Autoria: Ana Freitas.
Fonte: Nexo.
Data: 17/10/2016.
A biblioteca pública da cidade de Sacramento, na
Califórnia, é composta por um sistema de 28 unidades distribuídas pela cidade.
Normalmente, além do catálogo de livros, CDs revistas e jornais, as bibliotecas
oferecem computadores públicos, Wi-Fi gratuito, e-books e audiobooks para
empréstimo, além de serviços gratuitos de impressão. Até aqui, nada de novo.
Uma das unidades, no entanto, inaugurou em 2015 um
serviço pouco ortodoxo para uma biblioteca. Agora, eles também fazem empréstimo
de coisas – algumas só podem ser usadas dentro da biblioteca, enquanto outras
podem ser levadas para casa. São jogos de tabuleiro, equipamentos tecnológicos,
videogames, ferramentas e máquinas de costura.
Como funciona a ‘coisoteca’
Nos EUA, existem espaços para empréstimo de
ferramentas desde os anos 1970. Hoje, há 40 desses lugares espalhados pelo
país. Há também centros de empréstimo de sementes espalhados pelo país. Mas é a
primeira vez que uma biblioteca tradicional, de livros, agrega empréstimo de
outros objetos.
Os equipamentos disponíveis na biblioteca são
gratuitos para empréstimo e foram financiados por meio de verba de um órgão
federal, o Instituto Norte-americano de Museus e Serviços de Biblioteca, ou
doados pela comunidade. Estes são alguns itens da “coisoteca” de Sacramento:
Para levar para casa: aparelhos de videogame,
máquinas de costura, instrumentos musicais, jogos de tabuleiro, máquinas para
confecção de bottons, impressora de tecidos, laminadora, projetores, câmera
filmadora para esportes, mesa digitalizadora.
Para usar na biblioteca:ferramentas e oficina de
bicicletas, scanner 3D, laboratório de impressão 3D, máquina de costura
profissional.
Para pegar os itens da “coisoteca” emprestados é
preciso ser residente nos EUA, ser maior de 18 anos – exceto no caso dos
videogames – e se cadastrar gratuitamente como membro do sistema público de
bibliotecas da Califórnia. Como no caso de empréstimos tradicionais de livros,
atrasos na devolução geram cobrança de multa.
Um dos objetivos do serviço de empréstimo de itens é
atrair as pessoas de volta ao espaço da biblioteca. A revolução digital, que
democratizou o conhecimento e mudou a lógica de acesso a bens culturais, gerou
um questionamento sobre a função desses espaços no mundo moderno.
“É quando você cria um projeto que chama a atenção
das pessoas que você as lembra de outras coisas que uma biblioteca tem a
oferecer.”
Lori Easterwood
Responsável pela biblioteca de “coisas” de
Sacramento
Entre educadores, bibliotecas não são vistas apenas
por sua função pragmática, a de empréstimo de livros. Elas também atuam como
centros culturais e sociais, além da função educacional. A inclusão de
empréstimo de outros itens que não sejam livros faz parte da dimensão mais
ampla da função de uma biblioteca: reunir a comunidade para promover
conhecimento e debates sobre questões pessoais e locais relevantes.
Como é no Brasil
Não há “coisotecas” públicas no país. Serviços de
empréstimo de coisas, geralmente, funcionam por meio de iniciativa privada – há
uma série de aplicativos para celular com essa função, na qual usuários
oferecem e pedem equipamentos emprestados a outras participantes da rede.
Em São Paulo, no entanto, uma alternativa para
centros culturais que permitem uso gratuito de ferramentas e oferecem oficinas
na área de criação são os FabLabs. Em dezembro de 2015, a prefeitura da cidade
inaugurou o primeiro desses centros. Hoje, há doze deles espalhados pela
cidade.
Os FabLabs disponibilizam, além de cursos, máquinas
e ferramentas para criação, todos associados à chamada “cultura maker”. São
impressoras 3D, cortadoras laser, computadores com software de modelagem e
fresadoras, por exemplo. Os centros também mantêm instrutores que ensinam como
usar os equipamentos.
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