Fonte: Portal Uai. Data:
1/07/2012.
URL: http://www.divirta-se.uai.com.br/html/sessao_7/2012/07/01/ficha_agitos/id_sessao=7&id_noticia=54996/ficha_agitos.shtml
Autor: Walter Sebastião
O acervo sofre com fungos e bactérias
Quem está vivendo drama e pede
socorro para salvar uma importante coleção de jornais mineiros é a Biblioteca
Municipal Baptista Caetano de Almeida, de São João del-Rei. Inaugurada em 1827,
é a primeira instituição pública no gênero em Minas
Gerais. O acervo está se degradando devido à contaminação por fungos e
bactérias, com as folha soltando pedaços. São cerca de quatro mil exemplares de
cerca de 40 publicações, editadas entre 1829 e 1938, com títulos como Astro de Minas,
O Imparcial,
A Bigorna,
O Collegial,
A Caveira,
Sentinella
e A Gralha.
Devido aos problemas, o acesso à coleção já foi interditado, assim como o
processo de digitalização.
“Nossa prioridade é a restauração
física das publicações”, afirma Rose Oliveira, bibliotecária da instituição,
explicando que a biblioteca inicia luta para conseguir recursos para o projeto.
“É material que, com riqueza de informações, constitui panorama histórico da passagem
do século 19 para o 20”,
explica. “Estamos vivendo situação gravíssima, com ameaça de perda completa dos
originais, fontes primárias de informação para muitos pesquisadores”, completa.
A bibliotecária avisa que não é muito diferente a situação de outros documentos
que estão no local, como as Atas da Câmara Municipal de São João del-Rei, para
os quais são necessários trabalhos semelhantes aos que pedem os jornais.
A biblioteca, conta o professor
Sérgio Farnese, foi criada no âmbito de movimento por uma sociedade
politécnica, com objetivo de ser meio de instrução da população. O nome
Baptista Caetano d'Almeida é homenagem ao fundador e principal incentivador,
que, em 24 de julho de 1824, encaminhou petição à Corte solicitando autorização
para criar uma livraria pública. O primeiro acervo foi coleção dele. Em 1824,
foram feitas as primeiras tentativas de inaugurar a biblioteca, mas o estado
recusou-se a prover qualquer tipo de recurso para sua manutenção ou ampliação.
Só em 1827 a
biblioteca começou a funcionar, tendo como sede uma das salas da Santa Casa da
Misericórdia. Baptista Caetano manteve a biblioteca até 1836, vindo a falecer
em 1838, ficando o local aos cuidados da municipalidade.
História
“As autoridades e o patrimônio
histórico precisam dar atenção à coleção de jornais da biblioteca. Não é só
história de São João del-Rei, mas do Brasil. E até do mundo, quando se observa
que são publicações editadas pela principal colônia do império português”,
defende Sérgio Farnese. O impressionante número de jornais editados em São João del-Rei, para
ele, revela o quanto a cidade, que os inconfidentes queriam transformar em
capital, tinha vida social, econômica e intelectual ativa. O viajante
inglês Robert Walsh, que passou por lá na época, não só registrou que a cidade
tinha a primeira impressora de jornais do Brasil, como considerou que São João
tinha maior dinamismo intelectual que São Paulo. No Colégio Santo Antônio
estudaram João Guimarães Rosa, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos.
Sérgio Farnese já fez pesquisa na
coleção de jornais e também afirma que o material é muito rico de informações.
Neles, exemplifica, há artigos do jovem Tancredo Neves até anúncio do
compositor João da Mata (que tinha entre seus admiradores Carlos Gomes),
vendendo partituras para comprar
passagem para o Rio, onde esperava editar suas composições. “O meu medo é que
tudo isso se perca”, alerta o professor, sem esconder incômodo “com a situação
da biblioteca, que não recebe a atenção que merece”.
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