Fonte: Capital Teresina. Data: 24/12/2013.
URL:
www.capitalteresina.com.br/noticias/educacao/bibliotecas-ainda-estao-ausentes-na-maioria-das-escolas-do-pais-4582.html
No ranking de 65 nações de Avaliação de
Estudantes 2012, ficamos em 55º em leitura
A divulgação, na semana passada, dos resultados de um
exame que compara o aprendizado de alunos em diversos países voltou a chamar a
atenção para os desafios do Brasil na educação. No ranking de 65 nações e
economias analisadas pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes
2012 (Pisa, na sigla em inglês), ficamos em 55º em leitura, 58º em matemática e
59º em ciências.
O Brasil até vem avançando timidamente a cada exame,
que acontece a cada três anos, e conseguiu melhora significativa em matemática
nesta edição. Em leitura, porém, não houve avanço. Ao contrário: o país caiu
dois pontos (de 412 para 410) em relação ao Pisa anterior, de 2009.
A dificuldade dos alunos brasileiros em entender o que
leem é diagnosticada também no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e na Prova
ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização), que analisa a
qualidade da alfabetização das crianças que concluíram o 3º ano do ensino
fundamental. Em 2011, a prova revelou que metade dos alunos da rede pública não
alcançou os níveis de leitura esperados.
Uma lei originada no Congresso tem um papel
estratégico para aproximar as crianças e adolescentes dos livros. A Lei 12.244,
de 2010, determina que todo estabelecimento de ensino do país, público ou
privado, deve ter uma biblioteca. No entanto, apenas 33,7% das escolas
brasileiras de educação básica cumprem o que diz a lei, segundo levantamento
elaborado pelo movimento Todos pela Educação (TPE) com dados do Censo Escolar
de 2011, do Ministério da Educação (MEC). Pelo Censo Escolar 2012, que
considera bibliotecas e também salas de leitura, são 42% dos estabelecimentos,
atingindo 75% dos alunos matriculados.
O déficit é ainda mais acentuado quando se considera
apenas a rede pública. Nela, somente 27,5% das instituições oferecem a
estrutura aos alunos, de acordo com o estudo do Todos pela Educação. A situação
indica que o prazo estabelecido pela Lei 12.224 para adequação das escolas —
maio de 2020 — dificilmente será cumprido. "O desafio é muito grande.
Teriam que ser criadas 34 bibliotecas por dia no país", diz Alejandra
Meraz Velasco, gerente técnica do TPE.
Ritmo lento
Alejandra explica que a implantação exige esforço das
escolas porque, além do investimento para criação do espaço, são necessários
acervo inicial (a Lei 12.244 estabelece o mínimo de um exemplar por aluno), a
catalogação dos livros e a destinação de profissional para atender os
estudantes. "Seria preciso ter uma ação ampla, focada nas escolas que
ainda não têm biblioteca", defende.
Hoje, o único programa de alcance nacional específico
para bibliotecas escolares é o Biblioteca na Escola, do MEC, que fornece acervo
às instituições de ensino de educação básica cadastradas no Censo Escolar.
O presidente da Comissão de Educação do Senado, Cyro
Miranda (PSDB-GO), diz ver com preocupação a pouca atenção dada à efetividade
da lei. "Se continuarmos nesse ritmo, é evidente que não vamos conseguir
cumprir a meta de fazer com que toda escola tenha biblioteca, uma estrutura que
em todo o mundo é prioridade".
Na avaliação do senador, o cumprimento de leis como a
12.244 e inclusive das metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (o
PNE, cujo projeto, PLC 103/2012, tramita no Senado e deve ir a Plenário amanhã)
só será efetivo quando for aprovada a Lei de Responsabilidade Educacional — LRE
(PL 7.420/2006), proposta que está em análise na Câmara. A exemplo da Lei de
Responsabilidade Fiscal, a LRE estabelece a responsabilidade dos gestores
públicos na educação básica e prevê obrigações e sanções para autoridades que não cumprirem a legislação
educacional.
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