Autoria:
Ana Freitas.
Fonte: Revista Galileu.
A Biblioteca de Alexandria nasceu
em 283 a.C. Famosa nas aulas de história como aquela que foi queimada e, junto
com o fogo, teve manuscritos de valor inestimável já no mundo antigo (imagina
hoje!) destruídos, ela ficava em Alexandria, cidade helênica fundada no Egito
por Alexandre, o Grande. O imperador seguinte ele, Sotero Ptolomeu II, quis
construir um museu de estilo grego que atraísse estudiosos do mundo todo. Daí
surgiu a Ptolemaic Mouseion Academy, o nome oficial da Antiga Biblioteca de
Alexandria.
Não se fala, no entanto, que
historiadores têm uma versão diferente sobre a decadência da Biblioteca e seu
fim. De acordo com o historiador Heather Phillips, a responsabilidade da
destruição da biblioteca não pode recair completamente sobre Amr ibn al-As,
então governador geral do Egito, que a teria queimado em 642. Para Phillips, o
declínio da Biblioteca de Alexandria foi gradual e se deveu a algo que,
infelizmente, a gente conhece bem: um corte de gastos públicos.
"Embora pareça adequado que a
destruição de uma instituição tão mítica quanto a Grande Biblioteca de
Alexandria necessitasse de uma explicação que envolvesse um evento
cataclísmico... na realidade, as fortunas da Grande Biblioteca encolheram e
desapareceram junto com as de Alexandria. Muito de seu declínio foi gradual,
burocrático e, comparando com nossa imaginação cultural, nada grandioso", escreveu Philips.
Segundo o historiador,
o imperador romano Marco Aurélio Antônio suspendeu a verba da Biblioteca,
por exemplo, abolindo bolsas para membros e expulsando todos os acadêmicos
estrangeiros. Ele também diz que perseguições e ações militares podem ter
danificado a estrutura da biblioteca. "Que instituição
poderia esperar continuar atraindo acadêmicos importantes em uma cidade que era
constantemente uma arena de batalha?", questiona.
Outro historiador, Luciano Canfora,
acredita que quando a Biblioteca foi queimada, restavam pouco mais do que
ruínas - não só na estrutura, mas também no acervo. Àquela altura, diz Canfora
em seu livro The Vanished Library, só restavam escritos cristãos
primitivos, atos municipais (como o Diário Oficial) e literatura sagrada e
geral.
Depois de tantas invasões e falta
de recursos pra manter a biblioteca, ela não abrigava mais uma grande coleção e
nem era referência para acadêmicos. O acervo restante foi literalmente queimado
- os pergaminhos foram usados como combustível nos fornos que mantinham quentes
os banhos termais da cidade, de acordo com Canfora. Demorou seis meses para que
todo o material fosse queimado e só os livros de Aristóteles foram poupados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário