Inicialmente dissertação de mestrado em Ciência da
Informação (IBICT/ECO-UFRJ), a primeira versão de Trabalho com informação:
valor, acumulação, apropriação nas redes do capital, do professor Marcos
Dantas, data de 1994, revista em 1996 e 1999. Mas não é necessariamente um
livro datado: ao contrário, escrito, na sua maior parte antes de a internet ter
se transformado nesse fenômeno de massas que hoje todos vivenciamos e quando
ainda quase nada se falava, no Brasil, de "sociedade da informação",
"sociedade em rede" e, absolutamente nada, de "capitalismo
cognitivo" ou "trabalho imaterial", o estudo antecipava alguns
dos grandes problemas que se encontram na agenda social e política atual,
dentre eles o conflito entre o livre acesso ao conhecimento e as leis de
propriedade intelectual, assim como a real natureza do trabalho
("imaterial"?) no capitalismo contemporâneo. (...)
Em seguida, debate os conceitos de "sociedade da
informação", conforme ainda eram postulados na primeira metade da década
1990, dialogando, entre outros autores, com Daniel Bell e Radovan Richta, este
um dos poucos marxistas a perceber, ainda na década 1960, as transformações
pelas quais passava o capitalismo e, daí, as possibilidades (afinal frustradas)
do socialismo. Então, o livro avança nas questões polêmicas da atualidade,
desde descrições detalhadas do trabalho informacional comandado pelo capital,
até os conflitos econômicos e políticos que, já nos anos 1990, tratavam da
chamada "propriedade intelectual". Simplesmente, a informação, por
sua natureza (se cientificamente compreendida), não pode ser reduzida a
mercadoria, sustenta Dantas. Por isso, o valor da informação (extraído do
trabalho) só pode ser apropriado através de métodos violentos expressos nas
leis de "propriedade intelectual" sancionadas pelo Estado
(capitalista). Essa apropriação se dá na forma de rendas informacionais,
fundamento do capitalismo rentista e financeiro dos nossos dias. O autor então
examina algumas leis que àquela época emanavam dos Estados Unidos, precursoras
dos SOPA e ACTA de nossos dias, por meio das quais o governo desse país
impunha, ao resto do mundo, o monopólio do conhecimento pretendido por suas
corporações transnacionais. Nesse cenário, Dantas discute o
"copyright" do software, as patentes farmacêuticas, a biopirataria,
os rearranjos regulatórios ("neo-liberais") nas comunicações e aponta
para o destino necessariamente "proprietário", sob o capitalismo, que
viriam a ter as redes digitais, quando mal nascia a internet. Só faltou falar
em "jardins murados", expressão desconhecida à época em que escreveu
este trabalho. (...|)
O texto completo da
obra (formatos PDF ou epub) está disponível no URL:
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