Fonte:
Portal G1, Rio Grande do Norte. Data: 17/06/2013.
O aposentado José Pequeno de Sousa
aprendeu a ler aos 39 anos de idade e nunca mais parou. Hoje, aos 81 anos, ele
tem em casa uma biblioteca com cerca de quatro mil livros. Seu Zé é um
colecionar de palavras que nunca acumulou bens materiais na vida, só
conhecimento. Desde 1962 que esse paraibano de Campina Grande, não pensa em
outra coisa, a não ser juntar livros na casa onde mora em Apodi, município a
320 quilômetros de Natal. Já são 50 anos de leituras e de inúmeras descobertas.
“É o conhecimento que a gente
leva”, diz. Hoje, com a visão cansada, seu Zé já não lê como antes, mas a
biblioteca particular continua crescendo. A pequena casa está entupida de
livros, na última contagem eram 4 mil títulos devidamente organizados na sala,
no armário da cozinha, em cima da bicicleta, sobre a mesa, onde tiver espaço
sobrando tem livro ao alcance.
A esposa de José Pequeno, Maria
Crisóstomo, apesar de viver numa biblioteca, nunca leu nada. Ela é analfabeta,
mas diz que gosta da presença dos livros. “Eu acho muito bom porque é cultura.
A casa fica animada, tem visita de pessoas que querem ver os livros”, diz
Maria.
Na biblioteca de Zé Pequeno não
existe seleção. De tudo tem. Enciclopédias, literaturas, manuais, no acervo é
possível encontrar até guias para alunos de medicina. Ele não se importa de
repartir o conhecimento dos livros que tem guardado, ele gosta de receber
visita das pessoas interessadas em aprender. Mas tem um detalhe a pessoa tem
que fazer a leitura na casa, sob a vigilância dele. Ele não empresta livro a
ninguém.
“Eu tenho ciúme dos livros”, diz
Seu Zé. Essa regra de não emprestar livros veio depois de algumas experiências
desagradáveis. Certa vez, seu Zé emprestou um exemplar da biblioteca a uma
pessoa que nunca mais voltou pra devolver. Mesmo sabendo que os livros não
podem mais sair de casa, tem gente que ainda insiste em pedir alguns títulos
emprestados.
Com tantos livros em casa, uma pergunta
precisa ser feita: no futuro, quem vai ficar com esse acervo? A ideia é deixar
essa responsabilidade nas mãos do único filho de Zé Pequeno, que hoje mora em
Pau dos Ferros. Mas isso não é uma certeza. A biblioteca deve ficar com pessoas
que gostem de ler, colecionar, preservar o conhecimento assim como seu Zé
Pequeno vem fazendo ao longo de décadas.
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