Fonte: Moacir
Pereira. Data: 1/11/2013.
URL: http://wp.clicrbs.com.br/moacirpereira/2013/11/01/biblioteca-na-penitenciaria-de-itajai/?topo=67,2,18,,,22
“A inauguração de uma biblioteca nunca foi tão
marcante na vida desses 530 homens”. Atrás das grades, no Complexo
Penitenciário do Vale do Itajaí, eles encontram na literatura uma oportunidade
de fugir: descobrir outros mundos, viver outra vida, conhecer outras histórias.
Ou, simplesmente, encontrar estímulo para recomeçar diferente. “Esse tempo que
estou aqui já viajei para diversos países”, testemunha Marino Ribeiro da Silva
Júnior, que há dois anos e sete meses está recluso. Natural de Balneário
Camboriú, ele apaixonou-se pelos livros e agora, prestes a reencontrar a
liberdade, quer dedicar-se ao hábito que adquiriu.
Nas prateleiras do container, que
serve de sala de leitura, estão aproximadamente 500 títulos, de autores
diversos. Para ter acesso ao acervo, antes, os detentos precisam passar por uma
comissão que avalia não apenas o comportamento, como também a necessidade
individual de cada um. Assim, os técnicos conseguem perceber que tipo de
leitura é mais adequada e podem até orientar melhor, já que existem dois
módulos: um para a remição da pena e o outro por hobby.
Assim como foi possível na vida de
Júnior, os agentes penitenciários, o Poder Judiciário e a comunidade local
esperam que outros apenados encontrem um novo caminho. Mais do que punir por um
crime, o objetivo é ressocializar. “Esse projeto busca formar valores, para que
essas pessoas possam conviver com suas famílias novamente”, define o juiz de
Direito Pedro Walicoski Carvalho, durante a cerimônia de abertura, dia 18 de
outubro. O magistrado atua na Vara de Execuções Criminais e é corregedor de
todo complexo penal.
O projeto Biblioteca Container
Páginas de Liberdade é uma iniciativa do Instituto de Estudo e Pesquisas sobre
a Violência e Criminalidade de Itajaí (IEPES) em parceria com a Vara de
Execuções Penais da Comarca e a Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania. Na
inauguração, estavam presentes também o conselho local da comunidade e
lideranças políticas da região.
“A implantação é um degrau dentro
de uma longa caminhada que precisamos trilhar. Por isso, precisamos de apoio e
ajuda para dar continuidade”, expõe o gerente de Saúde, Ensino e Promoção
Social, Rafael Fachini. Com apenas 26 anos, ele tem usado a vontade de mudança,
própria da juventude, para superar obstáculos e construir uma política
assistencial importante dentro da unidade. Isso porque a biblioteca é só uma
parte, de todos os projeto e iniciativas que são implantadas em favor da
reeducação dos presos.
Roberto Rogério Formolo está na
unidade há quatro anos. Tímido e muito religioso, foi escolhido para atender,
cuidar do espaço, da manutenção dos livros e dos cadastros. Depois de muita
leitura, sobretudo dos títulos religiosos, ele passou por um treinamento e
agora se sente preparado para desempenhar a função. Em primeiro lugar está a
bíblia. Só depois, pela influência do tempo que trabalhou como vendedor, ele
indica a leitura do livro “O monge e o executivo”, do escritor James Hunter.
A cada 30 dias de leitura
comprovada são reduzidos quatro dias da pena. Para isso, o reeducando deve
apresentar, para uma comissão, uma resenha com os principais pontos da
narrativa. Todo o projeto pedagógico é acompanhado por professores que analisam
o aproveitamento real, antes de enviar o pedido de remição à promotoria, que,
posteriormente, é apreciado pelo juiz. “
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