19 de jun. de 2015

Biblioteca faz diferença no aprendizado infantil

Fonte: Bem Paraná. Data: 15/06/2015.

URL: www.bemparana.com.br/noticia/391165/biblioteca-faz-diferenca-no-aprendizado-infantil

Uma pesquisa divulgada na semana passada pelo Instituto Brasil Leitor indica que o acesso a uma biblioteca contribui significativamente para a aprendizagem infantil. O estudo mostra que o acesso aos livros e brinquedos em um espaço organizado e supervisionado faz com que mais de 80% das crianças atinjam o nível máximo de aprendizado.
Os dados foram levantados a partir do acompanhamento de crianças entre 2 e 6 anos em um centro de educação infantil e uma escola municipal de educação infantil na cidade de São Paulo. Foram observados 32 itens, distribuídos em seis categorias: iniciativa, relações sociais, representação criativa, música e movimento, linguagem e comunicação e matemática e ciência. O desenvolvimento é medido em níveis que vão de 1 a 5.
Segundo a pesquisa, de modo global, o percentual de crianças no nível 5 de aprendizagem no centro de educação infantil passou de 42% antes da biblioteca para 92%, após o contato dos estudantes com o espaço. Na escola municipal de educação infantil, apenas 5% dos alunos atingiam o nível máximo, antes da biblioteca. Após a implantação do projeto, o percentual chegou a 83%.
No quesito representação criativa, 49% das crianças do centro de educação infantil estavam no nível má criação do espaço, índice que subiu para 70% na etapa final.
O resultado foi ainda mais expressivo na avaliação do item de música e movimento. Antes da biblioteca, nenhum aluno da escola municipal de educação infantil chegava ao nível máximo nesse quesito. Com a chegada da biblioteca, o percentual atingiu 93%. No centro, o índice saiu de 26% para 92%.
A coordenadora da pesquisa, Roseli Monaco, explica que, além da estruturação adequada do espaço, é fundamental para o sucesso dos projetos a formação oferecida aos professores e famílias. “Em uma instituição de educação infantil, não adianta colocar só o material. O educador tem que planejar e observar a criança brincando.”
Outra estratégia importante, de acordo com Roseli, é associação entre os livros e os brinquedos, repassada aos professores no trabalho de capacitação. “Para todo livro tem um brinquedo ou uma brincadeira associada. A criança, na educação infantil, só aprende brincando. O livro é um objeto lúdico.”
Para ela, com todos esses elementos, a criança tem mais condições de desenvolver todo seu potencial. “Quando se oferece o material, o livro, o brinquedo, a formação e se envolve a família, o nível de aprendizagem da criança evolui”, enfatiza.
NO PR, 58% DAS ESCOLAS TÊM O ESPAÇO
O Brasil precisa construir mais de 64,3 mil bibliotecas em escolas públicas até 2020 para cumprir a meta de universalizar esses espaços, prevista na Lei 12.244. A legislação, sancionada em 24 de maio de 2010, obriga todos os gestores a providenciarem um acervo de, no mínimo, um livro para cada aluno matriculado, tanto na rede pública quanto privada. A cinco anos do fim do prazo, 53% das 120,5 mil escolas públicas do país não têm biblioteca ou sala de leitura. No Paraná,, 58% (5.420) escolas públicas e particulares têm biblioteca. O levantamento foi feito pelo portal Qedu, da Fundação Lemann, a pedido da Agência Brasil, com base em dados do Censo Escolar 2014 – levantamento anual feito em todas as escolas do país. Esses são os últimos números disponíveis e trazem informações tanto de instituições de ensino fundamental quanto de ensino médio.
Os dados mostram grande disparidade regional na oferta de bibliotecas escolares. Enquanto na Região Sul 77,6% das escolas públicas têm biblioteca, na Norte apenas 26,7% das escolas têm o equipamento e na Nordeste, 30,4%. No Sudeste, esse índice é 71,1% e no Centro-Oeste, 63,6%.
O Maranhão é o estado com menor índice de bibliotecas escolares – apenas 15,1% das escolas tem o equipamento – seguido pelo Acre (20,4%) e pelo Amazonas (20,6%). Na outra ponta do ranking, estão o Distrito Federal (90,9%), o Rio Grande do Sul (83,7%) e o Rio de Janeiro (79,4%).

O coordenador de projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins Faria, explicou que, na edição de 2014, o Ministério da Educação (MEC), responsável pelo Censo Escolar, juntou os dados de sala de leitura e bibliotecas, ao passo que, em anos anteriores, esses números eram descritos de forma separada. Por esse motivo, não é possível comparar a evolução dos dados com anos anteriores.

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