Autoria: Gabriel Brust.
Fonte: RFI. Data:
04/07/2016.
O Quartier Latin em Paris é conhecido pela Sorbonne, por
maio de 68 e por ser um ponto de encontro de intelectuais. Mas as famosas
livrarias do bairro não estão imunes à transformação do mercado editorial. A
loja da editora Presses Universitaires de France – Les PUF para os íntimos –
agora não tem mais quase nenhum livro em suas prateleiras.
Fundada há 100 anos como a primeira editoria de Ciências
Humanas da França, a Les PUF agora oferece seu catálogo de 5.000 títulos em um
tablet. O cliente escolhe a obra, pode incluir as anotações que quiser e
imprimir o livro na hora.
É o conceito on demand agora para livros. Além das
publicações da editora, o leitor também encontra cerca de 3 milhões de títulos
em diversas línguas, incluindo português, graças à parceria com a fabricante
norte-americana da impressora.
A máquina imprime qualquer livro em uma média de quatro
minutos. A inovação permitiu à livraria fundada em 1921 manter suas portas
abertas, em um momento difícil para o mercado editorial local. As compras pela
internet e os altos custos de alugueis em Paris levaram 28% das livrarias da
cidade a simplesmente fecharem suas portas nos últimos 15 anos.
“Decidimos fazer isso por uma questão de espaço. Não
podemos mais abrir livrarias de 600 metros quadrados como antigamente, por
questão de custo de aluguel”, explica Alexandre Gaudefroy, gerente da livraria.
“O público recebeu a inovação muito bem, porque a livraria havia desaparecido
do bairro por mais de 10 anos. Isso mostra que mesmo as editoras mais clássicas
são capazes de inovar”, diz o editor.
Mesmo preço
Com a novidade, a editora agora controla toda a cadeia de
produção de seu produto, o que, segundo Gaudefroy, compensa o fato de cada
exemplar ter um custo mais alto do que se fosse impresso em grandes
quantidades. Mas o preço final ao consumidor, ele garante, é o mesmo de outras
livrarias. A prensa de Gutenberg do século 21 da Les PUF imprime entre 25 e 35
obras por dia.
O fim do estoque permitiu a Les PUF se mudar para um local
menor, com custos reduzidos. A livraria saiu da equina da Praça da Sorbonne,
agora ocupada por uma marca de roupas famosa, e se mudou para uma quadra
próxima. Mas sem nem pensar em abandonar o Quartier Latin.
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