deu certo ou não no ponto
específico previsto na lei assinada pelo então presidente Lula.
O advogado do empresário disse que não sabia
informar se o serviço é disponibilizado a órgãos públicos, incluindo
secretarias de educação ou escolas públicas. Em relação ao volume de negócios,
o defensor disse que não mantinha esses dados à mão.
"Nós fomos ver o seguinte: o Brasil tem uma
lei que diz que até 2020 todas as escolas desse país deverão ter uma biblioteca
com pelo menos um livro por aluno. Significa dizer que hoje, no nosso país, 15
milhões de alunos ou 65% das nossas escolas não têm uma biblioteca",
analisou Suassuna, na palestra em 2013.
A Folha refere que a lei foi baseada em um projeto
de 2003 do deputado federal Lobbe Neto (PSDB-SP), que disse ter acolhido uma
demanda do Conselho Federal de Biblioteconomia.
Porém, o projeto do parlamentar não menciona a
opção de "qualquer suporte", que foi acrescentada a partir de um
substitutivo apresentado por políticos aliados ao governo. "Não sei como
isso entrou na lei, não me recordo, precisaria rever todo o processo",
disse.
De acordo com um dos executivos responsáveis pela
plataforma virtual, o publicitário Roberto Bahiense, a plataforma foi lançada
em 2011 na Bienal do Livro do Rio –um ano depois da lei.
A reportagem explica que o acesso à
"Nuvem" também é comercializado pela Vivo, que vende por R$ 9,90
mensais acesso a cerca de 16 mil "livros, audiolivros, vídeos, teleaulas e
conteúdos educativos direto do seu computador, celular ou tablet". Suassuna
também lançou uma versão da "Nuvem" na Espanha. (…)
Nenhum comentário:
Postar um comentário