Fonte:
Senado Federal. Data: 10/04/2014.
URL: www12.senado.gov.br/noticias/materias/2014/04/10/participantes-de-debate-dizem-que-brasil-precisa-de-marco-legal-para-bibliotecas
O
Brasil precisa de um marco legal para fortalecer as bibliotecas, que imponha
padrões de estruturação, esclareça as diferenças entre as tipologias e missões
existentes e estabeleça recursos orçamentários permanentes para investimento.
Desta forma, elas não ficarão à mercê do empenho de gestores engajados ou não e
poderão ser instrumento de mudanças na sociedade.
Esta
foi a tônica do debate realizado nesta quinta-feira (10) pela Comissão de
Educação, a pedido do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), para coletar
sugestões que embasarão uma lei para fortalecer essas instituições. Isso
permitirá, segundo os debatedores, que elas se tornem verdadeiros centros de
estímulo à leitura e ao conhecimento e braços para o desenvolvimento social, e
não apenas depósitos de livros.
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Como vamos ter cidadãos críticos, que façam uma reflexão sobre sua própria
realidade, se ele não tem competências para usar a informação e reconhecer,
saber o que de fato vale, qual a fidedignidade, avaliar se é plantada com
outros objetivos, seja ideológico, político ou econômico, e saber fazer um
discernimento claro sobre aquilo? Não vamos conseguir se não houver uma ação de
escola, professores e bibliotecas nesse sentido – afirmou Marta Ligia Valentim,
professora do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual
Paulista (UNESP).
Os
participantes da audiência apoiaram o projeto do senador Cristovam de
federalizar a educação de base. Segundo eles, pelas diferenças regionais e de
desenvolvimento existentes no Brasil, somente com atenção federal a educação, e
por consequência as bibliotecas, poderão ganhar um salto de qualidade.
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Essa revolução educacional não virá se nós não fizermos a federalização da
educação de base. Enquanto a educação estiver nas mãos dos pobres prefeitos,
pobres e desiguais, a gente não vai ter a escola que deve. A União tem que
assumir isso. E assumir as bibliotecas das escolas como uma questão nacional, e
não como uma questão estadual e municipal – disse o senador.
Biblioteconomistas
Os
debatedores também ressaltaram a importância do papel do biblioteconomista como
mediador e sistematizador do conhecimento que as bibliotecas podem oferecer.
Para Angélica Miranda, pró-reitora de Extensão e Cultura da Universidade
Federal do Rio Grande (Furg), a biblioteca tem papel fundamental para a
diminuição do analfabetismo digital. Ela ressaltou a participação e o auxílio
do bibliotecário nessa mudança.
A
professora também citou como exemplo do poder de mudança social da biblioteca o
morador de rua de Pernambuco que, ao utilizar uma instituição pública para
estudar, conseguiu concluir o ensino regular e ainda passar em um concurso
público.
A
presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia, Regina Célia de Sousa,
afirmou que uma das principais ideias a ser desmistificadas é a de que a
biblioteca é só um armazém de livros ou depositório de acervo bibliográfico.
Segundo disse, sem pessoal qualificado para transformar conteúdos em bens
culturais a ser ofertados continua e sistematicamente a seus usuários, por meio
de serviços de consulta e empréstimo, as bibliotecas não contribuirão para a
democratização da cultura e do conhecimento e a formação dos cidadãos.
Um
importante passo para garantir o acesso à leitura e à cultura pode ser dado com
a discussão do Plano Nacional de Livro e Leitura, projeto retomado pelo governo
federal que pretende democratizar o acesso aos livros, defendeu José Castilho
Marques Neto, secretário executivo do Programa Nacional do Livro e da Leitura
do Ministério da Cultura. Para isso, além de bibliotecas públicas estruturadas,
com acervo e instalações adequadas, são necessários profissionais que farão a
mediação, apresentando o conhecimento ali guardado aos usuários, dando à
biblioteca seu sentido pleno.
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O bibliotecário necessita ser mediador da leitura – defendeu.
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