Fonte: Ministério da Cultura.
Data: 30/06/2015.
Foi realizada, na
segunda-feira (29/6), audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos
Deputados para tratar do projeto de lei 1.321/2011, que cria o Fundo Nacional
Pró-Leitura (FNPL), que visa apoiar a produção, edição, distribuição e
comercialização de livros. O objetivo do encontro foi reunir contribuições de
diferentes atores da cadeia do livro. Por parte do Ministério da Cultura
(MinC), estiveram presentes a diretora substituta da Diretoria de Livro,
Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB), Suzete Nunes, e o
secretário-executivo do Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL), José
Castilho Marques Neto.
A proposta original, do
ex-senador José Sarney, estipula que o fundo terá natureza contábil e prazo
indeterminado de duração e, entre suas fontes de recurso, estão o Tesouro
Nacional, subvenções, doações e auxílios de entidades, incluindo a de
organizações internacionais.
A ideia do FNPL foi bem
recebida pelos representantes do MinC, que demonstraram apoio para auxiliar na
qualificação do debate e no aprimoramento da projeto. Mais do que promover o
aquecimento do mercado editorial nacional, o ponto consensual destacado pelos
participantes foi a importância de se formar leitores como ação estruturante no
desenvolvimento do país.
"Apesar do esforço
na universalização do ensino em todos os níveis nos últimos 15 anos, nós
mantivemos a taxa de 25% dos brasileiros como leitores plenos. Essa relação é
fundamental para que a gente possa entender: se não superarmos a questão
estratégica de formar leitores, não teremos uma estratégia de desenvolvimento
sustentável", destacou José Castilho Marques Neto. "Formar leitores,
muito mais do que o conjunto de esforços e medidas que já foram feitos, é nosso
dever enquanto cidadãos e gestores", completou o secretário-executivo do
PNLL.
Na mesma linha, o
deputado Rafael Motta (PROS-RN), relator do PL 1.321/2011 na comissão, defendeu
que a educação é a única forma de transformar a realidade do um país.
"Para que a gente possa avançar nesta temática, é preciso transformar o
Fundo Nacional Pró-Leitura em realidade", afirmou.
Durante sua exposição,
a diretora substituta da DLLLB, Suzete Nunes, apontou que o MinC tem todo
interesse em retomar o debate de um fundo setorial e destacou, ainda, a
possibilidade de articulação desta com outra proposta que tramita no Congresso.
Ela fez referência ao projeto do ProCultura, que reforma a Lei Rouanet e, entre
outras mudanças, destinará mais recursos para o Fundo Nacional de Cultura, que
contempla fundos setoriais, como o do Livro e Leitura.
"É preciso
recursos de maneira permanente, que não fiquem reféns dos orçamentos, que ora
aumentam e diminuem. Com um fundo para o livro e leitura, será possível aplicar
da melhor forma, de maneira descentralizada e equilibrada entre as regiões do
país", salientou Suzete.
Mercado livreiro
Outro dado apresentado
na audiência é que, apesar da queda do preço dos livros, as vendas estão
estagnadas, segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros
(SNEL), Marcos da Veiga Pereira. De acordo com Pereira, de 2004 a 2014, o preço
do livro caiu cerca de 40%, desde que foram aprovadas as desonerações de
impostos como PIS/Cofins da cadeia produtiva dos livros e do segmento, em 2004.
Pereira enfatizou,
ainda que, conforme identificado pela pesquisa "Retratos da Leitura no
Brasil", elaborada pelo Instituto Pró-Livro, em 2011, a principal razão do
brasileiro não ler "é a falta de tempo", enquanto apenas 5% dos
entrevistados apontaram o alto preço como motivo para não ler. Ainda assim, a
questão do preço dos livros é ainda polêmica e será tema de debates por
especialistas, interessados e deputados em audiências públicas nesta
terça-feira (30/6), na Câmara dos Deputados. O ministro da Cultura, Juca
Ferreira, estará presente.
Propostas de mudanças
Para a presidente do
Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), Cláudia Santa Rosa, a versão do
projeto que veio do Senado necessita de ajustes e mudanças ao longo de todo o
texto. Com a ajuda dos integrantes do Colegiado Setorial de Livro, Leitura e
Literatura, ela reuniu uma série de sugestões, que foram entregues ao relator.
Entre os pontos apresentados estava a falta de definição clara da distribuição
de porcentagem sobre quem seriam os responsáveis por alimentar o fundo. Outra
questão levantada foi a necessidade de separar as regras e políticas de incentivo
específicas para ampliação de bibliotecas e para as livrarias.
"Sentimos falta de
ressaltar a importância das cadeias mediadoras. Está muito bem completa a parte
da cadeia produtiva, mas os agentes que promovem o livro poderiam estar mais
ressaltados e isso tentamos colocar nas propostas", explicou Cláudia, se
referindo aos professores, bibliotecários e agentes de leitura.
A previsão do deputado
Rafael Motta é entregar dentro de um mês o relatório do projeto para análise e
votação dos integrantes da Comissão de Educação, antes de ser apreciada em
plenário. O Projeto de Lei já tramitou no Senado e, se houver modificações,
deverá ser analisado novamente pelos senadores.
Também participaram da
audiência a coordenadora-geral de Materiais Didáticos do Ministério da Educação
(MEC), Júnia Sales Pereira, o presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL),
Luís Antonio Torelli, e o representante do Movimento por Brasil Literário,
Volnei Canônica.
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