O primeiro curso
de biblioteconomia do Brasil foi o Curso de Biblioteconomia da Biblioteca
Nacional, inaugurado há exatamente 100 anos, no dia 10 de abril de 1915.
Atualmente, o curso está associado à Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro (UNIRIO).
Mesa de abertura do primeiro curso de biblioteconomia do Brasil
Parte importante
da história do antigo curso é contada no volume 130 dos Anais da Biblioteca
Nacional, no artigo “Desenvolvimento de coleções no curso de Biblioteconomia da
Biblioteca Nacional (1915-1949”), de autoria da bibliotecária Simone Weitzel,
que hoje dirige a Escola de Biblioteconomia da UNIRIO.
O artigo, que
trata da história da criação e evolução da disciplina que ficaria conhecida
como “Desenvolvimento de Coleções”, uma das mais importantes para a formação
dos bibliotecários, teve como fontes principais os relatórios anuais dos
diretores da Biblioteca Nacional, os programas das disciplinas ministradas,
além das publicações de biblioteconomia na época. O curso funcionou na
Biblioteca Nacional até 1969, quando foi transferido para aquela universidade.
O volume 130 dos Anais da Biblioteca
Nacional publica ainda outros quatro estudos referentes às áreas da ciência
da informação e biblioteconomia, todos resultantes de bolsas que vêm sendo
concedidas desde 2004 pela Fundação Biblioteca Nacional.
Segundo Marcus
Venicio Ribeiro, coordenador-geral do Centro de Pesquisa e Editoração e editor
dos Anais, “essas bolsas favorecem
tanto os pesquisadores de várias áreas do conhecimento – que hoje dispõem
de um novo espaço institucional de pesquisa –, quanto a Biblioteca Nacional,
que multiplica os estudos sobre o seu acervo”.
Em outro desses
estudos “A Biblioteca Nacional nos Tempos de Ramiz Galvão”, a historiadora Ana
Paula Sampaio Caldeira traça o perfil do médico e erudito Benjamim Franklin de
Ramiz Galvão, que dirigiu a Biblioteca Nacional de 1872 a 1884, período em que
se delineou o papel a ser desempenhado pela instituição nos séculos seguintes.
Os outros
trabalhos resultantes do PNAP são A produção editorial da biblioteconomia
lusófona no acervo da Biblioteca Nacional: do século XX aos dias atuais, de
Vinicios Souza de Menezes, “A Biblioteca do antigo Colégio dos Jesuítas:
Inventário das obras que restaram, de Bruno Martins Boto Leite”, e “Conhecer e
conviver: as bibliotecas públicas na Baixada Fluminense e construção da
democracia”.
O número 130 dos Anais da Biblioteca Nacional traz ainda
algumas das comunicações do IX Encontro Nacional de Acervo Raro e na seção
Preciosidades do Acervo, reproduz e transcreve uma das 69 cartas da chamada
“Coleção Andradina”, correspondência dos irmãos Andradas (José Bonifácio,
Antônio Carlos e Martim Francisco) com Antônio de Menezes Vasconcelos de
Drummond, durante o período de exílio na França. Comentada pela bibliotecária
Ana Lúcia Merege, da Divisão de Manuscritos, a carta transcrita foi escrita por
José Bonifácio em 1825, logo após a assinatura do Tratado de Paz e Amizade, em
que Portugal, representado pela diplomacia inglesa, reconheceu a independência
do Brasil. Na carta, o “Patriarca da Independência”, diante da obrigação do
Brasil de indenizar Portugal pelos prejuízos decorrentes da independência,
em dois milhões de libras esterlinas, afirma que “a soberania nacional recebeu
um coice na boca do estômago”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário