5 de fev. de 2014

Biblioteca escolar

Autoria: Nehac
Fonte: Correio de Uberlândia (MG). Data: 31/01/2014.
URL: www.correiodeuberlandia.com.br/nehac/2014/01/31/biblioteca-escolar/
Há algumas semanas um amigo publicou no Facebook uma estatística que me fez pensar no hábito da leitura e na minha relação pessoal com os livros. Segundo a postagem, “87% dos não leitores nunca foram presenteados com livros na infância”. Ao me deparar com tal informação foi impossível não rememorar a minha trajetória pessoal.
Pois bem, nunca ganhei um livro sequer na minha infância e devo dizer que os estímulos à leitura eram bastante raros naquele período de minha vida. E, no entanto, eu desenvolvi uma verdadeira paixão pela leitura, de modo que hoje os livros fazem parte do meu cotidiano de maneira bastante intensa. Com efeito, creio que o surgimento do hábito da leitura não depende apenas do fato de se ganhar livros, afinal, a própria pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” (2011), de onde a estatística que citamos no início deste texto foi tirada, informa que 60% dos leitores também nunca foram presenteados com livros.
Como se vê, o fato de não ganhar livros não impede totalmente que o gosto pela leitura apareça. Mas, se o estímulo a esse hábito tão importante não vem de casa e nem dos amigos, de onde ele pode vir? É aqui que rememoro a minha trajetória pessoal. No meu caso, ler tornou-se um hábito a partir de 1999, quando fui estudar na Escola Estadual Professor Vicente Lopes Perez, situada na cidade de Monte Carmelo (MG). Naquele colégio, conhecido por “Polivalente”, havia uma bem organizada biblioteca escolar localizada em um ponto estratégico e que contava com bibliotecárias atenciosas. Aquele era um lugar confortável para se estar, que convidava o aluno a entrar e o estimulava a explorar o acervo de livros ali existente.
Penso que este deve ser um exemplo para as bibliotecas de nossas escolas hoje. A biblioteca escolar precisa ser um lugar capaz de atrair o aluno. Infelizmente, em muitos de nossos estabelecimentos de ensino, estes espaços estão escondidos, não contam com uma organização eficiente e não são nada atraentes para os estudantes. Ora, se a criança ou o adolescente não tiver um estímulo à leitura nem em casa e nem na escola, aí sim acredito que esse hábito pode não surgir. Restará em casos assim, talvez, torcer para que o jovem adquira o gosto pela leitura por meio de outros caminhos.
No meu caso, a biblioteca escolar do Polivalente de Monte Carmelo foi fundamental na minha formação. Gosto de pensar que aquelas estantes cheias de livros mudaram a minha vida. Devo muito do que sou àquela biblioteca e deixo aqui registrada a minha profunda gratidão.


*Rodrigo Francisco Dias é Mestre em História pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), professor da Escola Estadual Messias Pedreiro (Uberlândia – MG) e integrante do Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da Cultura (Nehac). E-mail: dias.rodrigof@gmail.com.

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