Há algumas
semanas um amigo publicou no Facebook uma estatística que me fez pensar no
hábito da leitura e na minha relação pessoal com os livros. Segundo a postagem,
“87% dos não leitores nunca foram presenteados com livros na infância”. Ao me
deparar com tal informação foi impossível não rememorar a minha trajetória
pessoal.
Pois bem, nunca
ganhei um livro sequer na minha infância e devo dizer que os estímulos à
leitura eram bastante raros naquele período de minha vida. E, no entanto, eu
desenvolvi uma verdadeira paixão pela leitura, de modo que hoje os livros fazem
parte do meu cotidiano de maneira bastante intensa. Com efeito, creio que o
surgimento do hábito da leitura não depende apenas do fato de se ganhar livros,
afinal, a própria pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” (2011), de onde a
estatística que citamos no início deste texto foi tirada, informa que 60% dos
leitores também nunca foram presenteados com livros.
Como se vê, o
fato de não ganhar livros não impede totalmente que o gosto pela leitura
apareça. Mas, se o estímulo a esse hábito tão importante não vem de casa e nem
dos amigos, de onde ele pode vir? É aqui que rememoro a minha trajetória
pessoal. No meu caso, ler tornou-se um hábito a partir de 1999, quando fui
estudar na Escola Estadual Professor Vicente Lopes Perez, situada na cidade de
Monte Carmelo (MG). Naquele colégio, conhecido por “Polivalente”, havia uma bem
organizada biblioteca escolar localizada em um ponto estratégico e que contava
com bibliotecárias atenciosas. Aquele era um lugar confortável para se estar,
que convidava o aluno a entrar e o estimulava a explorar o acervo de livros ali
existente.
Penso que este
deve ser um exemplo para as bibliotecas de nossas escolas hoje. A biblioteca
escolar precisa ser um lugar capaz de atrair o aluno. Infelizmente, em muitos
de nossos estabelecimentos de ensino, estes espaços estão escondidos, não
contam com uma organização eficiente e não são nada atraentes para os
estudantes. Ora, se a criança ou o adolescente não tiver um estímulo à leitura
nem em casa e nem na escola, aí sim acredito que esse hábito pode não surgir.
Restará em casos assim, talvez, torcer para que o jovem adquira o gosto pela
leitura por meio de outros caminhos.
No meu caso, a
biblioteca escolar do Polivalente de Monte Carmelo foi fundamental na minha
formação. Gosto de pensar que aquelas estantes cheias de livros mudaram a minha
vida. Devo muito do que sou àquela biblioteca e deixo aqui registrada a minha
profunda gratidão.
*Rodrigo
Francisco Dias é Mestre em História pela Universidade Federal de Uberlândia
(UFU), professor da Escola Estadual Messias Pedreiro (Uberlândia – MG) e
integrante do Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da Cultura
(Nehac). E-mail: dias.rodrigof@gmail.com.
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