Fonte:
Portal R7. Data: 26/11/2014.
O FNDE
(Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), instância ligada ao MEC
(Ministério da Educação), realiza nesta quarta-feira (26) uma audiência
pública, em Brasília, para definir as especificações técnicas do chamado Media
Center (Plataforma de Nuvem Educacional). A ferramenta permitirá que cada uma
das 190 mil escolas públicas do País salvem conteúdos educacionais feitos por
seus professores uma plataforma interna. Os materiais poderão ser direcionados
aos alunos e docentes da instituição por uma rede local, sem necessidade de
conexão à internet.
A
iniciativa foi comentada ontem (25) pela diretora de formulação de conteúdos
educacionais da SEB (Secretaria de educação Básica) do MEC, Mônica Franca. Ela
esteve presente no seminário internacional “Tecnologias para a transformação da
educação”, realizado em São Paulo, pela Fundação Santilla, junto à Unesco
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), e em
parceria com o INSPER.
— O Media
Center vai ser um grande conjunto de tecnologias que, dentro da escola, vão
permitir acesso aos conteúdos dispensando o acesso à internet, como se fosse
uma rede local, uma ‘rede interna de cada escola. Não é uma ideia nova, mas é
uma solução mais barata para ofertarmos nas escolas, e aí abrir um canal que dá
acesso aos conteúdos digitais.
Segundo
Mônica, um projeto piloto já foi aplicado em uma escola do Distrito Federal.
Agora, a ideia é, depois da audiência pública que terá a presença de
representantes da indústria, planejar o lançamento do edital para a criação dos
equipamentos.
—
Esforços estão sendo feitos para lançarmos os editais para a produção dos
equipamentos a serem instalados nas escolas no início de 2015.
Ela
ressalta que não há previsão de data para o funcionamento do sistema nas
instituições de ensino.
Questão
de acesso
Questionada
pelo R7 sobre as restrições de acesso das escolas públicas a
equipamentos e à infraestrutura adequada para a viabilizar projetos
tecnológicos ligados à educação, a secretária da SEB-MEC, Maria Beatriz Luce,
também presente no seminário, mencionou que os déficits não são exclusividades
do setor público.
— Quando
existir dificuldade de ser colocado uma satélite ou uma banda larga na casa de
alguém, na Prefeitura, em qualquer lugar, também vai haver dificuldade nas
escolas, e não importa se forem públicas ou privadas.
Durante a
sua fala na abertura do evento, a secretária ressaltou que o Brasil ainda tem
dívida com a educação no que diz respeito à distribuição educacional. Ela
avalia que melhorias estão acontecendo e que um dos atuais desafios do País é
ter condições de levar a tecnologia para todas as escolas em igualdade de
condições.
— No
Ministério de Educação, estamos numa fase extremamente importante que é de
transição de gestão. Estamos com muita expectativa de que poderemos contar com
uma rede de dados de melhor qualidade para alcançarmos todas as escolas. Para
isso, contamos também com um conjunto de políticas de outros setores, como a
área de comunicação e telefonia do País. Estamos batalhando para disponibilizar
banda larga para todas as escolas”, disse lembrando do Programa Banda Larga na Escola,
lançado e 2008.
Estudo
Durante o
seminário, foi apresentado o documento “Tecnologias para a transformação da
educação: experiências de sucesso e expectativas”. O material foi elaborado
pelos organizadores do evento em parceria com o BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento) e mostra um panorama de experiências bem sucedidas em
tecnologia na educação em escolas da América Latina.
Até o
momento, a pesquisa levantou materiais no Chile, na Colômbia, no Peru e no
Brasil. Ainda serão coletados dados sobre o tema no México e na Espanha.
A
principal conclusão do estudo é que, de maneira geral e também quando o assunto
é tecnologia, mais valem três horas de formação de professores realizada na
própria escola onde eles atuam, do que 30 horas de aprendizado em centros de
formação fora e longe das salas de aula.
Segundo
Francesc Pedró, que dirige a área de políticas públicas para a tecnologia na
educação da Unesco em Paris, o ideal é o professor se formar para o uso da
tecnologia tendo como base o contexto onde trabalha, e os materiais e
ferramentas digitais a serem usados com os alunos.
—
Precisamos não só formar, mas também apoiar os docentes. É necessário entrar
com eles nas salas de aula e entender como tecnologia pode ajudar em suas
práticas.
Quanto às
experiências brasileiras, o especialista avalia ser necessário justamente
formar e escutar os professores em seus ambientes de trabalho.
—
Geralmente, no Brasil, a tecnologia cai na escola de cima para baixo, sendo que
é preciso perguntar para o professor o que ou que tipo de tecnologia eles
precisam para melhorar suas aulas.
Ele
também ressalta que o bom uso da tecnologia nas escolas brasileiras pode captar
o interesse do aluno e, consequentemente, combater a evasão escolar no
País.
— As
experiências mostram que a tecnologia pode ajudar alunos a pesquisarem sobre o
bairro onde vivem e a aplicarem a criatividade em prol de melhorias para a
realidade do entorno onde moram.
Mesmo
dada a inegável presença da tecnologia nas escolas, há quem reivindique um passo
anterior às formas de sua utilização para o ensino. O presidente do Insper,
Cláudio Haddad, destaca, que antes mesmo da introdução de novas tecnologias nas
salas de aula, é preciso melhor as práticas educacionais atuais.
—
Tecnologia nada mais é do que técnica, é para ser a coisa mais simples do
mundo. Então, antes de pensarmos em algo sofisticado, temos que aprimorar o
básico: se os professores conseguissem cumprir seu tempo de aula e transmitir
bem o conteúdo, a educação no Brasil já melhoria muito.
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