Fonte: Boa
Informação. Data: 19/11/2013.
URL:
www.boainformacao.com.br/2013/11/biblioteca-rural-na-amazonia-empresta-mil-livros-no-primeiro-mes-2/
Autoria:
Gabriela Romeu.
Márcio
Roberto Sousa Pereira, 31, é professor da escola da comunidade Tracajatuba, em
Macapá (AP), onde ajudou a erguer a sede da biblioteca Vaga Lume. O educador
conta que cada morador colaborou como podia na construção – com uma telha,
alguns tijolos ou a própria força de trabalho.
As
histórias dos livros também vão à casa dos moradores. Os mediadores de leitura
escolhem um local, espalham em esteiras o acervo literário e leem para criança,
adulto e idoso. Nesses encontros, netos leem para seus avós.
“Os
livros são uma janela para o mundo”, diz o mediador da Vaga Lume, associação
criada pela finalista do Prêmio Empreendedor Social 2013 Sylvia Guimarães que,
por meio da leitura, da escrita e da oralidade, faz intercâmbios culturais e
apoia a auto-gestão de bibliotecas comunitárias, que promovem o protagonismo de
comunidades rurais da Amazônia.
“Quando o projeto veio para a comunidade, por
volta de 2009, nosso déficit de leitura era grande. E a quantidade de livros na
escola era pequena. O acervo que veio da Vaga Lume, na primeira vez, já chamava
a atenção. As crianças gostaram demais e vieram para a biblioteca.
No
começo, a biblioteca funcionava na escola. Depois, foi para a casa de uma
moradora, da Jucirana, mas [o local] era aberto, não tinha telhado, e, na época
da chuva, não dava para fazer as mediações de leitura. Fomos para a sede
comunitária, que era usada para reuniões e não era adequada também.
Em
2011, conseguimos R$ 500 para fazer uma biblioteca na comunidade. Só que o
dinheiro não era suficiente. Então, convidamos todo mundo para construir a
biblioteca. Várias pessoas colaboraram: tinha gente que doava pedra para fazer
a fundação; outros, areia e tinta. Teve até gente que doou duas telhas.
Quando
a gente estava construindo, as pessoas passavam e perguntavam: ‘O que é isso?
Quem está pagando?’. Eu explicava que é a biblioteca da comunidade e que todo
mundo estava contribuindo, podia ser até com uma pedrinha. Teve quem pregasse
duas ou três tábuas.
No
primeiro mês que abrimos, tivemos mil empréstimos de livros. À tarde, por volta
das 16h, fica uma sombra imensa aqui na porta. A gente estica as esteiras,
espalha os livros e as crianças vêm ler.
A gente
também leva os livros para outras comunidades, faz mediações de leitura. A
maior parte dos idosos é analfabeta, e as crianças leem para eles.
O mais
bonito é ver as pessoas chorando. A gente chora junto. Eles mandam todo dia o
filho para a escola. Mas, quando o filho chega em casa e está lendo um livro
assim, é difícil segurar, é muito emocionante.
Os
livros são uma janela para o mundo. Aqui eles enxergam o mundo.”
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