Autoria: Leonardo Neto.
Fonte: PublishNews. Data: 21/12/2015.
URL: www.blogdogaleno.com.br/2015/12/23/muitas-editoras-mudaram-de-maos-em-2015
É
chover no molhado dizer que 2015 foi um ano difícil para quem trabalha com
livros, mas foi também um ano cheio de movimentações importantes no mercado
editorial brasileiro. O ano começou com uma boa notícia para a Companhia das
Letras, que, em janeiro, atravessou o Atlântico e aportou em Portugal, tornando-se
lá na Terrinha um selo da Penguin Random House. Foi a Companhia, aliás, que
encabeçou um movimento forte de consolidação do mercado brasileiro em 2015. Em
abril, foi concluída a integração com a Objetiva e foi formado o Grupo
Companhia das Letras, com 19 selos e a promessa de lançar 45 por mês. Na tarde
da última terça-feira (21), a empresa comandada por Luiz Schwarcz anunciou que
perpetuará alguns títulos deixados pela Cosac Naify. Antes disso, em fevereiro,
a família Civita até então controladora da Abril Educação, vendeu a empresa ao
grupo de investimentos Thunnus Participações, sociedade controlada por fundos
sob gestão da Tarpon Gestora de Recursos. Essa investida engatilhou uma série
de ações que culminaria, em junho, com a compra dos ativos editoriais da
Saraiva pela Abril Educação, que passou a se chamar Somos Educação. Outro grupo
que se fortaleceu com esse movimento de consolidação do mercado editorial
brasileiro foi o GEN, que comprou parte do catálogo nos segmentos de concursos,
idiomas e jurídicos que faziam parte da Elsevier. Foi em agosto que a
HarperCollins, associada ao Grupo Ediouro, fincou os dois pés no País e criou
aqui a HarperCollins Brasil, somando o catálogo comercial da Ediouro, os
títulos da Harlequin e da Thomas Nelson Brasil, além da possibilidade de
publicar por aqui os títulos globais da editora.
Nenhuma
dessas notícias, no entanto, ganhou tanta repercussão quanto o anúncio do fim
da Cosac Naify feito por Charles Cosac, um dos sócios da empresa, em dezembro.
Aliás, 2015, foi pautado muito pelas palavras “fim” e “cancelamento”. Um dos
cancelamentos mais sentidos e lamentados foi o da Jornada Nacional de
Literatura de Passo Fundo em maio. Logo depois, ainda no calor da suspensão da
Jornada, apareceram os primeiros sinais do cancelamento do prêmio Portugal
Telecom. De fato, ele foi descontinuado em 2015, mas sua curadora Selma
Caetano, em parceria com o Itaú Cultural, reanimou o prêmio, que voltou com
novo nome. O fim da tradicional Livraria Leonardo Da Vinci também causou comoção
em 2015.
As
compras governamentais, que em 2014 já tinham encolhido, andaram na corda bamba
durante todo o ano de 2015. Rumores do cancelamento do Programa Nacional
Biblioteca na Escola (PNBE) fizeram as entidades do livro assinarem um
manifesto durante a Flip. Não foi suficiente. O PNBE, que em 2014 comprou
19.394.015 exemplares, totalizando investimento de R$ 92.362.863,86, realmente
naufragou nesse ano de 2015, deixando na mão muitos editores que contavam com
esse reforço no seu faturamento. A suspensão do PNBE não foi a única baixa
governamental do ano. Em junho, o governo paulista anunciou que o seu programa
Leituras na Escola estava suspenso em nome da crise financeira e ajustes nas
contas do governo. Em agosto, no entanto, o governo federal anunciou a compra
de 9,9 milhões de exemplares para o PNLD 2016 Campo, um volume recorde dentro
do programa destinado à escolas rurais espalhadas pelo Brasil. A notícia que
parecia boa logo se tornou um pesadelo para editores que tinham negociado a
venda com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). É que os
atrasos nos pagamentos deixaram muitas editoras de cabelo em pé. De acordo com
a Associação Brasileira dos Editores de Livros Escolares (Abrelivros), o atraso
chegou a R$ 468 milhões em novembro. “Estamos muito preocupados, todo o fôlego
que a indústria tinha acabou. A pressão em cima do setor é inimaginável”,
declarou Mario Ghio, vice-presidente da entidade na época.
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