Fonte: Revista Crescer. Autoria: Cristiane Rogerio.
URL: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI325906-17926,00-BIBLIOTECA+DO+MUNDO.html
Como são os livros infantis na Rússia? No Japão? Nos países árabes? O projeto de uma biblioteca infantojuvenil multilíngue vai movimentar os olhares – não só de crianças – a partir do ano que vem, e eu estou bem curiosa com este futuro
Fiz poucas viagens para fora do Brasil, mas que já é um hábito-prazer parar em cantos e livrarias só para espiar como são os livros feitos em outros países. Fui parar até em uma cidadezinha na Califórnia, chamada Solvang, que abriga um museu sobre o Hans Christian Andersen, e achei um prédio incrível em New Castle, na Inglaterra, dedicado à literatura infantil com museu, atividades e uma livraria linda. O mais bacana é ver que muitas edições chegam cada vez mais e mais rápido ao Brasil, muito bem traduzidos. E olha que se tradução já é coisa difícil de fazer, avalie o cuidado com textos para crianças! Mas há quem ache que ainda é pouco.
Uma menina de 28 anos (menina, sim, basta falar com ela para ver que lado bom de menina que ela conserva), chamada Duda Porto de Souza, neta de Sergio Porto (irônico e clássico cronista que assinava como Stanislaw Ponte Preta) e que escreve sobre artes plásticas, teve um sonho. E resolveu correr atrás dele. Pensando sobre o papel da biblioteca na sociedade de hoje, ela imaginou abrir uma biblioteca infantil que tivesse livros do mundo inteiro. A ideia foi voando, voando e chegou ao Centro Universitário Belas Artes, que apadrinhou e ninhou a ideia: está prevista para inaugurar em abril do ano que vem, dia 18 - dia em que se comemora o livro infantil no Brasil - a primeira Biblioteca Infantojuvenil Multilíngue do país. E ela não quer apenas colocar nas prateleiras e fazer fichas com livros do mundo todo, não. “Minha ideia é acima de tudo movimentar o mercado, dar oportunidade às pessoas que trabalham com o assunto, fazer encontros, contações de histórias e workshops”. Sim, o desejo é que vire uma referência, aquele lugar que você corre para beber mais informação sobre o mundo. E não é este o papel de uma biblioteca? Abrir o mundo, abrir possibilidades, sonhos, aventuras, situações? E ela tem uma outra luta na manga: deseja que assim a Ge e possa acelerar a nossa formação também na arte visual dos livros. Ou seja, aumentar repertório de tipos de técnicas, projetos gráficos, técnicas de ilustrações, traços, etc. Maravilha, não?
E Duda tem todos os motivos para querer abrir o mundo às pessoas. Embora fluente em quatro línguas, diagnosticada com transtorno obsessivo compulsivo, ela conta que a vida toda teve dificuldades em seguir o tipo de aprendizado padrão. E livros infantis sempre foram importantes aliados. Esta paixão fez com que ela começasse uma megacoleção em casa, e é a partir dela que hoje Duda tem um acervo de 20 mil títulos, doados por pessoas conhecidas, pessoas que ficaram sabendo do projeto, editoras, artistas. Fazendo a curadoria e seleção – com a colaboração da equipe do Belas Artes – ela pretende abrir com 10 mil títulos disponíveis ao público. O barato, claro, é montar um acervo do mundo todo, mas ter bem feito uma lista de livros em português, brasileiros.
Ela está recebendo doações de livros em qualquer idioma (até consegue restaurar algo se for o caso), dá um jeito de retirar, basta entrar em contato no bibliotecainfantil@belasartes.br.
Bem, não dá para parar de imaginar o que pode rolar a partir deste projeto. Porque isso tudo não é apenas bom para a criança de hoje. É bom para qualquer um, em qualquer idade. Prontos?
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