23 de dez. de 2013

Nuvem é o novo mainframe



Fonte: INFO Online
Não; não é o que você pode estar imaginando; não sou nenhum saudosista, muito menos dos mainframes. Pelo contrário, eu sou exatamente da geração de embarcou na onda dos computadores pessoais; a única experiência que tive com as "grandes geladeiras" foi na universidade e na realidade foi bem ruim; era muito chato programar naqueles terminais e depois de digitar seu código, ter de esperar para ser processado e pegar o resultado numa impressora.
Mas, desde o surgimento dos browsers como o antigo Netscape, seguido pelo Internet Explorer e mais recentemente pelo Firefox e o Chrome, todos me lembravam muito os emuladores de terminal que eu desenvolvia, pois a função básica é muito parecida: receber dados de um servidor remoto e apresenta-los para o usuário. Claro que os browsers atuais são bem mais sofisticados que os antigos programas emuladores, mas sua essência é a mesma.
Pois bem, se os browsers lembravam os terminais dos mainframes, com o surgimento de tecnologias de computação em nuvem ("cloud computing") cada vez mais lembram a antiga arquitetura dos mainframes, aonde todos os dados e programas são armazenados em computadores centrais e o usuário acessa os mesmos remotamente. Isto tem estimulado o forte crescimento dos Data Centers, que tem praticamente a mesma infraestrutura física de um antigo CPD (Centro de Processamento de Dados), com seus sistemas de alta segurança e redundância.
Bom, isto pode levar a questão se estamos voltando as origens, por que os mainframes praticamente desapareceram e agora ressurgem no formato de clusters de servidores. Minha visão é de que um dos principais motivos para o ressurgimento desta arquitetura é o crescimento acelerado da disponibilidade da comunicação de dados. Na época dos mainframes a velocidade de comunicação era de 300bps a 1200bps; observe que estou falando de "bits por segundo", não de kbps (kilo bps ou 1000 bits por segundo) e muito menos dos Mbps (milhões de bps) que temos atualmente. Além disto, o meio físico disponível era basicamente as linhas telefônicas convencionais, que são tarifadas por tempo de uso o que onerava muito sua utilização ou eventualmente as chamadas linhas dedicadas, que além de terem um alto custo, não eram disponíveis em todos locais. Assim, não era viável utilizar os mainframes para uso pessoal ou nas pequenas empresas, devido ao valor proibitivo de conexão e suas restrições técnicas/de disponibilidade. Isto conjugado com o advento dos microprocessadores foram os ingredientes para explosão da computação pessoal.
Pois bem, com advento de novas tecnologias como as fibras ópticas, a comunicação por telefonia celular (o 3G) e a própria Internet, tanto a velocidade quanto a disponibilidade cresceram ordens de grandeza, enquanto que o custo reduziu-se enormemente. Por outro lado, com o crescimento dispositivos móveis como celulares e tablets que tem restrições de capacidade de processamento e armazenamento, os fatores que impulsionaram a computação pessoal se inverteram e com isto a reinvenção dos mainframes na forma da chamada computação elástica ganhou uma força incomparável.
Enfim, o objetivo deste artigo é apenas para desmistificar que muitas coisas podem parecer (e muitas vezes são vendidas) como se fossem revolucionarias, quando na realidade são apenas a reinvenção de algo já muito conhecido e muitas vezes até antigo; tão antigo que as novas gerações não tiverem a oportunidade de conhece-los e por isto podem achar tão inovador.
Conforme citei no começo do artigo, reitero que não sou advogado do passado, pelo contrário, adoro novidades e tenho arrepios quando lembro o quanto sofríamos com as limitações tecnológicas que tínhamos, mas pela minha experiência, muitas soluções novas podem ser desenvolvidas a partir de conhecimentos relativamente antigos, por isto, não devemos esquecer da nossa história, pelo contrário, podemos aprender muito com elas reinventando-as como se fossem novas.
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