Autoria: Hugo Séneca.
Fonte: Exame Informática. Data: 13/09/2016.
Poderá este texto ser lido a 55 palavras por minuto? A
velocidade de leitura não é citada aqui por acaso: trata-se da velocidade mínima
de leitura que serve de referência ao Programa de Português para o Ensino
Básico – e é também uma das principais referências da ferramenta LetsRead -
Automatic assessment of reading ability of children, que foi desenvolvida pelo
Instituto de Telecomunicações (IT) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (FCTUC) e a Microsoft.
A nova ferramenta mede a velocidade de leitura em tempo
real e está apta a detectar e quantificar «o número de palavras corretas, erros
de pronúncia, hesitações, velocidade de leitura e outros indicadores,
calculando de forma automática um índice global de capacidade de leitura do
aluno», explica Fernando Perdigão, investigador que coordena o projeto, citado
pelo comunicado da Universidade de Coimbra.
A nova ferramenta poderá ser disponibilizada na Internet a
crianças, mas é no apoio aos professores e tutores que poderá fazer a
diferença. Além de ajudar a perceber a capacidade de leitura dos vários alunos,
a nova ferramenta poderá facilitar a detecção de casos mais problemáticos como
os que derivam da dislexia. Os investigadores da Universidade de Coimbra
garantem que a ferramenta está pronta para ser usada em cenário escolar, caso o
Ministério da Educação tenha interesse.
«Para desenvolver este sistema inteligente, os
investigadores recolheram gravações de leitura de cerca de 300 crianças em
escolas primárias da região centro do país. Os textos que foram dados a ler aos
alunos eram compostos por frases e pseudopalavras – palavras que não existem no
léxico, mas que são pronunciáveis e importantes para avaliar se um aluno sabe
realmente aplicar as regras do código alfabético para ler. Numa segunda fase,
as crianças foram avaliadas por mais de 100 professores do Ensino Básico em
todo o país para validar o sistema», informa o comunicado da Universidade de
Coimbra.
O LetsRead foi criado a partir do trabalho que Jorge
Proença, investigador da Universidade de Coimbra, levou a cabo durante uma tese
de Doutoramento. O investigador recebeu, durante a 12.ª edição da conferência
PROPOR – Processamento Computacional da Língua Portuguesa, o “Prémio Camões
2016 para as Tecnologias da Língua Portuguesa” pelo desenvolvimento desta
plataforma que mede a capacidade de leitura.
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