Autoria: Renata Nogueira.
Fonte: UOL. Data: 2/08/2016.
O coração de São
Paulo abriga a biblioteca mais antiga da cidade, que também é uma das mais
antigas do país. Com 418 anos de história, a coleção de livros do Mosteiro de
São Bento é conservada em amplas salas no segundo andar do histórico
prédio localizado a poucos metros do local onde a metrópole nasceu.
Os títulos da
biblioteca do Mosteiro de São Bento estão disponíveis para consulta dos
próprios monges, que têm a leitura como um de seus hábitos diários, e para os
alunos da Faculdade de São Bento. O acesso ao ambiente da biblioteca, no
entanto, é de claustro e restrito aos 40 monges beneditinos que lá vivem.
A reportagem do UOL
teve a oportunidade de conhecer o local na companhia do monge bibliotecário,
Dom João Baptista. O alagoano de 34 anos vive no mosteiro há oito e
abriu as portas do claustro para dividir um pouco da história dos 115 mil
livros que lá chegaram desde 1598 junto com os primeiros monges.
Os exemplares mais
antigos - como uma bíblia de Gutenberg do século 15 - foram trazidos da
Europa pelos monges vindos do Velho Mundo ou sob encomenda. Já os mais
recentes datam deste ano e atendem à demanda dos cerca de 200 alunos dos cursos
de Filosofia e Teologia oferecidos pela Faculdade de São Bento.
Se engana, porém,
quem pensa que apenas títulos de filosofia e teologia fazem parte do acervo.
Obras de literatura, como "O Pequeno Príncipe", e ficção, como o
polêmico "O Código Da Vinci", de Dan Brown, fazem companhia
aos muitos títulos religiosos. "Temos que nos adaptar e adquirir essas
obras. A gente tem que acompanhar sempre, não estagnar", explica Dom João.
O menino louro
criado por Saint-Exupéry em 1943 ganhou até uma exposição, "O Pequeno
Príncipe Descobre o Mosteiro", em cartaz até o dia 6 de agosto. Segundo
Dom João, que também exerce o cargo de produtor cultural do mosteiro, esta é
uma forma de aproximar a população da biblioteca exclusiva dos
monges. "Eu uso as obras da biblioteca em 80% das exposições",
explica o monge bibliotecário.
Livros mais
populares, como autoajuda ou biografias de artistas, só não entram no acervo
por falta de espaço físico. A biblioteca, antes restrita a um clássico salão
repleto de estantes de madeira escura e um mezanino, hoje também ocupa um amplo
espaço que antes servia como dormitório dos monges.
Os alunos da
faculdade têm à disposição uma antessala com mesas e computadores, onde podem
consultar as obras trazidas pelos poucos funcionários da biblioteca. O
ambiente onde os livros ficam armazenados tem acesso restrito aos
bibliotecários e aos monges que leem diariamente seguindo o capítulo 48 da
Regra de São Bento. "A conservação dessa maneira acabou salvando nossa
cultura", defende o monge. (...)
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