Fonte: Tribuna
da Bahia. Data: 28/06/2016.
URL:
www.tribunadabahia.com.br/2016/06/28/sem-vigilantes-biblioteca-dos-barris-fecha
Salvador – capital que dispõe da
primeira biblioteca pública da América Latina há 205 anos – foi taxada, ontem,
de ser o “único lugar no mundo em que uma biblioteca impede o acesso de
leitores aos livros”. A crítica foi emitida pelo italiano Giuseppe Sabatino,
residente há 20 anos na Bahia.
Ele esteve com a companheira para pegar
livros emprestados, como disse fazê-lo costumeiramente, “mas desde o dia 10
tenho encontrado a Biblioteca Central, aqui nos Barris, com as portas
fechadas”, privando, não só a ele, diga-se, mas a uma média superior a cinco
mil leitores mensais que frequentam o equipamento. Isabel Neves, estudante de
Farmácia, lamentou o “funcionamento apenas interno”. Ela queria fazer a “doação
de 20 livros de literatura, para que outras pessoas também possam lê-los”.
O fechamento da Biblioteca Pública
decorre da suspensão do serviço de segurança por orientação do Sindicato dos
Vigilantes. O pessoal é contratado da Java Segurança Patrimonial, empresa
terceirizada que completa quatro meses nessa quinta-feira sem receber pagamento
pelo serviço de proteção às cinco bibliotecas que integram o sistema em
Salvador. A dívida já chega aos R$ 880 mil.
Somente na Biblioteca Central, estão
lotados 23 seguranças, agora de braços cruzados. Chegaram a ter os portões
fechados por dois dias, mas já retomaram as atividades as bibliotecas Juracy
Magalhães Jr, no Rio Vermelho, a infantil Monteiro Lobato, em Nazaré; a Thales
de Azevedo, no Costa Azul e a Anísio Teixeira, especializada em materiais para
surdos e mudos, no Pelourinho. Há, ainda, a Biblioteca Virtual Consuelo Pondé
de Sena, uma instância online, disponível na Internet.
A suspensão da segurança, há 17 dias,
no caso do Complexo Cultural dos Barris, afeta ainda equipamentos como o Espaço
Xisto e a Sala de Meio Ambiente Milton Santos, gerida pela Sema-Secretaria
Estadual de Meio Ambiente. A Sala Walter da Silveira e a Galeria Pierre Verger,
subordinadas à Dimas-Divisão de Audiovisual da Fundação Cultural do Estado,
todavia, permaneciam funcionando ontem, após o recesso do São João, entre os
dias 23 a 26.
A suspensão do pagamento, segundo
servidores da Biblioteca Central que preferiram não se identificar, “até onde
se sabe decorre da contingência de recursos determinada pelo Governo do Estado
diante da crise financeira que atinge o País”. (...)
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