Fonte: Portal
G1. Data: 30/11/2012.
URL: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2012/11/reliquias-encontradas-no-lixo-viram-objetos-de-exposicao-no-rj.html
A população da Região Metropolitana
do Rio de Janeiro está ajudando a enriquecer o acervo de museus com relíquias
tão surpreendentes que viraram objetos de exposição na Biblioteca Nacional. O
mais curioso é que não foi uma iniciativa organizada, foi por acaso, como
mostra a reportagem de André Trigueiro e Alex Carvalho.
O garimpo das
relíquias começa aqui. O mais antigo projeto de coleta seletiva do país está
completando 27 anos em um bairro em Niterói. Misturado aos recicláveis, pode se
encontrar verdadeiros tesouros.
Para o local são
levadas 20 toneladas de material reciclável por mês. Vai tudo misturado, mas
parte desses resíduos é separada. Lá nasce a maior coleção de objetos raros do
Brasil a partir do que é jogado fora pelas pessoas.
“Uma obra
completa de Andersen. Isso é importante, mas é em inglês. Eu faço aqui só a
primeira triagem, depois isso tem que ser pesquisado. O livro é pesquisado na
internet ou com especialista”, diz o professor da UFRJ Emílio Engenheer.
De repente,
aparece um antigo álbum de fotografias.
“Pode ter um
interesse antropológico, há registros de tribos indígenas, certamente na
África”, aponta Engenheer.
Apaixonado por
coleta seletiva, o professor Emílio montou uma coleção de cinco mil livros e
mil objetos raros na biblioteca da Universidade Federal Fluminense. Entre as
curiosidades, as primeiras fotonovelas brasileiras.
“Ela é de extrema
importância à universidade pela diversificação e pela qualidade do material”,
afirma o bibliotecário Antonio Carlos Gusmão.
A riqueza do
material chamou a atenção da mais importante biblioteca da América Latina.
A Biblioteca
Nacional do Rio se rendeu às relíquias garimpadas da coleta seletiva em
Niterói. Esta é a primeira vez que um acervo constituído de resíduos inspira
uma exposição no local.
Entre as peças
mais valiosas aparecem os primeiros selos postais do Brasil, da série olho de
boi, e uma coleção de moedas antigas. Uma pequenininha é do século XIV. Cartões
de visita que mostravam o rosto dos donos. Fotos e medalhas. Um dos livros é de
1578. Outro, ensina receitas culinárias do século XIX.
“O lixo já é
muito rico hoje em dia. Imagina você achar um lixo de 200 anos, 100 anos é mais
rico ainda, então a história não pode ser perdida”, ressaltou um homem.
“Nos faz
refletir. Eu vou repensar agora antes de jogar qualquer coisa fora”, diz uma
mulher.
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