Autor: Gustavo Brigatto.
Fonte: Valor Econômico. Data: 14/12/2011.
Depois de anos de especulações, a varejista virtual americana Amazon chegou ao Brasil. O desembarque da companhia não acontece, no entanto, com o lançamento de uma loja on-line, sua atividade mais conhecida.
O trabalho da empresa no país começará com a venda de serviços para empresas no modelo de computação em nuvem - no qual softwares e equipamentos são acessados pela internet, sem a necessidade de uma grande infraestrutura de tecnologia da informação (TI). Entre as ofertas estão a venda de capacidade de processamento e armazenagem de dados, e de sistemas completos.
Mas os investimentos da companhia no país não param aí. Especialistas acreditam que a Amazon trará para o Brasil até meados do ano que vem a loja de livros eletrônicos e o leitor Kindle. Ainda não há previsão para lançamento da versão nacional da Amazon.com.
A venda de serviços para empresas será feita pela Amazon Web Services (AWS), subsidiária da companhia que há cinco anos atua nesse mercado. As empresas locais já podiam contratar a AWS pela internet, ou por meio de revendas como Ci&T e Dedalus, mas o sistema apresentava problemas de velocidade e de atendimento. Com a presença local, esse cenário tende a mudar, diz Andy Jassy, vice-presidente sênior da companhia, em entrevista ao Valor.
Estreia no mercado será por meio da subsidiária AWS, que terá centros de dados no Brasil e vai atender a América Latina
De acordo com Jassy, a operação da AWS começa hoje com um escritório na cidade de São Paulo e centros de dados instalados em vários pontos do Estado. A operação brasileira, que está sob a gerência de Nilo Martins, ex-executivo do Google, será responsável por atender também os países da América do Sul. "Já temos mais de mil clientes na região e temos certeza de que ela será uma de nossas principais fontes de receita", diz o executivo. Entre as marcas atendidas, ele cita a Gol e o site Peixe Urbano.
De acordo com Jassy, a operação da AWS começa hoje com um escritório na cidade de São Paulo e centros de dados instalados em vários pontos do Estado. A operação brasileira, que está sob a gerência de Nilo Martins, ex-executivo do Google, será responsável por atender também os países da América do Sul. "Já temos mais de mil clientes na região e temos certeza de que ela será uma de nossas principais fontes de receita", diz o executivo. Entre as marcas atendidas, ele cita a Gol e o site Peixe Urbano.
Com os centros de dados instalados no Brasil, Jassy afirma que a velocidade de acesso às informações será 70% maior em relação à infraestrutura da AWS nos Estados Unidos, ou na Europa.
Sobre parcerias, o executivo afirma que com um escritório na região a Amazon poderá atender de forma rápida e individualizada as revendas.
A chegada da AWS acirra ainda mais a disputa por um mercado que ficou muito aquecido no Brasil desde o ano passado. "Eles vão mexer com o mercado por conta dos preços baixos e por trazerem serviços novos, que não são ofertados pelos fornecedores locais", diz Fernando Belfort, analista da companhia de pesquisa de mercado Frost & Sullivan. A estimativa da Frost é de que o mercado brasileiro de serviços de centros de dados tenha um crescimento de 13% em 2011, chegando a um faturamento de US$ 1,4 bilhão. Até 2016, a expectativa é de que o valor chegará a US$ 2,2 bilhões.
Criada em 2006, a AWS funciona como uma empresa separada da Amazon. Jassy, que foi o responsável por escrever o plano de negócios do serviço, a partir de 2003, conta que o objetivo era transformar em produto o conhecimento que a companhia desenvolveu durante uma década para fazer seus próprios sistemas funcionarem.
Segundo ele, a expectativa inicial era que as mais interessadas pelo serviço fossem empresas iniciantes, principalmente da área de TI. Com o passar do tempo, entretanto, outras companhias foram se interessando e o negócio ganhou um porte não imaginado anteriormente. "Achávamos que levaria o dobro do tempo para chegar onde estamos hoje", diz.
Com centros de dados em 80 locais do mundo e atendimento a 190 países, a AWS não revela seu faturamento, nem o número de funcionários. Seu resultado está descrito na linha 'Outros' do balanço da Amazon, que inclui receitas não relacionadas ao varejo. Além dos serviços na nuvem, a categoria inclui receitas com atividades promocionais e de marketing, receitas vindas de outros sites e de cartões de crédito emitidos com o logo da Amazon. Tudo isso representou 3% da receita total de US$ 953 milhões da empresa em 2010.
De acordo com Jassy, nos próximos anos os serviços na nuvem podem virar a maior fonte de receita da Amazon. "Se você olhar dez, ou 20 anos no futuro, a ideia de ter infraestrutura de TI dentro das empresas vai parecer totalmente arcaica. As companhias querem deixar esse custo e se preocupar com os seus negócios".
A AWS terá que enfrentar pelo caminho a concorrência de empresas do setor de centro de dados, como as brasileiras UOL Host, Locaweb e Tivit, além de outros gigantes do mundo da TI, como IBM, Microsoft e Hewlett-Packard (HP), que têm investido pesado na computação em nuvem. Na avaliação de Jassy, as companhias de TI terão mais dificuldade para competir. Segundo o executivo, elas estão acostumadas a atuar em segmentos com altas margens de resultado. O mundo da computação em nuvem, no entanto, é semelhante ao varejo, que tem alto volume de vendas e baixas margens.
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