Fonte: INFO Online
Não;
não é o que você pode estar imaginando; não sou nenhum saudosista, muito menos
dos mainframes. Pelo contrário, eu sou exatamente da geração de embarcou na
onda dos computadores pessoais; a única experiência que tive com as
"grandes geladeiras" foi na universidade e na realidade foi bem ruim;
era muito chato programar naqueles terminais e depois de digitar seu código,
ter de esperar para ser processado e pegar o resultado numa impressora.
Mas,
desde o surgimento dos browsers como o antigo Netscape, seguido pelo Internet
Explorer e mais recentemente pelo Firefox e o Chrome, todos me lembravam muito
os emuladores de terminal que eu desenvolvia, pois a função básica é muito
parecida: receber dados de um servidor remoto e apresenta-los para o usuário.
Claro que os browsers atuais são bem mais sofisticados que os antigos programas
emuladores, mas sua essência é a mesma.
Pois
bem, se os browsers lembravam os terminais dos mainframes, com o surgimento de
tecnologias de computação em nuvem ("cloud computing") cada vez mais
lembram a antiga arquitetura dos mainframes, aonde todos os dados e programas
são armazenados em computadores centrais e o usuário acessa os mesmos
remotamente. Isto tem estimulado o forte crescimento dos Data Centers, que tem
praticamente a mesma infraestrutura física de um antigo CPD (Centro de
Processamento de Dados), com seus sistemas de alta segurança e redundância.
Bom,
isto pode levar a questão se estamos voltando as origens, por que os mainframes
praticamente desapareceram e agora ressurgem no formato de clusters de
servidores. Minha visão é de que um dos principais motivos para o ressurgimento
desta arquitetura é o crescimento acelerado da disponibilidade da comunicação
de dados. Na época dos mainframes a velocidade de comunicação era de 300bps a
1200bps; observe que estou falando de "bits por segundo", não de kbps
(kilo bps ou 1000 bits por segundo) e muito menos dos Mbps (milhões de bps) que
temos atualmente. Além disto, o meio físico disponível era basicamente as
linhas telefônicas convencionais, que são tarifadas por tempo de uso o que
onerava muito sua utilização ou eventualmente as chamadas linhas dedicadas, que
além de terem um alto custo, não eram disponíveis em todos locais. Assim, não
era viável utilizar os mainframes para uso pessoal ou nas pequenas empresas,
devido ao valor proibitivo de conexão e suas restrições técnicas/de
disponibilidade. Isto conjugado com o advento dos microprocessadores foram os
ingredientes para explosão da computação pessoal.
Pois
bem, com advento de novas tecnologias como as fibras ópticas, a comunicação por
telefonia celular (o 3G) e a própria Internet, tanto a velocidade quanto a
disponibilidade cresceram ordens de grandeza, enquanto que o custo reduziu-se
enormemente. Por outro lado, com o crescimento dispositivos móveis como
celulares e tablets que tem restrições de capacidade de processamento e
armazenamento, os fatores que impulsionaram a computação pessoal se inverteram
e com isto a reinvenção dos mainframes na forma da chamada computação elástica
ganhou uma força incomparável.
Enfim,
o objetivo deste artigo é apenas para desmistificar que muitas coisas podem
parecer (e muitas vezes são vendidas) como se fossem revolucionarias, quando na
realidade são apenas a reinvenção de algo já muito conhecido e muitas vezes até
antigo; tão antigo que as novas gerações não tiverem a oportunidade de
conhece-los e por isto podem achar tão inovador.
Conforme
citei no começo do artigo, reitero que não sou advogado do passado, pelo
contrário, adoro novidades e tenho arrepios quando lembro o quanto sofríamos
com as limitações tecnológicas que tínhamos, mas pela minha experiência, muitas
soluções novas podem ser desenvolvidas a partir de conhecimentos relativamente
antigos, por isto, não devemos esquecer da nossa história, pelo contrário,
podemos aprender muito com elas reinventando-as como se fossem novas.
Se
tiver alguma dúvida sobre este post, deixe um comentário. Se gostou e deseja
ser notificado dos próximos, você pode seguir com um leitor de
RSS clicando aqui ou ser notificado por e-mail se inscrevendo
aqui. Lembre-se também de compartilhar com seus amigos pelo Twitter, Facebook,
Linkedin, etc. bastando clicar nos ícones acima do post.
Nenhum comentário:
Postar um comentário