Fonte: UOL. Data: 20/02/2015.
Autoria: Marcelle Souza.
URL: http://educacao.uol.com.br/noticias/2015/02/20/com-livros-contaminados-por-ddt-funcionarios-fecham-biblioteca-na-usp.htm
Os funcionários da Biblioteca Florestan Fernandes, da
FFLCH-USP (Faculdade de Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
USP), começam na segunda-feira (23) uma paralisação em protesto contra a
manutenção no local de 9.200 livros que estão contaminados com produtos
tóxicos. A direção afirma que os volumes do acervo têm valor bibliográfico
"inquestionável".
Segundo laudo do IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas), livros do acervo doado à FFLCH estão contaminados com
substâncias tóxicas, entre elas o DDT --um inseticida proibido em todo o país
desde 2009 por fazer mal à saúde-- e seus derivados.
"Eu tive várias manchas pelo corpo, que coçavam
muito. Também tive muitas dores no corpo, os médicos não sabiam o que era, e
fiz vários exames para detectar câncer, que é uma das coisas que esses produtos
fazem com o corpo do ser humano", diz uma funcionária que não quis se
identificar.
O Sintusp (sindicato dos funcionários da USP) diz que os
primeiros sintomas começaram a ser relatados em março do ano passado, entre
eles dores de cabeça, no corpo, náusea, sangramento do nariz, dor de garganta,
inchaço dos olhos, vermelhidão e coceira no corpo.
Os funcionários dizem que imediatamente avisaram
a direção da biblioteca e da FFLCH dos sintomas que teriam sido causados pelo
pó branco (DDT) depois que os livros foram doados à unidade. "A direção
sabe desse problema há um ano. Primeiro foram os alunos, monitores, que
relataram problemas de saúde, depois foram os funcionários. Nada foi feito. Na
minha seção, todos ficaram doentes na mesma época, com sintomas parecidos, como
dor de cabeça, vômito e alergia. Não é coincidência", diz uma funcionária.Ela afirma que os livros doados estão no segundo piso da biblioteca, separados apenas por um tapume do resto do acervo.
"Isso gera grande insegurança, pois não há como garantir que essa substância, um pó branco, não tem potencial dispersivo e que não esteja sendo espalhado por ventiladores e ar-condicionado, contaminando toda a biblioteca", afirma a nota divulgada pelo sindicato na quinta (19).
"A paralisação é pelo envio desses livros para um local seguro, pela preocupação também com os milhares de estudantes que voltam à faculdade nessa semana [as aulas na USP começam no dia 23], para que não se deixe chegar mais uma vez a uma situação dramática como aconteceu em outros casos", afirma Bruno Rocha, diretor do Sintusp, em referência à contaminação da USP Leste.
Contaminação
Em nota, a direção da FFLCH diz que os livros
foram higienizados em 2013 e em abril de 2014 foi identificado um pó branco em
cinco livros do acervo. Assim que tomou ciência, diz no texto, providenciou
avaliações de saúde dos funcionários que apresentaram sintomas."Não temos até o momento como avaliar a extensão desses agentes químicos em toda a coleção, razão pela qual o termo, corrente nos documentos sindicais, de 'contaminação do acervo' não pode ainda ser cientificamente confirmado", diz a direção em nota.
O texto ainda informa que nenhum especialista "recomendou retirada da coleção do espaço em que se encontra ou apontou para o risco de contaminação da biblioteca a partir das atuais condições de acomodação".
A direção afirma que não dispõe de outro local para transferir o acervo, o que é pedido pelos funcionários, e que já foram aprovados recursos para que a coleção seja higienizada por uma empresa terceirizada. Não há data, porém, para que o serviço seja realizado.
A biblioteca ficará fechada, segundo os funcionários, por tempo indeterminado a partir de segunda-feira (23).
Nenhum comentário:
Postar um comentário