21 de abr. de 2015

Curso de Biblioteconomia completa 100 anos

O primeiro curso de biblioteconomia do Brasil foi o Curso de Biblioteconomia da Biblioteca Nacional, inaugurado há exatamente 100 anos, no dia 10 de abril de 1915. Atualmente, o curso está associado à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
Mesa de abertura do primeiro curso de biblioteconomia do Brasil
Parte importante da história do antigo curso é contada no volume 130 dos Anais da Biblioteca Nacional, no artigo “Desenvolvimento de coleções no curso de Biblioteconomia da Biblioteca Nacional (1915-1949”), de autoria da bibliotecária Simone Weitzel, que hoje dirige a Escola de Biblioteconomia da UNIRIO.
O artigo, que trata da história da criação e evolução da disciplina que ficaria conhecida como “Desenvolvimento de Coleções”, uma das mais importantes para a formação dos bibliotecários, teve como fontes principais os relatórios anuais dos diretores da Biblioteca Nacional, os programas das disciplinas ministradas, além das publicações de biblioteconomia na época. O curso funcionou na Biblioteca Nacional até 1969, quando foi transferido para aquela universidade. O volume 130 dos Anais da Biblioteca Nacional publica ainda outros quatro estudos referentes às áreas da ciência da informação e biblioteconomia, todos resultantes de bolsas que vêm sendo concedidas desde 2004 pela Fundação Biblioteca Nacional.
Segundo Marcus Venicio Ribeiro, coordenador-geral do Centro de Pesquisa e Editoração e editor dos Anais, “essas bolsas favorecem tanto os pesquisadores de várias áreas do conhecimento – que hoje dispõem de um novo espaço institucional de pesquisa –, quanto a Biblioteca Nacional, que multiplica os estudos sobre o seu acervo”.
Em outro desses estudos “A Biblioteca Nacional nos Tempos de Ramiz Galvão”, a historiadora Ana Paula Sampaio Caldeira traça o perfil do médico e erudito Benjamim Franklin de Ramiz Galvão, que dirigiu a Biblioteca Nacional de 1872 a 1884, período em que se delineou o papel a ser desempenhado pela instituição nos séculos seguintes.
Os outros trabalhos resultantes do PNAP são A produção editorial da biblioteconomia lusófona no acervo da Biblioteca Nacional: do século XX aos dias atuais, de Vinicios Souza de Menezes, “A Biblioteca do antigo Colégio dos Jesuítas: Inventário das obras que restaram, de Bruno Martins Boto Leite”, e “Conhecer e conviver: as bibliotecas públicas na Baixada Fluminense e construção da democracia”.
O número 130 dos Anais da Biblioteca Nacional traz ainda algumas das comunicações do IX Encontro Nacional de Acervo Raro e na seção Preciosidades do Acervo, reproduz e transcreve uma das 69 cartas da chamada “Coleção Andradina”, correspondência dos irmãos Andradas (José Bonifácio, Antônio Carlos e Martim Francisco) com Antônio de Menezes Vasconcelos de Drummond, durante o período de exílio na França. Comentada pela bibliotecária Ana Lúcia Merege, da Divisão de Manuscritos, a carta transcrita foi escrita por José Bonifácio em 1825, logo após a assinatura do Tratado de Paz e Amizade, em que Portugal, representado pela diplomacia inglesa, reconheceu a independência do Brasil. Na carta, o “Patriarca da Independência”, diante da obrigação do Brasil de indenizar Portugal pelos prejuízos decorrentes da independência, em dois milhões de libras esterlinas, afirma que “a soberania nacional recebeu um coice na boca do estômago”.

Fonte: Biblioteca Nacional.

Foto: Sessão solene de abertura do Curso. Fonte: Biblioteca Nacional .


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