Fonte original: Der Spiegel. Fonte: O Estado de S. Paulo.
Data: 6/11/2011.
Um prédio parece flutuar feito uma nuvem sobre a margem norte do Lago Genebra. Esta é a nova biblioteca do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Lausanne, uma instalação futurista de vidro e concreto. O Centro Rolex de Aprendizado reúne o acervo das bibliotecas de dez departamentos acadêmicos numa única localização central. Aqui, estudar sozinho cercado por prateleiras de aço é coisa do passado. Em vez disso, esta biblioteca do futuro procura ser um mercado de ideias.
Sua diferença em relação às bibliotecas tradicionais fica evidente logo na entrada, que conta com vitrines de vidro exibindo dispositivos eletrônicos fabricados pela Logitech e paredes das quais pendem relógios Rolex gigantescos, uma referência aos fundadores da biblioteca. Um café oferece croissants frescos e jornais em inglês, francês, árabe e chinês. Uma livraria vende livros de Tintin e cartões -postais cafonas. O complexo conta até com um restaurante chique.
Rampas de acesso para deficientes, curvadas como pistas de esqui, cortam o edifício. As janelas se abrem automaticamente quando o ar fica abafado e, então, pardais entram pelos vãos e sobrevoam os coloridos pufes onde os estudantes cochilam e conversam. Casais flertam sob lustres projetados pela Artemide. O mais raro de se ver aqui são os livros. A instalação parece projetada com o objetivo de mostrar aos visitantes que aprender é muito divertido.
"O que criamos aqui se parece com uma Disneylândia do conhecimento", diz David Aymonin, supervisor da construção do Centro. "Nós, bibliotecários, não estamos mais a serviço dos livros, mas dos frequentadores da biblioteca. Muitos estudantes passam boa parte do dia aqui", diz Aymonin.
"Por isso oferecemos a eles muito do que precisam para satisfazer suas necessidades básicas: comida, descanso, compras e, claro, acesso aos livros usados por eles em seus cursos." Na época das provas, a demanda por livros e lanches dobra.
Mas há quem se pergunte se laptops e outros instrumentos da era digital são, de fato, benéficos ao aprendizado dos estudantes. "Quando há um livro sobre a mesa, é mais fácil promover um debate a respeito dele, mas a tela de um laptop é uma barreira visual que separa as pessoas umas das outras", diz Frédéric Kaplan, que pesquisa o futuro da leitura com especialistas em educação e programadores no Centro Rolex. "Queremos substituir o computador pessoal por um 'computador interpessoal'", explica.
Kaplan está diante de um robô capaz de projetar gráficos e textos sobre uma mesa. O sonho dele é criar bancos de dados que possam ser explorados por múltiplos usuários ao mesmo tempo por meio da manipulação das imagens sobre a mesa. "Aprender com os livros é algo que se pode fazer individualmente, mas o desenvolvimento desse aprendizado é algo que só pode ser feito por meio do debate com outros leitores. Aqui estamos pesquisando uma forma de promover debates inteligentes."
Para tanto, a mesa diante dele conta com microfones internos que registram de qual lado da mesa está ocorrendo a conversa. "Quando uma conversa começa a se parecer mais com um monólogo, a mesa intervém, mudando de cor", explica Kaplan, vendo-se obrigado a rir de si mesmo enquanto a mesa diante dele começa a brilhar com um vermelho forte. /
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