Fonte: Diário de Notícias. Data: 01/07/2015.
O tribunal decretou que
Eva Hoffe, que reclama a propriedade dos manuscritos contendo textos raros do
escritor checo, os entregue à Biblioteca Nacional em Jerusalém, avançava esta
quarta-feira a agência noticiosa France Presse (AFP).
Franz Kafka tinha
exigido que o seu amigo Max Brod queimasse todos os seus escritos depois da sua
morte, em 1924, mas o pedido não foi respeitado.
Depois da invasão da
Checoslováquia pela Alemanha Nazi em 1939, Max Brod emigrou para a Palestina,
levando consigo os manuscritos.
Morto em 1968, Brod
deixou a coleção em testamento a Esther Hoffe, sua secretária, pedindo-lhe que
doasse os documentos, com valor avaliado em vários milhões de dólares, "à
Universidade Hebraica de Jerusalém, à Biblioteca Municipal de Tel Aviv, ou a
outra instituição em Israel ou no estrangeiro".
A secretária, falecida
em 2007, não respeitou a vontade de Max Brod e dividiu a herança entre as suas
duas filhas, Eva e Ruth, fazendo da coleção Brod alvo de disputas entre
institutos universitários, arquivos nacionais alemães e israelitas e as duas
herdeiras.
No início do processo
contra os herdeiros, em 2009, o Estado de Israel reclamou a posse de todos os
documentos, argumentando ser essa a última vontade de Max Brod, mas as filhas
de Esther Hoffe reclamaram que os arquivos tinham sido doados à sua mãe, pelo
que podiam dispor deles como quisessem.
Esther Hoffe chegou a
vender o manuscrito original da obra O Processo aos Arquivos Nacionais da Alemanha,
um documento também reclamado pela justiça israelita.
Ao longo dos anos,
outros documentos do arquivo de Brod foram vendidos a colecionadores, tendo os
restantes manuscritos sido colocados em cofres bancários em Israel e na Suíça.
A justiça israelita já
tinha decidido em favor da Biblioteca Nacional em 2012, tendo o tribunal do
distrito de Tel Aviv rejeitado o recurso de Eva Hoffe contra a decisão.
Os juízes israelitas
qualificaram como "criminosa" a forma como a família Hoffe geriu a
coleção ao longo dos anos.
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